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Sem ilusões, o encontro de Putin e Biden parece promissor

Antes da conferência dos G7, Biden deixou claro que a contenção da China e as sanções à Rússia estariam presentes em todos os percursos da sua viagem no continente europeu, até à cimeira com Putin.

Conversações EUA-Rússia Villa La Grange, Genebra, Suiça, a 16 de Junho de 2021. As delegações foram encabeçadas pelos respectivos presidentes da República, Joseph Biden e Vladimir Putin
Conversações EUA-Rússia Villa La Grange, Genebra, Suiça, a 16 de Junho de 2021. As delegações foram encabeçadas pelos respectivos presidentes da República, Joseph Biden e Vladimir PutinCréditosMichael Metzel / Sputnik

A cobertura noticiosa e o distorcer da realidade por comentadores sobre este acontecimento está a ser um case study sobre a manipulação da opinião pública.

Nas conferências de imprensa feitas em separado no final do encontro, o que foi sublinhado foram:

- o regresso dos embaixadores de ambos os países às suas funções;

- o lançar um Diálogo de Estabilidade Estratégica bilateral para estabelecer as bases para conversações de controlo de armas e evitar a guerra nuclear;

- o lançar as bases para o futuro controlo de armas através de consultas de estabilidade estratégica;

- o reafirmar do princípio de que «uma guerra nuclear não pode ser vencida e nunca deve ser travada»;

- o iniciar o diálogo sobre questões da cibernética, tendo em conta a sucessão de ciberataques de que ambos se queixam, criando um grupo de trabalho para o efeito.

- o considerar a questão da eventual troca de presos entre ambos os países;

Vladimir Putin disse que a cimeira com Joe Biden foi «construtiva» e «sem animosidades». E concluiu afirmando que em muitas questões as nossas avaliações divergem, mas as duas partes «mostraram o desejo de se entender e de procurar formas de reconciliar posições», rematou. Mas também disse «Não temos que nos olhar nos olhos e prometer amor eterno. Esta é uma relação baseada no pragmatismo». E elogiou o Biden com quem falou.

O que foi dito antes com a UE, no G7 e na NATO

Antes da conferência dos G7, Biden deixou claro que a contenção da China e o prosseguir de sanções à Rússia e a outros países estariam presentes em todos os percursos da sua viagem no continente europeu até à cimeira com Putin.

«Se neste ano difícil a humanidade tirou grandes ensinamentos, um deles é que é necessária mais cooperação, e não menos, e é por isso que os líderes do G7 não deveriam aceitar as estratégias políticas divisionistas»

Biden afirmou a sua concordância com o multilateralismo desde que os EUA liderassem o conjunto dos países que considera «democráticos» contra os «regimes autocráticos da Rússia e da China». Tal atitude é maniqueísta e discriminatória.

Se neste ano difícil a humanidade tirou grandes ensinamentos, um deles é que é necessária mais cooperação, e não menos, e é por isso que os líderes do G7 não deveriam aceitar as estratégias políticas divisionistas.

Biden, desde o início do mandato pressionou vários países para acabarem com o Nord Stream 2, para a Europa comprar gás norte-americano.

Os representantes dos Estados-membros acordaram em focar-se nas questões das alterações climáticas, da contenção da ascensão militar da China, e, entre outras, de uma nova política de segurança cibernética.

As declarações finais da Cimeira do G7 deixaram muito a desejar face às expectativas criadas em declarações prévias pelos respectivos governantes ou por comentadores especialistas em nos manter alguma tensão.

As maiores críticas ao G7 têm a ver com os países do grupo serem culpados por grandes problemas existentes em vários pontos do mundo. Outra crítica envolve a evolução registada na sua composição.

Ao não incluir a China, a segunda maior economia do mundo, o G7 deixou de representar o poder económico, como no momento da sua criação. A falta de representantes do hemisfério Sul desperta vozes críticas, que entendem que o G7 na verdade só quer manter o seu poder e influência sobre o mundo. O afastamento da Rússia, depois da Praça Maidan, em 2014, na Ucrânia, e do golpe fascista que provocou a perseguição e sevícias contra populações de origem russa, levou à declaração da independência da Crimeia, e depois de Lugansk e Donetsk e respectivo pedido de integração na Rússia, aceite pela Duma russa no que respeita à Crimeia. Entretanto, a Duma convidou representantes das outras duas regiões a defender os seus direitos, sem ignorar o sinal que as respectivas populações tinham dado ao se defenderem dos golpistas.

A China manifestou forte insatisfação e opôs-se firmemente às acusações feitas contra o país no comunicado conjunto do G7, reafirmando a determinação inquebrantável do país em proteger a sua soberania, segurança e interesses de desenvolvimento.

Não colheram no G7 as pressões norte-americanas para o cancelamento do Nord Stream 2, porque a Alemanha e a França se recusaram a entrar numa frente contra Pequim e Moscovo.

Não se fala assim com a China e com a Rússia

A China, muito antes dos EUA e esta Europa existirem, desenvolveu uma grande civilização que durante muitos séculos condicionou positivamente outras, como também foi humilhada por uma miséria propositadamente induzida por algumas potências ocidentais, com destaque para o Reino Unido.

A sua reemergência na cena mundial não deve se encarada como uma tentativa de dominar o mundo em termos económicos e tecnológicos, em termos militares, como insinuam os norte-americanos, que a chegam a considerar como «a maior ameaça à democracia no mundo desde a Segunda Guerra mundial»...

A Rússia (então na URSS) criou condições para a libertação da Europa dos nazis. Libertou parte da Europa e do seu território invadido. Os actuais habitantes da Rússia, e de outros países europeus, independentemente das suas opiniões políticas, transportam consigo um compromisso de honra para com os mais de 20 milhões que morreram no combate aos nazis. É um pacto de sangue também. A URSS garantiu, com os EUA e os seus «aliados», uma coexistência pacífica que beneficiou a circulação de ideias científicas e culturais, a conquista do espaço, um comércio global, o estabelecimento de importantes tratados em diferentes domínios, mesmo nos mais sensíveis como no caso do armamento nuclear.

Mas há sempre um Josep Borrell ressabiado pronto a fazer dramáticos avisos à navegação (ver Público da passada quinta-feira).

Vacinas

A Organização Mundial de Saúde (OMS) fez saber, nas vésperas deste G7, que faltam 11 mil milhões de vacinas para cobrir as necessidades mundiais. A cimeira do G7 não assumiu esse compromisso. As declarações anteriores às deliberações finais foram confusas.

Na cimeira que terminou sábado passado, os líderes do G7 prometeram entregar milhões de doses adicionais de vacinas anti-Covid-19 ao longo do próximo ano. Este valor inclui os donativos anunciados desde Fevereiro. Os Estados Unidos anunciaram nos últimos dias a doação de 500 milhões de doses da vacina Pfizer a 92 países desfavorecidos, 200 milhões das quais até ao final do ano, e o Reino Unido 100 milhões de vacinas excedentárias, das quais 30 milhões até ao final de 2021. Mas esta disponibilidade está longe de corresponder às necessidades.

O G7 declarou claramente apoiar a suspensão de patentes das vacinas.

Já quanto ao futuro, Boris Johnson declarou que as «principais democracias do mundo se comprometerão a evitar que uma pandemia global volte a acontecer, garantindo que a devastação causada pelo Covid-19 nunca se repita, mas com Biden a garantir que novas pandemias virão.

Assim, adoptaram mesmo o relatório de Melinda Gates «Parceria de Preparação para Pandemias» (Pandemic Preparedness Partnership, PPP). O relatório, intitulado «Missão 100 dias para Responder a Futuras Ameaças Pandémicas», contém recomendações para a redução do tempo necessário para desenvolver e licenciar vacinas, tratamentos e diagnósticos, para qualquer doença futura, para menos de 100 dias, um compromisso para reforçar as redes de vigilância mundial e a capacidade de sequenciação genómica e apoio para a reforma e fortalecimento da OMS.

Alterações climáticas

Pequim há muito deixou claro que está pronta para cooperar com outros países, incluindo os EUA, sobre o combate mesmo quando as relações entre ambos estão em baixa.

Se o G7 projectou a conferência COP26 em Glasgow de Novembro, em particular as discussões sobre a eliminação gradual do carvão, a coordenação de impostos sobre a fronteira do carbono, o desenvolvimento de finanças verdes, e a ajuda aos países do Sul para implementarem tecnologia verde, deveria preocupar-se em incluir a China e a Rússia nessas discussões que, dessa forma, seriam mais produtivas. Não foi essa a opção «ocidental» e esta é tanto mais incompreensível quanto a China é quem desde a COP25 de Paris mais tem feito pela redução de gases com efeito de estufa e adopção de tecnologias verdes em larga escala.

Quanto às alterações climáticas, este clube dos países mais ricos comprometeu-se a lutar contra elas, voltando a assumir o compromisso de reduzir as emissões de CO2 para metade até 2030.

Cibersegurança

São mesmo fontes norte-americanas que referem que os EUA são o país de onde saem mais ataques cibernéticos, disse Putin.

Antes destas reuniões concluírem sobre estas questões, Putin adiantou-se, dizendo que a Rússia estava de acordo em negociar um acordo sobre cibersegurança que defenda mais cada um dos países envolvidos.

Taxas sobre lucros das multinacionais nas vendas em cada país

Depois de, entre vários países da União Europeia, muitas vozes se terem levantado contra as reduzidas taxas pagas a muitos deles sobre os lucros das vendas feitas nos seus territórios por grandes empresas e grupos económicos multinacionais, Joe Biden trouxe de Washington a proposta destas pagarem uma taxa mínima de 15% sobre o lucro dessas vendas, adoptando a solução já em discussão na OCDE. Putin já pediu ao seu governo para estudar esta questão mantendo os interesses do país.

Parece-me que, com uma preocupação justa, a fixação de taxas únicas ia constituir nova perda de soberania de cada país em matéria fiscal. Cada país deveria continuar a praticar uma competitividade fiscal por si decidida, de acordo com a sua situação concreta.

EUA avançam alternativa à Iniciativa do Cinturão e Rota, da China

Yukio Hatoyama, ex-Primeiro-Ministro do Japão, país do G7, quando, no dia 17 de Maio, num outro fórum, afirmou que o confronto China-EUA não desacelerou apenas a recuperação económica mundial em plena pandemia, como também destruiu o ambiente de segurança regional, sugerindo que a economia mundial e a estabilidade serão tremendamente beneficiadas com a cooperação China-EUA e numa concorrência salutar entre ambos.

Mas Biden propôs a iniciativa Build Back Better World (B3W) em que o G7 garantiria 40 mil milhões de dólares em infraestruturas até 2035. Seria um projecto alternativo à Nova Rota da Seda, mas… «pautado pelos nossos valores, os nossos padrões e a nossa maneira de agir». De facto, esta iniciativa está num estágio muito atrasado de concepção e de acordo quanto à partilha de investimentos pelo G7.

No caso da Nova Rota da Seda, já estão em marcha mais de 2600 projectos com um custo de 3,7 mil milhões.

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