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Protestos no Equador contra as medidas neoliberais do governo

O «não» ao pacote económico e à corrupção, e a exigência de saúde e educação para o povo marcaram os protestos em Quito, onde trabalhadores e estudantes acusaram Moreno de estar a implementar as medidas do FMI.

Centenas de trabalhadores e estudantes manifestaram-se em Quito contra a política neoliberal de Lenín Moreno, que favorece a banca e os grupos privados em detrimento das camadas populares
Créditos / Portal Diverso

A Federação de Estudantes Universitários do Equador (FEUE) já tinha anunciado há alguns dias a adesão à jornada de luta convocada para esta segunda-feira pela Frente Unitária dos Trabalhadores (FUT), deixando claro que o presidente do país sul-americano, Lenín Moreno, e o ministro das Finanças do seu governo, Richard Martínez, mantêm a intenção de reduzir as verbas destinadas ao Ensino Superior, violando desse modo a Constituição Política do Equador.

Assim, muitos docentes e estudantes universitários integraram a marcha de ontem na capital, que partiu do Instituto Equatoriano de Segurança Social com destino à Praça de Santo Domingo, num Centro Histórico repleto de vedações, ruas cortadas pela Polícia e grupos do Corpo de Intervenção.

«Não é possível que o presidente Lenín Moreno e o seu ministro Richard Martínez prefiram pagar a dívida externa a defender a vida, a Saúde e a Educação», disse Luis Aguirre, coordenador da FEUE, citado pela Prensa Latina e a TeleSur.

O sector exige que sejam devolvidos às universidades os fundos que lhes foram retirados este ano, alertando que os cortes põem em risco vários cursos, bem como os postos de trabalho de mais de mil docentes.

Governo «não quer ouvir»

A FUT acusa o governo de Moreno de usar a desculpa da crise da Covid-19 para levar a efeito acordos firmados com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e, assim, cumprir o seu programa neoliberal de favorecimento à banca e aos grupos privados.

José Villavicencio, dirigente da FUT, disse que o executivo «não quer ouvir» as propostas avançadas pelos trabalhadores, como recuperar o dinheiro da corrupção ou cobrar impostos às empresas que devem ao fisco.

Em declarações a El Comercio, o dirigente sindical referiu que os trabalhadores se mobilizaram «contra as medidas de austeridade implementadas pelo regime» e solicitou a revogação da chamada Lei de Apoio Humanitário, que inclui reformas em matéria laboral. «A mal chamada Lei Humanitária vai trazer mais miséria, mais escravidão», denunciou.


Ao longo do trajecto, os manifestantes foram gritando palavras de ordem e mostrando faixas e cartazes a exigir melhores salários, o fim da corrupção, o fim dos despedimentos e mais apoios para as camadas mais desfavorecidas. «Sem medo, sem claudicar, protestar até ganhar», «Primeiro a vida, primeiro o trabalho», «Não ao paquetazo» foram algumas das frases ouvidas e lidas.

Outra questão candente, contra a qual os manifestantes também se pronunciaram, foi a legislação recentemente aprovada que permite às Forças Armadas recorrer à força nos protestos, algo que é encarado pelos sindicatos como uma forma de autorizar a repressão e silenciar o direito ao protesto, indica a Prensa Latina.

As vedações e o grande dispositivo policial nas ruas em redor do Palácio de Carondelet, no Centro Histórico de Quito, não deixaram os manifestantes chegar à sede do governo, na Praça da Independência. Não se registaram confrontos.

À imprensa, o presidente da FUT da província de Pichincha, Edwin Bedoya, sublinhou que «o povo equatoriano já não aguenta a fome» e disse que o «governo devia mandar para trás essa lei e sentar-se a dialogar com os trabalhadores».

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