A jornada de mobilização e protesto contra a reforma do sistema público de pensões voltou ser convocada pela plataforma intersindical que integra a CGT, a Força Operária, a Federação Sindical Unitária e os Solidários, entre outras organizações, e reuniu centenas de milhares de manifestantes em mais de 200 pontos do território francês, segundo revelou a Confederação Geral do Trabalho (CGT).
A jornada nacional de mobilização – a décima, depois das realizadas em 5, 10 e 17 de Dezembro, em 9, 11, 16, 24 e 29 de Janeiro, e 6 de Fevereiro – foi acompanhada por greves em diversos sectores, nomeadamente na Educação, Saúde, Transportes e Justiça, que insistem em denunciar os «malefícios» do projecto promovido pelo governo francês.
As manifestações de ontem tiveram lugar num contexto algo diferente, porque a reforma das pensões entrou na segunda-feira passada (17) na Assembleia Nacional como projecto de lei para ali ser debatido.
A República em Marcha (LREM), que tem clara maioria no Parlamento, espera ver votado o projecto na generalidade já em Março, para que seja definitivamente aprovado no Verão.
Para a LREM e o presidente francês, a aprovação da reforma das pensões – que consideram que vai trazer mais justiça e menos complexidade que o actual sistema de 42 regimes – corresponde a uma das promesas de campanha.
A maioria da sociedade, a maior parte dos sindicatos e partidos como o França Insubmissa e o Partido Comunista Francês (PCF) manifestam profundo desacordo com esta visão, sublinhando que vai arrasar o bolso dos reformados e beneficiar os interesses financeiros – de bancos, seguradoras e fundos privados.
«Não há nada de bom nesta reforma»
Em declarações à Prensa Latina, o secretário-geral da CGT, Philippe Martinez, disse que «não há nada de bom nesta reforma», enquanto o secretário nacional do PCF, Fabien Roussel, afirmou que o projecto tem de ser travado, pelo impacto que terá nos trabalhadores.
Por seu lado, o secretário-geral da Força Operária disse à France 24: «Não nos vamos render, pois estamos convencidos da correcção da nossa análise, do perigo que representa este projecto nas próximas décadas.»
O movimento sindical fez também questão de sublinhar que o debate parlamentar não substitui a mobilização de massas. Pronuciou-se nesse sentido Philippe Martinez, da CGT, e Benoît Teste, da Federação Sindical Unitária, que considerou «necessário» manter a «pressão sobre os deputados».
Entretanto, o governo francês pôs em marcha uma conferência visando «encontrar soluções para financiar o seu projecto de reforma», indica a France 24. A plataforma intersindical contesta os moldes em que esse encontro é promovido – sem margem de negociação – e afirma que vai promover uma conferência própria sobre o actual sistema de pensões, para o melhorar.
Denunciando os entraves ao direito à manifestação e à liberdade sindical, a plataforma sublinha a «determinação» mostrada pelos manifestantes, depois de mais de dois meses e meio de protestos nas ruas, e anuncia uma nova «grande jornada de greve e de manifestações» para 31 de Março.
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