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Petro mostra-se disposto a um cessar-fogo bilateral com o ELN

Depois de o Exército de Libertação Nacional (ELN) ter demonstrado vontade de retomar o diálogo interrompido em 2018, o novo presidente eleito na Colômbia disse que é chegado o tempo da paz.

Gustavo Petro, presidente eleito da Colômbia 
Gustavo Petro, presidente eleito da Colômbia Créditos / wradio.com.co

Numa entrevista que ontem deu à WRadio, a cerca de um mês da tomada de posse, o presidente recém-eleito na Colômbia, Gustavo Petro, afirmou que está disposto a um cessar-fogo bilateral com a guerrilha do ELN.

«Há que levantar a pausa e reconhecer os protocolos em primeiro lugar, o que significa que os mediadores voltem e se reinstale a mesa», disse Petro. Os diálogos de paz com o ELN, iniciados em 2017, foram interrompidos pelo governo de Iván Duque, em Agosto do ano seguinte.

Durante o período eleitoral, a maior guerrilha activa na Colômbia anunciou um cessar-fogo unilateral como demonstração do seu interesse no diálogo. Na última segunda-feira, o actual comandante do ELN, Eliécer Herlinto Chamorro, conhecido como Antonio García, publicou um comunicado em que reafirma a vontade de «retomar as negociações de paz com o novo governo para que os seus resultados tragam paz com justiça social para toda a Colômbia».

A defesa da paz e a afirmação do diálogo como bandeira num país onde as armas continuam a matar quem busca transformações caracterizaram a coligação progressista Pacto Histórico, que venceu as eleições legislativas e as presidenciais colombianas com pouco tempo de diferença.

«O que eu peço é um cessar-fogo, que será bilateral, e o começo de negociações jurídicas para a maioria dos casos e de negociações políticas para a minoria dos casos. Queremos acabar com a guerra», declarou Gustavo Petro.

ELN lembra 58 anos de existência e declara interesse no diálogo

No comunicado emitido esta segunda-feira, o grupo guerrilheiro criado em 1964, sob inspiração da Revolução Cubana e da Teologia da Libertação, lembrou que existe há 58 anos com o intuito de «alcançar as transformações que mudem a vida de todos os colombianos e colombianas sobretudo os empobrecidos, excluídos, marginalizados e perseguidos; causas do conflito social e armado que continuam à espera de soluções».

No texto, o ELN afirma que insistirá nessa luta pelas mudanças, onde não só vivam bem os ricos e poderosos, e se torne mais alargado o gozo das riquezas à maior quantidade da população; para que haja justiça, pare o genocídio dos dirigentes sociais, sejam respeitados e garantidos os direitos humanos.

O grupo destacou «as diversas e ricas experiências de luta e resistência» no país, que culminaram na grande Paralisação Nacional iniciada a 28 de Abril de 2021. Daí nasceu uma força social que pôs em causa a direita; a juventude deu-se a conhecer ao país e ao mundo, e, em conjunto com as mulheres, os trabalhadores e diversas camadas da sociedade, abriu o caminho a uma Nova Colômbia, declarou.

Em seu entender, foi essa força que se uniu para dar o triunfo a Gustavo Petro e será ela que irá exigir a um governo para todos os colombianos um grande Diálogo Nacional, no âmbito do qual sejam retomados e cumpridos acordos que outros executivos não cumpriram.

Continuam os ataques à paz

Enquanto Gustavo Petro e ELN mostram estar dispostos para dialogar e encontrar a paz, mais um dirigente social e um ex-guerrilheiro foram assassinados, ambos na segunda-feira, revelou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz).

O comuneiro e docente Camilo Puni Bomba foi morto a tiro por desconhecidos no município de Santander de Quilichao, no departamento do Cauca. É o 99.º dirigente social morto na Colômbia este ano.

Por seu lado, Ronald Rojas, conhecido como Ramiro Durán, antigo comandante das FARC-EP e actual presidente da Associação de Desmobilizados pela Paz no departamento de Huila, foi morto a tiro em sua casa, em Palermo.

Rojas, que apoiava o processo de reincorporação na vida civil de outros ex-guerrilheiros em Huila, já tinha denunciado ameaças de morte mais do que uma vez.

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