Numa conferência de imprensa na Cidade do Panamá, esta quarta-feira, Diógenes Sánchez, um dos representantes da aliança, referiu-se à realização de uma manifestação na capital, esta sexta-feira, para repudiar a perseguição política de sindicatos, a detenção de dirigentes e a invasão dos seus imóveis por parte de forças anti-distúrbios.
Sánchez disse que a marcha de hoje se dirige até à Presidência da República para condenar a perseguição à liberdade sindical e a repressão policial sobre os protestos, em todo o país, contra uma lei aprovada em Março relativa à Segurança Social.
Neste contexto, pediu ao «povo panamenho que se una à luta, que não visa apenas a revogação da Lei 462, mas é pela defesa da democracia». «É inaceitável que uma lei seja imposta com balas de borracha, invasões ilegais, repressão e violência», disse, citado pela TeleSur.
Na véspera, forças anti-distúrbios invadiram dois imóveis do sindicato dos trabalhadores da construção (Suntracs), que se tem destacado pela oposição àquilo que classifica como entrega da Segurança Social aos bancos e fundos privados, e que agora é investigado por alegados delitos financeiros.
Invasões a sedes e ameaças a dirigentes sindicais
No final da conferência de imprensa, o secretário de organização do Suntracs, Yamir Córdoba, denunciou a «perseguição política aos seus principais dirigentes», pelo papel que têm assumido nos protestos populares.
Por seu lado, o advogado do Suntracs, Mario Prado, qualificou essas invasões de sedes sindicais como ilegais, afirmando que «tem de haver uma justificação, um prazo, algum tipo de justificação para se poder entrar e revistar».
Entretanto, o Ministério Público decretou ordens de detenção para o secretário-geral do Suntracs, Saúl Méndez, e o ex-secretário-geral, Genaro López (cujo paradeiro se desconhece), bem como para Erasmo Cerrud.
Sobre Saúl Méndez, que se tem destacado na luta contra a Lei 462 e pela defesa da soberania do povo panamenho, soube-se que estava na Embaixada da Bolívia para ali solicitar asilo político, depois de ter sido «alvo de perseguição por parte de agentes à paisana em viaturas sem identificação» e de ter «recebido ameaças à sua integridade física», indica a TeleSur.
Neste contexto, Yamir Córdoba disse na conferência de imprensa que a vida de Méndez corre perigo e denunciou que o presidente do país, José Raúl Mulino, pretende acabar com a organização sindical.
A 23 de Abril, trabalhadores de vários sectores e comunidades indígenas no Panamá iniciaram uma greve por tempo indeterminado, dando também sequência a manifestações contra a alteração à lei da Segurança Social e de protesto contra o memorando de entendimento firmado pelo governo com os EUA, que permite o estabelecimento de bases militares no istmo, com o pretexto de garantir a segurança do Canal do Panamá e da luta contra o crime organizado.
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