As organizações que integram a Aliança Povo Unido pela Vida apresentaram esta quinta-feira, junto da Assembleia Nacional, uma denúncia contra o presidente panamenho, José Raúl Mulino, acusando-o de levar a cabo acções que atentam contra a soberania e lesam a pátria.
De acordo com os advogados, a apresentação da denúncia tem lugar depois de Mulino ter permitido a assinatura de um memorando de entendimento com os Estados Unidos, a 9 de Abril último, «violando todas as normas constitucionais».
Num encontro frente à Assembleia, Saúl Méndez, que é um dos representantes da Aliança e secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Construção, chamou «ditadorzeco» a Mulino, na medida em que, longe de acatar as normas, se empenha em reprimir e ameaçar o povo organizado nas ruas, prender os seus dirigentes e judicializar os protestos.
Em declarações recolhidas pela Prensa Latina, Méndez afirmou que se vão manter as acções – incluindo a greve por tempo indeterminado, iniciada há mais de 23 dias – contra a Lei 462, relativa à Segurança Social e que foi imposta pelo executivo sem ouvir as propostas apresentadas por cerca de uma dezena de organizações sociais.
Méndez sublinhou que «os panamenhos honrados e patriotas não vão permitir a entrega do território a bases militares norte-americanas nem o roubo dos fundos da Caja de Seguro Social para que sejam entregues aos bancos e aos fundos privados de pensões».
O dirigente sindical também questionou as declarações proferidas por Mulino em defesa de uma alegada democracia e livre circulação «custe o que custar», por entre denúncias de violenta repressão policial sobre povos originários que se manifestam.
Denúncia de repressão e de acções de intimidação
A este propósito, indica a TeleSur, dirigentes da etnia Ngäbe Bugle afirmaram que as unidades anti-distúrbios entraram em cada casa da comunidade, para assim intimidarem os habitantes e os impedir de apoiar a luta nas ruas.
Com José Raúl Mulino a deixar claro que não vai dialogar com os manifestantes e que a Lei 462 continuará em vigor, a repressão policial generalizou-se contra os manifestantes e os trabalhadores em greve em quase todo o istmo. Saúl Méndez destacou os casos de violência ocorridos, nomeadamente em Tolé, Viguí, Ojo de Agua, Mugaba, Coclé, Darién, Colón e Panamá.
Também o secretário-geral da Associação de Professores do Panamá (Asoprof), Fernando Ábrego, denunciou as acções de intimidação e represália por parte do governo, sublinhando que a greve vai continuar, independentemente dessas medidas.
Neste contexto, anunciou que os docentes vão reclamar a demissão da ministra da Educação, Lucy Molinar, depois de a tutela ter revelado que vai reter os salários dos professores que se manifestam contra a Lei 462.
Por seu lado, a Provedoria de Justiça anunciou uma investigação sobre violações dos direitos humanos durante os protestos e instou as forças de segurança do Estado a manter o uso proporcional e diferenciado da força durante os procedimentos de «desobstrução das vias».
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