A informação consta no último relatório publicado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pela Organização Internacional para as Migrações (IOM), duas agências da Organização das Nações Unidas (ONU), em parceria com a organização não governamental Walk Free Foundation.
Segundo o documento, no ano passado havia mais dez milhões de pessoas em situação de «escravatura moderna» do que as estimativas globais para 2016. Cerca de 27,6 milhões eram pessoas submetidas a trabalhos forçados e 22 milhões casadas contra sua vontade.
Mulheres e meninas representam mais de dois terços das pessoas forçadas ao casamento e quase quatro em cada cinco delas estavam em situação de exploração sexual comercial, segundo o relatório. No total, representam 54% dos casos de escravidão.
A pandemia – que causou a deterioração das condições de trabalho e aumento do endividamento dos trabalhadores – fortaleceu as fontes da escravidão em todas as suas formas.
Segundo o documento, nos últimos anos, a multiplicação das crises (pandemia, conflitos armados e alterações climáticas) constituiu uma ameaça, sem precedentes, ao emprego e à educação, resultando no agravamento da pobreza extrema, o aumento de migrações forçadas e perigosas, a explosão de casos de violência de género.
Em todo o mundo, quase uma em cada 150 pessoas é considerada um «escravo moderno». Em comunicado de imprensa, o director-geral da OIT, Guy Ryder, considera «chocante que a situação da escravatura moderna não esteja a melhorar» e apela aos governos, mas também aos sindicatos, às organizações patronais, à sociedade civil e ao cidadão comum para que combatam «esta violação fundamental dos direitos humanos».
No relatório propõe-se uma série de acções, incluindo melhorar e fazer cumprir as leis e inspecções laborais, acabar com o trabalho forçado imposto pelo Estado, expandir as protecções sociais e fortalecer as protecções legais, aumentando a idade legal do casamento para 18 anos sem excepção.
Segundo o relatório, mulheres e crianças permanecem desproporcionalmente vulneráveis. Assim, quase um em cada oito trabalhadores forçados é uma criança e mais de metade deles são vítimas de exploração sexual comercial.
Por outro lado, os trabalhadores migrantes têm três vezes mais probabilidades de serem submetidos a trabalho forçado do que os adultos não migrantes.
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