No contexto da jornada de luta, convocada pela Coordenadora de Sindicatos do Ensino do Uruguai (CSEU), milhares de docentes e estudantes desfilaram pelo centro da capital uruguaia, até à Torre Executiva, sede da Presidência da República, onde decorreu o acto principal.
Ali, no dia mais curto do ano, Sergio Sommarenga, dirigente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Ensino Privado (Sintep), afirmou que, no país sul-americano, «há uma crise desigualdade e de direito».
Sommarenga destacou a adesão à greve dos docentes de todos os níveis de ensino e criticou as políticas governamentais que visam cortar na despesa pública.
O governo vangloria-se de reduzir o défice fiscal, «mas o défice mais importante a solucionar é o da pobreza infantil e o direito de todos à educação nas melhores condições», frisou.
Com a paralisação de 24 horas, convocada pela CSEU com o apoio do movimento estudantil, os professores reclamam que, na proposta de Orçamento do Estado deste ano, se destine 6% do PIB para a Administração Nacional de Educação Pública (ANEP) e para a Universidade da República (UdelaR), bem como 1% do PIB para a investigação, refere no seu portal a central PIT-CNT (Plenário Intersindical dos Trabalhadores – Convenção Nacional dos Trabalhadores).
Entre outros aspectos, a CSEU manifestou-se contra a privatização e a mercantilização da Educação pública, por melhores salários, em defesa de vagas suficientes para cada instituição e de verbas para a manutenção das infra-estruturas educativas.
Fenapes acusa governo de Lacalle Pou de «pouca seriedade, falta de perspectiva e análise»
Em conferência de imprensa anterior à mobilização, Emiliano Mandacen, secretário-geral da Federação Nacional dos Professores do Ensino Secundário (Fenapes), foi categórico ao afirmar que existe «pouca seriedade, falta de perspectiva e análise no governo» de Lacalle Pou.
Também se pronunciou contra a reforma educativa promovida pelo governo neoliberal – a chamada «transformação educativa» – e contra aquilo que definiu como «violações» dos direitos dos trabalhadores.
Lembrando que o executivo uruguaio deve apresentar no Parlamento, em pouco mais de uma semana, a última proposta de Orçamento, Mandacen alertou que o governo pode aumentar o relatório de despesas, servindo-se disso para arquitectar cortes orçamentais.
O «actual orçamento para a Educação é completamente insuficiente», disse o dirigente sindical, sublinhando que «se caiu no mito da campanha do governo segundo o qual havia verbas suficientes, mas foram as administrações que as geriram mal».
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