O encontro, marcado para as 10h (17h em Portugal continental), tem lugar depois de o governo sandinista ter respondido por carta às propostas apresentadas pela Igreja católica, que é, pelo menos no papel, mediadora e testemunha na mesa de diálogo. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Denis Moncada, volta a liderar a delegação governamental.
Embora o executivo sandinista tenha reiteradamente afirmado que o diálogo, no actual quadro constitucional, é a saída para a crise que o país enfrenta, a Igreja pôs fim à mesa de conversações por duas vezes, desde 16 de Maio, considerando não estarem reunidas as condições para o «consenso» com a oposição.
A Conferência Episcopal tem sido fortemente criticada por sectores afins ao governo pelo seu apoio aberto à oposição, sendo que alguns dos mais altos dignatários que participam nas conversações, enquanto mediadores, já exigiram a demissão do chefe de Estado e apelaram à desobediência civil.
A mesa de diálogo é retomada no dia seguinte à paralisação de 24 horas convocada pela chamada Aliança Cívica (da oposição). De acordo com a Prensa Latina, muitos trabalhadores não aderiram ao protesto e outros, mesmo não estando de acordo com ele, foram obrigados a parar as suas actividades, quer pela adesão registada em muitas empresas privadas, quer pelo receio de represálias dos «grupos violentos».
Comissão da Verdade apela ao diálogo e ao fim da violência
A Comissão da Verdade, Justiça e Paz, nomeada pela Assembleia Nacional da Nicarágua no passado dia 6 de Maio, fez um apelo ao fim da violência e à continuidade do diálogo, por forma a ultrapassar a crise.
De acordo com as investigações que tem em curso, a Comissão afirma que morreram pelo menos 168 pessoas e 2100 ficaram feridas, no contexto dos actos de violência que têm lugar no país desde 18 de Abril.
Entre as vítimas mortais, contam-se oito agentes policiais. Outros 200 ficaram feridos, segundo os dados da Comissão, que expressou o seu repúdio pelos ataques constantes com armas de fogo contra os polícias na cidade de Masaya, localizada cerca de 25 quilómetros a sul de Manágua.
Os membros da Comissão pediram que se acabe com os sequestros e as torturas, e repudiaram a agressão recente contra um dirigente da União Nacional de Estudantes da Nicarágua, que se encontra em estado grave.
Lamentaram ainda que determinados órgãos de comunicação social promovam a violência, não denunciando a presença de indivíduos armados nas barricadas, bem como a «manipulação» e a «especulação» de informação existentes no actual cenário.
O país centro-americano é palco de actos de terrorismo e de grande violência nas ruas há quase dois meses, promovidos por grupos da oposição de direita, segundo denuncia o governo de Daniel Ortega.
Os protestos, que visavam alegadamente a reforma da Segurança Social, prosseguiram e intensificaram-se mesmo depois da sua revogação, levando o governo de Daniel Ortega a denunciar os propósitos políticos subjacentes ao «caos nas ruas».
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