Com o joelho, um agente da Polícia pressionou o pescoço de Floyd contra o solo durante vários minutos, apesar de o detido estar algemado e ter afirmado mais que uma vez que não conseguia respirar. Levado para um hospital, foi dado como morto na segunda-feira.
A detenção violenta foi filmada por um transeunte e publicada nas redes sociais, rapidamente gerando revolta a nível nacional. Quatro agentes foram despedidos pelo papel que desempenharam no caso, que está a ser investigado, segundo revelam os portais da CBS e do Star Tribune.
Ontem ao fim da tarde, milhares de pessoas juntaram-se na capital do estado norte-americano do Minnesota, na Avenida de Chicago, perto do local onde George Floyd foi violentamente detido por «suspeita de falsificação».
Dali seguiram em manifestação de protesto, num trajecto de cerca de três quilómetros, até uma das estações da Polícia de Minneapolis, que, de acordo com a CBS Minnesota, se encontrava rodeada pela Polícia de intervenção. Em vídeos publicados nas redes sociais, vê-se os agentes a recorrer a gás lacrimogéneo, granadas de fumo e balas de borracha contra os manifestantes.
Um repórter do Star Tribune, que foi publicando informações sobre a mobilização à medida que ia decorrendo, mostrou imagens de pessoas a usarem leite depois de serem atingidas com gás lacrimogéneo e a utilizarem carros de compras de um supermercado como barreira de protecção.
Esse mesmo repórter afirmou ter sido atingido por uma bala de borracha enquanto fazia a cobertura dos protestos, que foram maioritariamente pacíficos, embora alguns manifestantes tenham expressado a sua revolta lançando tijolos e pedras aos carros da Polícia ou partindo janelas.
O presidente do município de Minneapolis, Jacob Frey, que não comentou os protestos, lamentou o que se passou com Floyd, classificando a situação como «horrível». Antes, no Twitter, escreveu que «ser negro na América não devia ser uma sentença de morte».
Revolta, frustração e exigência de condenação
Ao longo da marcha, o alerta de Floyd «I can't breathe» (não consigo respirar) tornou-se um grito de revolta dos manifestantes, que sublinharam que não basta o despedimento dos agentes envolvidos e exigiram o seu «rápido processamento judicial».
«Isto vai acontecer outra vez se não viermos para a rua fazer frente a isto», disse o manifestante e «activista comunitário» Al Flowers ao Star Tribune. Como muitos outros presentes no protesto, exigiu o julgamento dos agentes. «[O Floyd] não se estava a mexer. Não estava a fazer nada… Eles mataram-no», disse Linda Bias, residente em Minneapolis.
«Onde ele morreu foi aqui mesmo», disse Charles McMillian, outro habitante, ao apontar para os balões e as flores que se amontoavam em memória de Floyd na Avenida de Chicago.
McMillian, de 60 anos, disse que a morte de Floyd fazia lembrar a de Eric Garner, que morreu em 2014, depois de ser asfixiado por um agente da Polícia de Nova Iorque que o tentava prender. Então, os gritos de Garner «Não consigo respirar» ecoaram por todo o país, em manifestações contra a brutalidade e o racismo da Polícia nos EUA.
De acordo com os dados divugados pelo The Washington Post, em 2019 mais de mil pessoas foram mortas pela Polícia nos Estados Unidos, sendo os afro-americanos os mais visados.
O grupo The Sentencing Project analisa em profundidade as «disparidades raciais» na actuação policial nos EUA, sendo que os afro-americanos adultos e jovens têm mais probabilidades de ser detidos ou ir parar à prisão.
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