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Manifestantes voltam à Paulista contra Bolsonaro, o racismo e o fascismo

Procurando cumprir regras de distanciamento, o protesto deste domingo na Avenida Paulista, em São Paulo, reuniu cerca de 2000 pessoas em defesa da democracia no país sul-americano.

Torcidas, movimentos sociais e personalidades públicas voltaram a unir-se em São Paulo contra o racismo, o fascismo e o governo de Jair Bolsonaro
Torcidas, movimentos sociais e personalidades públicas voltaram a unir-se em São Paulo contra o racismo, o fascismo e o governo de Jair Bolsonaro CréditosPaulo Pinto / Rede Brasil Atual

Contra o fascismo, o racismo e pela queda do presidente Jair Bolsonaro, os manifestantes ocuparam a Avenida Paulista, em São Paulo, ontem à tarde, naquela que foi a terceira mobilização de rua promovida por torcidas organizadas (de apoiantes de clubes de futebol) e pela Frente Povo sem Medo.

A manifestação, que começou por volta das 14h, frente ao Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), juntou cerca de 2000 pessoas e, segundo refere o Brasil de Fato, foi pacífica do princípio ao fim, não havendo registo de conflitos com a Polícia Militar e tendo ficado marcada pela união entre torcidas paulistas rivais – como a do Palmeiras e a do Corinthians.

A mobilização em São Paulo ficou também marcada pela diversidade de organizações, movimentos e personalidades unidos em defesa da democracia e do «Fora, Bolsonaro». Um dos movimentos era o Mulheres Contra Bolsonaro, que no sábado divulgou o manifesto «Levante das Mulheres Brasileiras» e cujos membros foram à Paulista para «derrubar o governo, que, embora eleito, provou que age de forma inconstitucional e representa de facto uma ameaça para todas as minorias políticas articuladas pelo movimento feminista», indica a Rede Brasil Atual.

Pelas 15h, os manifestantes já ocupavam uma das faixas da Avenida Paulista, quando, aos gritos de «O Porco chegou, democracia!», chegaram algumas centenas de apoiantes do Palemiras, que foram aplaudidos e se juntaram ao protesto.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e Guilherme Boulos, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), também participaram na iniciativa. A deputada federal pelo Paraná vestia uma T-Shirt da Gaviões da Fiel (torcida do Corinthians) e levava uma máscara vermelha em que aparecia escrito «Fora, Bolsonaro».

No dia anterior, Hoffmann participou numa caravana autómovel em Brasília, com mais de 500 viaturas, contra o racismo e pela destituição de Jair Bolsonaro. A mobilização inseriu-se no Dia Nacional de Lutas convocado para dia 13 pelas frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, com o lema «contra Bolsonaro, em defesa da democracia e da vida».

Negros, indígenas e pobres sofrem mais com a pandemia

«Estamos diante de uma calamidade, um dos piores países para se viver. E o povo foi para a rua por direitos, por hospitais de campanha nas periferias, por testes massivos, e para que pare a morte de pessoas negras no Brasil e no mundo», disse Simone Nascimento, membro da coordenação estadual do Movimento Negro Unificado (MNU), em declarações ao Brasil de Fato.

Nascimento acusou o governo federal de ter instrumentalizado a pandemia do coronavírus para aprofundar o projecto de «genocídio secular» da população negra, dos indígenas e dos mais pobres. Em seu entender, isto evidencia-se na ausência de políticas de protecção social e combate à fome, e também na precarização do Sistema Único de Saúde (SUS).

Para a jornalista, não haverá democracia sem que «as vidas negras importem nesse país», algo que, defendeu, passa essencialmente pela queda de Jair Bolsonaro. «A gente tem a pressão pela morte do povo através do atraso do auxílio de emergência, da ausência de testes em massa, e através da polícia. Nós não tivemos o fim das operações policiais nas periferias, então o movimento negro aqui tem tanto motivo de ir para a rua quanto o movimento negro dos Estados Unidos», alertou.

«Lá a gente viu o caso do George Floyd, mas aqui, em São Paulo, o Juan e o David, na Zona Leste, foram mortos dentro de casa, ou o próprio João Pedro (no Rio), que foi morto com um tiro nas costas», lembrou a dirigente do MNU, que viu com bons olhos a união dos movimentos sociais em torno da luta anti-rascista.

Torcidas de clubes rivais uniram-se na defesa da democracia e contra Bolsonaro / Brasil de Fato

Preocupação com a flexibilização do isolamento social em São Paulo

Em declarações à imprensa, Simone Nascimento mostrou-se também preocupada com a flexibilização do isolamento social em São Paulo, anunciada pelo governador João Dória, no âmbito do plano para a reabertura de sectores da economia – numa altura em que o estado de São Paulo tinha 91% dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva ocupados.

A dirigente alertou que o estado paulista tem um quarto das mais de 40 mil mortes por coronavírus no Brasil, acrescentando: «Mesmo assim, o governador está a flexibilizar, a fazer com que o nosso povo que já estava em maioria nos trabalhos essenciais e não tem direito ao isolamento social trabalhe ainda mais.»

Também ontem, cerca de 100 pessoas pediram a intervenção militar num acto pró-governo, que decorreu no Viaduto do Chá, no centro da capital paulista. No sábado à noite, um grupo de manifestantes que apoiam o actual presidente brasileiro atacou o Supremo Tribunal Federal (STF) com fogo de artíficio, simulando um bombardeamento.

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