Numa nota publicada dia 24, a propósito do Dia Internacional da Educação, a agência da ONU revelou que mais de 616 milhões de estudantes continuam a ser afectados pelos encerramentos totais ou parciais das escolas.
Partilhando os dados que tem disponíveis sobre o impacto da pandemia de Covid-19 sobre a aprendizagem das crianças, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef, na sigla em inglês) destaca que as perdas na escolaridade atingem um nível «quase inultrapassável», quando passam quase dois anos desde que começaram as «perturbações na educação à escala mundial» associadas à Covid-19.
70%
Nos países de baixo e médio rendimento, 70% das crianças com dez anos não sabem ler ou são incapazes de entender textos básicos.
Com as «perturbações», milhões de crianças perderam competências e aprendizagens académicas que teriam adquirido se tivessem ido às aulas, refere a organização, sublinhando que os mais jovens e os mais marginalizados foram os mais afectados.
Nos países de rendimentos baixos e médios, 70% das crianças com dez anos de idade não sabem ler ou são incapazes de entender textos básicos, sendo que, antes da pandemia, essa percentagem se situava nos 53%.
Referindo-se a determinados países, a Unicef estima que, na Etiópia, as crianças do ensino primário tenham aprendido 30 a 40% da matemática que teriam aprendido em anos escolares normais,
No que respeita aos EUA, o organismo aponta perdas na aprendizagem em estados como Texas, Califórnia, Colorado, Tennessee, Carolina do Norte, Ohio, Virgínia e Maryland.
Em vários estados brasileiros, refere a Unicef, cerca de três em cada quatro crianças na segunda classe tiveram dificuldades de aprendizagem – antes da pandemia o registo era de uma em cada duas. Além disso, um em cada dez estudantes na faixa etária dos 10-15 anos disse não querer regressar à escola quando estas reabrirem.
«Se as interrupções da aprendizagem devem terminar, a reabertura das escolas não basta. Os estudantes necessitam de apoio intensivo para recuperar a aprendizagem perdida»
Na África do Sul, os estudantes estão atrasados 75% relativamente ao programa normal de um ano lectivo. Estima-se que entre 400 mil e 500 mil tenham abandonado a escola entre Março de 2020 e Julho de 2021, indica a Unicef.
«Se as interrupções da aprendizagem devem terminar, a reabertura das escolas não basta. Os estudantes necessitam de apoio intensivo para recuperar a aprendizagem perdida», afirma a organização, destacando que as escolas devem ser também espaços para ajudar a reconstruir a saúde mental e física das crianças, o seu desenvolvimento social e a nutrição.
A este propósito, a Unicef lembra que as sequelas do encerramento das escolas aumentam e vão para lá da aprendizagem, com os impactos a fazerem-se sentir na saúde metal, na dificuldade de acesso à alimentação e no risco acrescido de abusos.
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