Em comunicado, o Ministério israelita da Defesa decretou ontem a proibição, a partir de hoje e por tempo indeterminado, da entrada de gás de cozinha e combustíveis líquidos na Faixa de Gaza através da passagem de Kerem Shalom/Karam Abu Salem, única via de entrada de mercadorias no território palestiniano.
O ministro da Defesa israelita, Avigdor Lieberman, declarou que a decisão visava pôr cobro aos protestos dos palestinianos junto à vedação que cerca o território de Gaza e que «o regresso da passagem de Kerem Shalom à operacionalidade total dependia do fim do envio de balões incendiários», por parte dos manifestantes em Gaza, para território israelita.
No início de Julho, Israel já tinha decretado a proibição da passagem de mercadorias pelo posto de Kerem Shalom/Karam Abu Salem, mas deixando de fora combustíveis, alimentos e medicamentos. Posteriormente, os combustíveis foram adicionados à lista de artigos interditados, e «o anúncio de Lieberman torna essa decisão permanente», revela o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM), que em meados de Julho denunciava o agravamento da grave crise humanitária em Gaza, em virtude das medidas punitivas de Israel.
Nos últimos tempos, as autoridades israelitas têm intensificado o bloqueio contra o território, «na realidade uma gigantesca punição colectiva, em retaliação pelo prosseguimento dos protestos» da Grande Marcha do Retorno no território cercado.
Estas manifestações, que tiveram início em 30 de Março deste ano, exigem precisamente o fim do bloqueio israelita, que dura há 11 anos, bem como o direito de retorno dos refugiados palestinianos às terras de onde foram expulsos no processo de limpeza étnica que acompanhou a formação do Estado de Israel, em 1948.
Desde o seu começo, as forças israelitas reprimiram os protestos de forma violenta, tendo morto pelo menos 155 manifestantes palestinianos e provocado mais de 15 mil feridos.
O aperto do bloqueio irá contribuir para a deterioração das precárias condições de saneamento, saúde e de abastecimento de água que afectam os cerca de dois milhões de habitantes no pequeno enclave e que são agravadas, «com efeitos devastadores», pela escassez de combustíveis e os cortes de eletricidade.
Na segunda-feira passada, a companhia de electricidade da Faixa de Gaza anunciou mais uma redução no fornecimento, depois de a sua única central de produção ter deixado de funcionar. Para além disso, um cabo que fornecia eletricidade a partir de Israel está cortado há cerca de uma semana, revela o MPPM.
Neste cenário, em vez de 16 horas diárias, os habitantes de Gaza sofrerão cortes de electricidade de 18 horas por dia.
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