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|Reino Unido

A IL, Iniciativa Liz, falhou redondamente

Depois de assistirmos ao mais longo reinado do Reino Unido, assistimos agora à mais curta governação de um Primeiro-Ministro britânico. Liz Truss procurou a utopia (neo)liberal mas esbarrou na realidade.

Todo o mandato de Liz Truss foi sui generis na medida em que tudo foi pequeno. A começar por um mandato de 44 dias (o mais curto de sempre), passando por um «mini-orçamento» falhado e terminando numa declaração de demissão de apenas um minuto e meio.

Parece que a vida não está fácil para os Conservadores. O mandato de Theresa May foi um falhanço político, o mandato de Boris Johnson foi marcado por polémicas e o mandato de Liz Truss a prova que o dogma (neo)liberal não funciona. 

Liz Truss não começou numa altura fácil, é certo. Iniciou num contexto internacional complicado dados os impactos económicos da guerra na Ucrânia que a própria Inglaterra estimula e viu os consequentes aproveitamentos daí retirados espelhados na inflação galopante. A ex-Primeira Ministra teria a tarefa de tentar controlar a inflação, mas os seus longos 44 dias de mandato revelaram a incapacidade total, fruto das suas opções políticas. 

O mandato começou como uma tentativa de virar de página das polémicas festivas de Boris Johnson. A tarefa não parecia difícil, mas no Reino Unido era confrontado também com a inflação que não é coisa da espuma dos dias. Como tal, como sinal político de acção, Liz Truss procurou inovar e trazer para a luz dos dias um velho desejo de quem opta por defender única e exclusivamente as grandes empresas sem nenhuma vergonha. A grande campanha de Truss foi um chamado «mini-orçamento». 

Este «mini-orçamento» era um eufemismo. O plano passava por promover uma redução brutal dos impostos das grandes empresas e forma a promover ainda mais a acumulação de capital das mesmas, com a justificação que iria promover o crescimento. A verdade é que a inflação do Reino Unido atingiu os 10,1% e os místicos mercados não estavam a acolher bem as propostas dos Conservadores. 

Todas as borlas fiscais que estavam previstas eram justificadas, sem grande base, com um futuro crescimento económico. A crítica dos economistas não tardou em chegar e as principais instituições financeiras como a Goldman Sachs ou o FMI, que são de desconfiar, condenaram as intenções dogmáticas dos Tories. A condenação não surge por falta de simpatia, mas sim pelo momento em que as medidas foram aplicadas, pois evidenciava a contradição existente na acumulação de lucros. 

A grande redução dos impostos e as promessas de crescimento falharam e como resultado disto tudo a libra caiu para o seu nível mais baixo de sempre em relação ao dólar, milhões de famílias podem enfrentar um aumento médio nos pagamentos anuais de hipotecas e nem o congelamento dos preços da energia funcionou. 

O curto discurso de demissão fica marcado pela frase «Estabelecemos uma visão para uma economia de baixo imposto e de alto crescimento que tiraria partido das liberdades de Brexit». Tal não funcionou e agora as cartas estão lançadas. Fala-se novamente de Boris Johnson para voltar, já vendido como um regresso sebastiânico e não somente pelo constante nevoeiro britânico. Fala-se também que quem poderá assumir o destino inglês é Jeremy Hunt, actual ministro das finanças; Penny Mordaunt, ex-ministra da Defesa e actual ministra responsável pelas relações com o parlamento; Ben Wallace, actual ministro da Defesa. 

A receita liberal foi esmagada pela realidade. Era impossível ter medidas de apoio social e ao mesmo tempo promover borlas fiscais. Isto levou a que cá em Portugal os nossos Liberais se demarcaram rapidamente de Liz Truss, muito no sentido de «se funcionasse era liberalismo, se não funcionasse não era e passava a ser “socialismo”». Num conjunto de publicações confrangedoras, a Iniciativa Liberal tentou colocar a imagem de Truss à de José Sócrates, uma velha cartada populista para ludibriar quem sempre viu nos objetivos de Truss parte das ideias que a Iniciativa Liberal tem para Portugal.

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