Num contexto de inflação galopante e com os preços da energia e dos bens de primeira necessidade a aumentarem, os trabalhadores gregos realizaram uma greve de 24 horas, esta quarta-feira, tendo exigido o aumento geral dos salários e das pensões.
Em Atenas, milhares de pessoas deram expressão, nas ruas, às reivindicações do movimento sindical organizado, exibindo cartazes e faixas, e gritando palavras de ordem contra as políticas do governo de direita e da União Europeia (UE), que «geram pobreza, fome, desigualdade» e «deixam as pessoas congeladas para aquecer os lucros dos grandes grupos económicos».
Na capital grega, uma das intervenções sublinhou que a «grande greve nacional» envia a mensagem de que o povo grego e o seu movimento sindical «não serão cúmplices das políticas anti-populares do governo e de outros partidos do grande capital, da pobreza energética e das políticas da UE, da podridão do sistema capitalista».
Giorgos Paliouras, um pensionista presente na manifestação de Atenas, disse à Reuters: «Já não podemos suportar os custos elevados. Já não podemos suportar a pobreza. Já não aguentamos a exaustão.»
A Confederação Geral dos Trabalhadores Gregos (GSEE) disse que os sindicatos tinham convocado a greve em protesto contra «a inflação que asfixia as famílias gregas e as condições selváticas do mercado de trabalho», em alusão às leis laborais.
Por seu lado, a Frente Militante de Todos os Trabalhadores (PAME) destacou, num comunicado sobre o êxito da jornada de greve, a «enorme participação dos trabalhadores». «Hoje, a revolta e a indignação da classe trabalhadora converteram-se numa participação massiva e dinâmica na luta. As imagens do mar de trabalhadores a inundar o centro de Atenas não podem ser escondidas», frisou.
Houve mobilizações de grande dimensão igualmente em Salónica, a segunda maior cidade grega, além de outras 60 localidades e cidades gregas.
Não nos adaptamos à pobreza, à fome, ao frio como os abutres modernos nos pedem
Num comunicado que antecedeu a greve, a PAME apresentou como reivindicações centrais o aumento dos salários e das pensões, a defesa da negociação colectiva, o trabalho com direitos, a descida dos preços da electricidade e bens essenciais.
No documento, a central sindical afirma que luta contra os «abutres modernos que pedem que nos adaptemos à pobreza, à fome, ao frio e, em última análise, à morte».
Quando sete em cada dez trabalhadores cortaram no consumo de alguns alimentos, 47% pensam que será difícil chegar ao fim do mês no Inverno, por causa da pobreza e porque o custo anual da electricidade ultrapassou o valor de dois salários, «os grandes grupos económicos do sector da energia fazem uma festa com os lucros», denuncia a PAME.
A central sindical alerta ainda para situações de trabalhadores que se vêem obrigados a fazer mais horas, sendo que 49% afirmam que não recebem mais pelas horas extraordinárias.
Aumentos dos salários, não «bónus» que a inflação come
Como a economia tem crescido, sobretudo devido ao turismo, o governo da Nova Democracia tem estado a dar alguns «bónus», que, alerta a PAME, serão comidos pela enorme subida da inflação.
A central sindical não quer «ofertas» que a ventania do sistema capitalista leva, mas aumentos dos salários e melhoria das condições de trabalho, estabilidade no emprego, redução substancial no preço da electricidade e dos bens de primeira necessidade, entre outras medidas.
Aos trabalhadores, diz que não há tempo para estar à espera e que é preciso que todos se unam à luta.
CGTP-IN solidária com os trabalhadores gregos
Numa nota ontem enviada à PAME e à GSEE, «as mais importantes expressões do sindicalismo grego», a CGTP-IN saudou os trabalhadores do país mediterrânico, «as lutas e justas reivindicações, bem como o momento de elevada combatividade» que ontem teve lugar.
Solidarizando-se com os trabalhadores gregos, a Intersindical destaca «a sua exigência de um aumento salarial que impeça a perda do poder de compra, com a defesa da contratação colectiva, com a necessidade de proteger os rendimentos dos trabalhadores e o direito de associação e acção sindical».
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