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Grande adesão à greve dos metalúrgicos na Cantábria

A greve dos metalúrgicos no Norte de Espanha teve uma adesão de 90%, com os trabalhadores em luta por melhores salários e condições. Esta sexta-feira, sindicatos e patronato chegaram a um pré-acordo.

Piquete de greve, esta quinta-feira, durante a jornada de luta do sector metalúrgico na Cantábria Créditos / elsalto.com

«Está na hora de defender condições de trabalho dignas e de fazer frente ao jogo sujo de um patronato que optou pelo conflito em vez do acordo», afirmaram os sindicatos – CCOO, UGT e USO –, segundo os quais a adesão à greve na quinta-feira foi ainda superior à de terça, dia 3, que terá rondado os 90% dos 22 mil trabalhadores abrangidos.

As três organizações sindicais sublinharam «o compromisso e a responsabilidade» dos metalúrgicos na região da Cantábria, em luta de forma «massiva» por um acordo «justo», o que evidencia o «descontentamento existente» e mostra que se «conseguiu combater a desinformação promovida pela Pymetal [associação patronal] na comunicação social», refere o eldiario.es.

«Para as pessoas o objectivo é muito claro, que não é outro senão alcançar um bom acordo», indicaram ainda representantes sindicais citados pela fonte.

Por seu lado El Salto refere-se aos piquetes e às barricadas que salpicaram a geografia da região esta semana, em virtude da paralisação que afectou cerca de 1500 empresas, como Sidenor (em Reinosa), Teknia (Ampuero), Global Steel Wire (Santander) ou Solvay (Barreda).

As organizações representativas dos trabalhadores, que reivindicam aumentos salariais e benefícios que lhes permitam recuperar o poder de compra perdido com o último acordo, anunciaram que, se não se chegasse a bom porto, a partir desta segunda-feira a paralisação assumiria um carácter permanente, por tempo indeterminado.

Negociações encalhadas

César Conde, secretário-geral da Federação de Indústria da CCOO na Cantábria, acusou a associação patronal de ter deitado mais gasolina para o fogo: «Em vez de aproximarem as posições, afastam-nas», disse Conde, ao acusar os representantes patronais de «atitude autoritária e provocadora», tanto em declarações públicas como à mesa das negociações.

«Houve propostas diversas, mas as propostas [do patronato] estão sempre a mudar, acrescentam e retiram conceitos, mas, se olharmos para o todo, cada vez nos distanciamos mais», resumiu César Conde ao falar do processo negocial.

O dirigente sindical disse ao El Salto que a Pymetal recorreu aos meios de comunicação para fazer acusações de irresponsabilidade aos trabalhadores e que o patronato também procurou argumentar que, com estes dois dias de greve, os trabalhadores já haviam perdido o dinheiro que reclamam de aumento salarial.

No entanto, sublinhou Conde, esse «raciocínio» não pegou entre os trabalhadores, que «sabem que perdem este dinheiro com a greve, mas que todos os aumentos em futuros acordos dependem dos anteriores». «Faz falta um bom acordo e as pessoas estão a olhar para o futuro», disse.

Princípio de acordo

Na tarde de ontem, organizações sindicais e patronato alcançaram um princípio de acordo respeitante à negociação do novo convénio colectivo para o sector, que abrange 22 mil trabalhadores.

Dessa forma, fica suspensa a greve por tempo indeterminado que seria iniciada na próxima segunda-feira, caso não houvesse acordo entre as partes, explica a agência Europa Press.

Agora, cabe aos trabalhadores decidir, em plenário a realizar no próximo dia 10, se concordam com o conteúdo ontem negociado e pré-acordado pelas partes.

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