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|Venezuela

Dos armazéns cheios no super de La Urbina à «linha vermelha» de Santos Silva

Um vídeo realizado pela TVS Pueblo mostra que, num supermercado de Caracas, há produtos escondidos nos armazéns e preços não tabelados. As autoridades fiscalizam e comprovam a violação da lei.

As autoridades venezuelanas prenderam responsáveis em várias cadeias comerciais na sequência de acções de fiscalização contra a especulação de preços
As autoridades venezuelanas prenderam responsáveis em várias cadeias comerciais na sequência de acções de fiscalização contra a especulação de preçosCréditos / Correo del Orinoco

No vídeo divulgado na quinta-feira passada, Nubia Capote, repórter da TVS Pueblo, acompanha a Rede de Fiscalização de Supermercados na Venezuela e mostra como há produtos com os preços «extremamente caros» e sem «preços «regulados», ou seja, tabelados de acordo com as normas estabelecidas pelo governo venezuelano no âmbito do Plano de Recuperação Económica.

A cadeia Central Madeirense tem sido alvo de múltiplas denúncias e, no vídeo, tenta-se mostrar a razão de ser disso. No supermercado de La Urbina, em Caracas.

Há prateleiras meio vazias, outras completamente vazias. No momento em que chegam as câmaras, vêem-se funcionários a enchê-las, de modo apressado. Algumas aparecem cheias de repente, ao aperceber-se a gerência do supermercado da presença da fiscalização.

Alguns clientes denunciam que é colocada nas prateleiras uma quantidade muito pequena de determinados produtos, provocando filas e o aumento dos preços.

No vídeo é também possível ver exemplos de açambarcamento de produtos, uma vez que, à escassez nas prateleiras, comprovada pelos clientes, correspondem grandes quantidades guardadas nos armazéns.

A repórter convida uma cliente que comprava um saco de detergente a descer ao armazém, onde descobre que existem centenas de sacos. Chocada com o que vê, afirma que se devia cumprir «o que foi decretado por Nicolás Maduro».

Outro caso apresentado é o de um produto que devia ter o preço tabelado, mas que não tem sequer o preço indicado, «para que, na caixa, cobrem o que bem lhes apetecer». No final, vê-se um indivíduo a ser levado pelas forças policiais.

Reforço da fiscalização sobre a especulação e o açambarcamento

Uma das vertentes da implementação do Plano de Recuperação Económica por parte do executivo de Nicolás Maduro, iniciada a 20 de Agosto, diz respeito à luta contra a «dinâmica especulativa» no país, ao reforço da denúncia e da fiscalização das acções de especulação de preços e de açambarcamento de produtos.

Numa entrevista a um canal de TV venezuelano, no final de Agosto, o director da Superintendencia Nacional para la Defensa de los Derechos Socioeconómicos (Sundde) explicou que as autoridades têm orientações, a nível nacional e local, para se manter em alerta e fiscalizar as acções de especulação «ao lado do povo».

Na mesma altura, o presidente da Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela, Diosdado Cabello, exortou o povo a fazer frente aos comerciantes especuladores, de modo a garantir que estes cumprem os preços estabelecidos para 25 produtos no acordo firmado entre o governo venezuelano e representantes de 35 empresas da agro-indústria.

No seu conhecido programa de TV «Con el Mazo Dando», Cabello insistiu na necessidade de a população venezuelana denunciar os casos de especulação e garantiu que a lei será aplicada aos empresários e produtores que tentarem violar «o acordo de preços justos» aplicado a 25 bens de primeira necessidade.

Portugueses e lusodescendentes detidos na semana passada

No âmbito deste processo de fiscalização, na passada quarta-feira, um grupo de 12 portugueses e lusodescendentes foi detido, acusados de «sabotagem económica», por violação das normas que regulam os preços e impedimento de abastecimento de produtos.

Na sexta-feira, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou que tinham sido presos 34 gerentes e empresários ligados a «grandes supermercados» – das cadeias Central Madeirense e do Excelsior Gama – por «violarem a lei». Entretanto, hoje vieram a público notícias que dão conta da libertação dos portugueses e lusodescendentes, com a obrigação de se apresentarem às autoridades.

No sábado, dia 22, o ministro venezuelano dos Negócios Estrangeiros, Jorge Arreaza, afirmou, via Twitter, que há «mais de 400 mil luso-venezuelanos honestos, trabalhadores, muito respeitados pelo povo da Venezuela», sublinhando que o contributo da comunidade portuguesa «não será maculado pelas acções de um pequeno grupo de empresários».

Santos Silva e a «linha vermelha»

O tom das declarações de Arreaza foi diplomático e conciliador. Já o do ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, fez lembrar o de outros agentes da União Europeia ou da Organização de Estados Americanos, que se dirigem ao país sul-americano num tom claro de ingerência.

Em declarações a órgãos de comunicação portugueses sobre um encontro mantido com Arreaza em Nova Iorque, à margem da 73.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, Santos Silva disse que indicou ao seu homólogo venezuelano que havia uma «linha vermelha» sobre a questão e que, caso não houvesse progressos na superação do problema», isso teria «consequências nas relações bilaterais».

O diplomata português arrogou-se ainda o direito de tecer considerações sobre as medidas económicas de um Estado soberano, afirmando que os portugueses e lusodescendentes foram detidos «por incumprimento de uma lei que é impossível de cumprir» e que são «objecto de iniciativas da parte das autoridades venezuelanas que põem em perigo a sua subsistência».

Parece escapar-lhe a parte da soberania venezuelana, do direito do governo bolivariano tomar as decisões que melhor sirvam os interesses do seu povo, e passar-lhe ao lado o relativo ao facto de os cidadãos em causa – portugueses e lusodescendentes – serem acusados por alegadamente terem cometido crimes pelos quais outros cidadãos venezuelanos têm estado a ser detidos e formalmente acusados.

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