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«2018: ano quente na luta pela terra e contra as medidas golpistas»

Numa entrevista divulgada no portal do MST, Alexandre da Conceição, dirigente nacional do movimento, faz um balanço de 2017, aborda a consolidação do projecto antipopular e neoliberal dos golpistas no Brasil, e fala dos desafios e das mobilizações em perspectiva para 2018.

Sem-terra ocupam Fazenda Esmeralda, de um «amigo» de Temer (interior de São Paulo, 25 de Julho)
Sem-terra ocupam Fazenda Esmeralda, de um «amigo» de Temer (interior de São Paulo, 25 de Julho)Créditos / Mídia Ninja

2018 vai ser um ano de lutas, na senda de 2017, que foi palco de «importantes embates» e em que, mesmo tendo em conta «a correlação de forças desfavorável», «conseguimos impor algumas derrotas aos golpistas», afirma Alexandre da Conceição, membro da direcção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), numa entrevista ontem publicada no portal do movimento. «Isso dá-nos ainda mais força para seguir nas ruas com a tarefa de derrotar o golpe», sublinha.

Para já, está convocada uma «grande jornada» de mobilização em Porto Alegre para 24 de Janeiro, dia em que o antigo presidente da República Lula da Silva vai ser ouvido em segunda instância, depois de ter sido condenado a nove anos e meio de prisão, em Julho último, por alegada prática de corrupção e lavagem de dinheiro. «Querem impedir que Lula dispute as eleições de 2018, consolidando assim o golpe, mas não vamos permitir», afirma o dirigente do MST.

Para além disso – referiu –, vão prosseguir «as lutas unitárias contra a Reforma da Previdência», bem como a «luta pela Reforma Agrária e pelas desapropriações dos latifúndios que visem assentar as mais de 130 mil famílias que seguem acampadas em todo Brasil». Por isso, entende que «2018 será um ano bastante quente na luta pela terra e contra as medidas golpistas».

Avanço do projecto golpista

Em 2017, «os golpistas conseguiram avançar ainda mais no seu projecto antipopular e neoliberal», afirma Alexandre da Conceição, lembrando algumas das consequências dramáticas deste retrocesso para os «anos 80»: «constatamos o retorno da fome, a concentração de terras, cortes nas políticas públicas (...). Estamos hoje num cenário de 7 milhões de brasileiros passando fome extrema, além do aumento da violência do latifúndio contras o povo e a natureza», denunciou.

Sobre o impacto directo no campo das medidas e leis aprovadas neste ano que findou, o dirigente do MST lembrou a aprovação da reforma trabalhista e do trabalho escravo, num «ano difícil também no Congresso Nacional», em que «a bancada ruralista e golpista» teve a força suficiente para aprovar tudo o que quis.

Outros elementos com impacto negativo no campo brasileiro foram as privatizações e o retrocesso na utilização de agrotóxicos. Sobre este último aspecto, Alexandre da Conceição disse que «os laboratórios de veneno» estão, em conjunto com «as transnacionais financiadoras desta bancada ruralista», a fazer «lobby todos os dias em Brasília» para aumentar a liberalização de transgénicos e de maior utilização de veneno na agricultura.

Denunciando que o Brasil é o país que «mais consome veneno na agricultura», o dirigente do MST afirmou que os «parlamentares e o actual executivo têm como meta a entrega da agricultura brasileira aos grandes monopólios internacionais».

Cortes no sector

No que respeita ao Orçamento Geral da União de 2018, aprovado no passado dia 13 de Dezembro, o membro da direcção nacional do MST classificou-o como «uma vergonha», na medida que serve para «beneficiar os ricos e aumentar ainda mais a pobreza e a desigualdade no Brasil».

Para além disso, o orçamento consolida cortes em programas de apoio à produção e comercialização da agricultura familiar, que «gera emprego e renda no campo, e produz alimentos de qualidade»; no programa de assistência técnica ao agricultor – cuja verba foi reduzida em mais de 70%; e num programa de apoio à educação dos agricultores, «criado para levar filhos de camponeses para a universidade», que teve um corte de mais de 60%.

Alexandre da Conceição lembra ainda que o impacto da «PEC da morte», que congela a despesa pública nas áreas sociais, será mais sentida em 2018 – «o que pode significar mais hospitais sem médicos ou medicamentos, escolas sem professor ou merenda escolar... o que nos levará a um atraso sem precedentes».

No entanto, 2017 foi também um ano de «demonstração de forças nas ruas». Nessa senda, o MST e demais movimentos e forças progressistas estarão alerta para o que aí vem em 2018, a começar pela tentativa de aprovação, por parte da «bancada golpista», da Reforma da Previdência, até 19 de Fevereiro. «Os movimentos estarão em alerta para o impedir», afirma.

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