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Morreu Luís Filipe Costa, uma das vozes do 25 de Abril

Foi uma das vozes inconfundíveis da locução nacional. No dia 25 de Abril leu os comunicados do MFA. O jornalista, radialista e realizador Luís Filipe Costa morreu esta madrugada em Lisboa.

Créditos / RTP

O jornalista, radialista, realizador, escritor e argumentista Luís Filipe Costa, voz inconfundível da rádio e da televisão, democrata, antifascista e cidadão empenhado, morreu hoje em Lisboa, aos 84 anos, segundo confirmou à Lusa fonte próxima da família.

O seu nome ficou ligado para sempre à jornada heróica do 25 de Abril como uma das vozes que leram, aos microfones do Rádio Clube Português (RCP), de forma voluntária, os comunicados do Movimento das Forças Armadas.

Esse momento ímpar não apaga, porém, um antes e um depois marcantes na cena cultural portuguesa, em particular no meio radiofónico e televisivo nacional.

Nos anos 60, enquanto director dos serviços de noticiários do RCP, revolucionou a informação radiofónica ao introduzir um estilo de informação conciso, que influenciou sucessivas gerações de jornalistas, e ajudou muitas notícias a passarem as malhas da censura.

A casa da Imprensa atribuiu-lhe o prémio de Melhor Radialista em 1966 e 1974. Pelo meio, a SER (Sociedade Espanhola de Radiodifusão) atribuiu-lhe o prémio com o seu nome, em 1968.

Após o 25 de Abril, Luís Filipe Costa transferiu a sua actividade para a RTP onde realizou filmes de ficção, documentários, peças de teatro e entrevistas. Foi argumentista de 15 trabalhos, realizou 34 filmes de televisão e séries documentais e ficcionais, entre os quais Há só uma Terra, Quem tem medo de Brahms, A Borboleta na Gaiola, Morte D´Homem, e Esquadra de Polícia. Adoptou novelas de ficcionistas portugueses como Mário de Carvalho (Era uma vez um alferes, 1987).

Há Só Uma Terra, pioneira do cinema ecológico em Portugal, recebeu o Prémio da Crítica do Diário de Lisboa para série documental. Quem tem Medo de Brahms, sobre o célebre compositor, o prémio da Rádio Húngara. O filme Morte d'Homem recebeu em 1988 o Grande Prémio do Festival de Cinema para Televisão de Chianchino (Itália) e o 2.º Prémio do Festival Internacional de Cinema da Figueira da Foz.

Pela sua carreira Luís Filipe Costa recebeu o Prémio de Consagração de Carreira (2011) e o primeiro Prémio Igrejas Caeiro (2012), atribuídos pela Sociedade Portuguesa de Autores.

Em 2010 foi condecorado com o Grau de Cavaleiro da Ordem da Liberdade.

Lisboeta e resistente

Luís Filipe Costa nasceu a 18 de Março de 1936 no bairro popular do Martim Moniz, na cidade de Lisboa onde estudou, trabalhou e viveu.

Cedo tomou contacto com a repressão do regime: um seu primo esteve preso sem julgamento pela polícia política, durante vários meses. Aos 15 anos aderiu ao MUD Juvenil, organização que integrava jovens resistentes à ditadura.

Ingressou em Económicas, mas cedo trocou os números pelo teatro e pela rádio.

Frequentou as tertúlias literárias e culturais na capital e retratou essa esquerda boémia do pré-25 de Abril no romance A Borboleta na gaiola (1988), que adaptaria como filme. Assinou igualmente o romance Agora e na hora da sua morte (1988).

Viveu activamente a Revolução dos Cravos. Foi um dos fundadores da cooperativa cinematográfica Cinequanon (1974), que se dedicou à produção de filmes para a televisão, com conteúdos ligados às lutas populares.

Estava casado com a actriz Isabel Medina e é pai do cineasta Pedro Costa.


Uma útil biografia de Luís Filipe Costa, pelo colega Carlos Alberto Henriques (ex-director técnico da RTP), está disponível aqui.

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