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|Sugestões culturais

A juventude de alguns centenários e outras propostas

Efemérides actuais (1917, Papiniano Carlos, Óscar Lopes, M. A. Pina), literatura premiada e não só, cinema raiva, conferências e debates, música com crianças para todos: são as sugestões de Novembro.

Fotograma do filme «Raiva», de Serge Tréfaut (2018), inspirado no romance «Seara de Vento», de Manuel da Fonseca (1958)
Fotograma do filme «Raiva», de Serge Tréfaut (2018), inspirado no romance «Seara de Vento», de Manuel da Fonseca (1958)CréditosFonte: Refnaria Filmes

No próximo dia 7 de Novembro, comemorar-se-ão os 101 anos da Revolução Socialista na Rússia, marco da história moderna, início dos «dez dias que abalaram o mundo», para utilizar a conhecida expressão-título do norte-americano John Reed. Por isso, várias realizações celebram a data: pelas 13 h de sábado, 10 de Novembro, no Centro de Trabalho do PCP Alberto Araújo, em Almada, haverá um almoço comemorativo da Revolução; e, em Faro, está previsto um jantar, pelas 19 h, no Centro de Trabalho local.

Pois bem, mais ou menos um ano depois da Revolução de 1917, mais precisamente a 9 de Novembro de 1918, nascia, na então Lourenço Marques, actual Maputo, o poeta, contista, romancista, autor de crónicas e de livros para crianças, Papiniano Carlos (que nunca esqueceu a sua terra natal, que a ela voltou e sobre ela escreveu também). Por esse motivo, têm sido publicados artigos sobre o escritor e diversos serão, proximamente, os momentos de homenagem à pessoa do intelectual comunista e à obra que deixou.

Papiniano Carlos e Olívia valente Vasconcelos

Com a colaboração do PCP e das Edições Avante!, a exposição «Papiniano Carlos – Escritor Insubmisso» (painéis, documentos, bibliografia) estará patente, de 5 a 24 Novembro, na Biblioteca Municipal da Maia (concelho onde o poeta viveu grande parte da sua vida), prevendo-se uma sessão evocativa, na segunda-feira, 5 de Novembro, pelas 19h.

Também a UPP (Universidade Popular do Porto – Rua da Boavista, 736, estação de metro Carolina Michaëlis) tem programada para 24 de Novembro (hora a confirmar) uma sessão-debate sobre a vida e a obra do autor de Canção, esse poema de ecos lorquianos, evocativo do assassinato de Catarina Eufémia, que Fernando Lopes-Graça haveria de musicar:

Na fome verde das searas roxas
passeava sorrindo Catarina.
Na fome verde das searas roxas
ai a papoila cresce na campina!

Na fome roxa das searas negras
que levas, Catarina, em tua fronte?
Na fome roxa das searas negras
ai devoravam corvos o horizonte!

Na fome negra das searas rubras
ai da papoila, ai de Catarina!
Na fome negra das searas rubras
trinta balas gritaram na campina.

Trinta balas
te mataram a fome, Catarina.

Espírito humanista, bom e generoso – admirador do médico, investigador e artista antifascista Abel Salazar, cujo perfil evocaria numa bela crónica – Papiniano Carlos militou no PCP desde 1949, foi preso várias vezes pela PIDE e destacou-se na resistência ao fascismo e na luta pela liberdade e pela democracia, pelo socialismo e pela paz – causa que o levou a participar, como delegado do Movimento pela Paz, em conferências internacionais realizadas em Sófia, Estocolmo, Budapeste, Bruxelas e Moscovo. Foi, além disso, dinamizador de iniciativas culturais diversas, centradas no Porto, tendo colaborado na imprensa e com o movimento associativo, sobretudo numa época em que os seus caminhos se cruzaram com figuras de relevo da resistência democrática e antifascista, como Virgínia Moura, Lobão Vital, Ruy Luís Gomes, José Morgado, Óscar Lopes, Armando Castro e outros.

Da sua acção destaca-se, no entanto, a co-direcção dos «fascículos de poesia» Notícias do Bloqueio juntamente com Egito Gonçalves, Luís Veiga Leitão, Daniel Filipe, Ernâni Melo Viana e António Rebordão Navarro. Publicados entre 1957 e 1962, Notícias do Bloqueio é hoje considerado, pela crítica, expressão de uma segunda geração neo-realista, assombrada pela ameaça nuclear e pelas tensões da chamada Guerra Fria, mas também activamente empenhada na oposição à ditadura fascista e na luta pela democracia e pelas liberdades

É neste contexto que deve ser lida a poesia de resistência de Papiniano. Se puder, adquira em alfarrabistas ou na OLX a bela edição de A Ave sobre a Cidade (Paisagem, 1973), uma súmula antológica; ou então Sonhar a Terra Livre e Insubmissa (Inova, 1973), antologia em que o editor José da Cruz Santos – com paratexto de apresentação, na badana, provavelmente de Óscar Lopes – reuniu poemas dos três principais poetas de Notícias do Bloqueio: Egito Gonçalves, Luís Veiga Leitão e Papiniano Carlos.

É possível também que ainda encontre, em alguma livraria com fundos editoriais (contam-se pelos dedos) ou em alfarrabistas, o belo livro de contos de cenários durienses e portuenses Terra com Sede, inicialmente editado em 1946 com capa de Júlio Pomar e reeditado pela Campo das Letras; o romance O Rio na Treva (1975), saído com chancela da Inova; ou ainda uma espécie de pequena reportagem sobre a prisão da PIDE, na Rua do Heroísmo, no Porto, nos anos 30, A Memória com Passaporte (Campo das Letras, 1998), um elemento mais para a memória da repressão fascista. Caso queira ler um livro de poemas e contos, As Florestas e os Ventos (1952), que Papiniano editou a expensas suas e foi imediatamente apreendido pela PIDE e proibido, encomende à Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto a edição fac-similada que o investigador Bruno Monteiro fez publicar, com um texto seu de apresentação, graças à AJHLP.

A lírica de Papiniano vai para lá das temáticas ligadas à resistência, à paz, aos combates pela justiça social. A dimensão erótica, a mulher e a infância, o quotidiano e o trabalhador, a homenagem a companheiros de luta e a artistas, a abertura ao mundo (Brasil, Cuba, África, EUA, Coreia…) são outros veios a seguir nesta poética, que ganha, por vezes, um tónus épico e cuja energia retórica se apoia nas figuras da repetição fónica e sintáctica, mas também em imagens e elementos simbólicos distintivos (ave, galo, seara, vento, sangue…).

Mais do que a obra lírica e narrativa «para adultos», ser-lhe-á mais fácil certamente descobrir edições dos livros infantis de Papiniano Carlos que – juntamente com Redol, José Gomes Ferreira, Ilse Losa, Sidónio Muralha, Lília da Fonseca, Matilde Rosa Araújo, Maria Rosa Colaço e, noutro plano, Alice Gomes, Sophia de Mello Breyner Andresen, Maria Cecília Correia – contribuiu para a renovação temática, ideológica e formal/expressiva da nossa escrita para a infância. Este movimento ocorreu sobretudo a partir das décadas de 50-60 do século XX, em parte por influência ainda de um neo-realismo que, nessa época, cada vez mais se abria e esteticamente se polifacetava.

O livro de maior sucesso escrito por Papiniano é, sem dúvida, A Menina Gotinha de Água (1963), numerosas vezes republicado e com boas edições actualmente disponíveis na Porto Editora e na Assírio & Alvim. Com este poema narrativo, em que personifica uma gotinha e recria poeticamente o ciclo da água, Papiniano iniciava um ciclo de obras revelador da sua atracção pelos temas naturais e científicos [como acontecia em A Vida Mágica da Sementinha (1956) de Alves Redol] e pela exaltação do engenho humano e da sua pulsão de progresso. Exemplos encontramo-los em Luisinho e as Andorinhas e O Cavalo das Sete Cores e O Navio, ambos de 1977 (reedições posteriores nas extintas Campo das Letras e Arca das Letras; O Grande Lagarto da Pedra Azul (Caminho, 1986), que é uma incursão, de temática ambientalista, pelo fantástico e pela ficção científica; A Viagem de Alexandra (1989, reedição pela Arca das Letras); Era Uma Vez… (Campo das Letras, 2001); e Uma Estrela Viaja na Cidade: poema dramático (1958, reedição da Trinta por Uma Linha em 2010). Este último constitui um pequeno libelo poético-dramático antibelicista que bem poderia ser utilizado nas nossas escolas, caso nelas houvesse uma estruturada, sistemática e intencional educação interdisciplinar para a paz.

Deixo-lhe, pois, um convite: redescobrir a obra e o perfil cívico de Papiniano Carlos, por ocasião dos cem anos do seu nascimento.

Setúbal, Lisboa, Seixal: solidariedade com a Palestina passa pela cultura

Esteja atento ao sítio na Internet do Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM), para saber pormenores, porque vale a pena uma deslocação a Setúbal, a Lisboa, ao Seixal. Cito a informação disponível: «O MPPM, em colaboração com a Associação José Afonso, a Câmara Municipal do Seixal e o CPPC, e com o apoio da Casa da Cultura de Setúbal, do Grupo Sportivo Adicense e da Casa do Alentejo, promove as Jornadas Solidariedade com a Palestina 2018.»

Em Setúbal haverá uma Tarde Cultural Palestina no domingo, 11 de Novembro, pelas 17h, na Casa da Cultura (Rua Detrás da Guarda, 26 a 34, Setúbal). Programa: exibição do documentário Como foi colonizada a Palestina; e A situação na Palestina, apresentada e debatida por Ana Brito (AJA) e Carlos Almeida (MPPM); poesia palestina dita pela poeta santomense Olinda Beja, acompanhada em viola por Luís d’Almeida. A entrada é livre.

Um Jantar Palestino terá lugar na sexta-feira, 23 de Novembro, 20 h, no Grupo Sportivo Adicense (Rua de São Pedro, 20 (Alfama), Lisboa). A organização é do MPPM com o apoio do Grupo Sportivo Adicense e confecção do Chef Ashraf Hajleh. Em suma, «uma jornada de partilha cultural, de convívio e de solidariedade com o povo palestino».

Refugiados palestinianos durante a Nakba de 1948 Créditos

Quanto ao Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino, terá lugar na quinta-feira, 29 de Novembro, pelas 18h, na Casa do Alentejo, em Lisboa. Prevista está uma sessão pública comemorativa desse Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino «instituído pelas Nações Unidas em 1977 para evocar a data em que, em 1947, a Assembleia Geral da ONU adoptou a resolução 181 (II) que preconizava a partilha da Palestina em dois Estados – um judaico e um árabe – com um estatuto especial para Jerusalém, mas que jamais foi cumprida no que respeita à criação do Estado Palestino». A entrada é livre.

O seminário «Palestina: História, Identidade e Resistência de um País Ocupado» realizar-se-á, por seu lado, na sexta-feira, 30 de Novembro, nos Serviços Centrais da Câmara Municipal do Seixal, entre as 9h30 e o final da tarde.

O Bando dos Gambozinos e o aniversário de Manuel António Pina

Novembro é o mês em que Manuel António Pina (1943-2012) (poeta, ficcionista, escritor de crónicas, dramaturgo, autor de magníficos livros-infantis-para-todos) faria anos.

Também em 2017, fez 30 que foi gravado o disco O Beco dos Gambozinos, com poemas de Pina e música de Suzana Ralha (a mentora do projecto) e não só. A interpretação, claro, é do Bando dos Gambozinos, notável projecto educativo e artístico que honra a cidade do Porto, pois trata-se de uma escola bem peculiar e de um grupo musical em cujas gravações é possível escutar canções com poemas de Pina, Luísa Ducla Soares, Matilde Rosa Araújo, Regina Guimarães, Álvaro Magalhães, Jorge Sousa Braga, João Pedro Mésseder, José Vaz e outros). O Bando, composto por crianças e jovens, também tem desenvolvido, ao longo dos anos, colaborações com José Mário Branco, Sérgio Godinho, Jorge Constante Pereira, Amélia Muge, Teresa Muge, Fernando Lapa e outros. Assim, festeja-se o mês com a apresentação do espectáculo O Beco… «que, apesar de ter corrido o país, há muito tempo não sobe ao palco» – como se pode ler na informação disponível. A apresentação será no dia 3 de Novembro, sábado, no Teatro Helena Sá e Costa, no Porto, com duas sessões, às 17h e às 21.30h. 

Ah, e se quiser saber tudo sobre a escrita para a infância e a juventude de Manuel António Pina, leia o estudo, fundamental, Presença e Significado de Manuel António Pina na Literatura Portuguesa para a Infância e a Juventude (Fundação Calouste Gulbenkian e Fundação para a Ciência e a Tecnologia, 2013), da autoria de Sara Reis da Silva, especialista incontestável na obra de Pina, professora e investigadora da Universidade do Minho.

Famalicão: a América do Norte pela voz de um investigador

O investigador e professor universitário João Medina irá encerrar, no próximo dia 9 de Novembro, o Ciclo de Conferências de 2018 do Museu Bernardino Machado, em Famalicão. Nesta conferência evocativa das suas relações com a América do Norte e a cultura americana, João Medina evoca três períodos distintos da sua vida, os quais correspondem, naturalmente também, a períodos históricos diferenciados, com os eventos político-culturais que os marcaram, e que a ele igualmente marcaram.

Tintoretto em Santo Tirso: arte, investigação, música antiga

O Museu Municipal Abade Pedrosa, em Santo Tirso, realiza, a 17 de Novembro, o que antecipamos ser um interessantíssimo colóquio em torno do pintor maneirista Tintoretto (1518-1594) e do quadro que lhe é atribuído, A adoração dos Reis Magos

O programa, muito aliciante, inclui uma parte que terá lugar no Mosteiro de Singeverga e, no final, a projecção de um filme sobre Jacopo e Domenico Tintoretto, participando, entre outros, os investigadores e estudiosos Carlos Pinho e Ana Maria Príncipe, Vítor Serrão, José Alberto Gomes Machado, Bernardino Ferreira da Costa e o músico e musicólogo Manuel Morais. Com uma comissão científica de base, a jornada termina, à noite, com um concerto pelos Segréis de Lisboa, que interpretarão música da época de Tintoretto.

Um debate sobre literatura para crianças e jovens

A 10 de Novembro, numa iniciativa da Ordem dos Médicos à qual a Poética Edições, de Braga, foi chamada a levar os seus autores, terá lugar um debate em torno da literatura para a infância e a juventude. A conversa será moderada pela jornalista Rita Costa (programa Pais e Filhos, TSF). O evento tem início com um jantar e prolonga-se pelo serão. Do programa consta, ainda, um momento musical. É na Secção Regional Norte da Ordem dos Médicos (Rua Delfim Maia, 405, Porto).

Cinema: a Raiva, tão necessária, de Sérgio Tréfaut

Por estes dias, o acontecimento cinematográfico nacional é a exibição do novo filme de ficção Raiva, de Sérgio Tréfaut, baseado no extraordinário romance de Manuel da Fonseca, Seara de Vento (1958). Depois de ter encerrado em Maio o IndieLisboa e de ter sido exibido noutros festivais, Raiva surge agora nos cinemas, em Lisboa, Porto, Coimbra e Évora. Poder e pobreza, revolta e luta parecem ser alguns dos temas fulcrais de um filme que se inspira num dos grandes livros de ficção do neo-realismo português, focado no Alentejo dos latifúndios, em pleno fascismo. Um livro em que se sente o sopro do vento – do princípio ao fim ele sopra, o vento real; mas sopram também os ventos da indignação e da conquista gradual da consciência de classe, da urgência de mudar o mundo.

António Pescada, Ana Margarida de Carvalho, Óscar Lopes (um escrito inédito) e Francesca Sanna

Já lembrei Papiniano e Manuel António Pina e sugeri ou indiciei a necessidade de regressar às escritas de ambos, tão diferentes uma da outra.

Grandes Prémios: de Tradução e de Conto

Pois bem, não esqueçamos que António Pescada, um tradutor de grande nível, acaba de vencer o Grande Prémio de Tradução, por trabalhos recentes para a Relógio d’Água e a Sextante, atribuído pela Associação Portuguesa de Tradutores. Pesquise a extensa lista de excelentes traduções de Pescada e faça a sua selecção. Eu sugiro, uma vez mais, a sua versão de A Mãe, de Gorki, das Edições Avante!, e as suas traduções de Dostoievski. 

Também Ana Margarida de Carvalho acaba de ganhar o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco, da Associação Portuguesa de Escritores com apoio da Câmara Municipal de Famalicão, pelo livro Pequenos Delírios Domésticos (Relógio d'Água). O júri decidiu por unanimidade e, segundo o seu comunicado, «trata-se de um conjunto de contos que surpreende o leitor pela invulgar actualidade temática e sociológica (dos incêndios que devastaram o país, em 2017, aos dramas íntimos de portugueses convertidos ao estado islâmico, de refugiados sírios num lar de velhos ou de uma mulher tunisina que dá à luz num barco apinhado de gente durante a travessia do Mediterrâneo, entre outros)». Na acta, o júri salienta ainda, nestas histórias, «um notável trabalho de precisão e depuramento da palavra» e «um olhar atento aos dramas humanos, independentemente do lugar mais ou menos doméstico que lhes serve de palco». A não perder, pois, este livro de contos de Ana Margarida de Carvalho.

Óscar Lopes: um inédito em tempo de centenário

Ainda uma chamada de atenção para o encerramento das comemorações do centenário do nascimento de Óscar Lopes (1917-2013), que dirigiu os destinos da Faculdade de Letras do Porto, entre 1974 e 1976.

Além de ter sido a Figura Eminente da Universidade do Porto em 2018, com um rico programa de comemorações que englobou exposição, conferências e colóquios, é o fecho desse mesmo programa, a 22 de Novembro, que deve agora merecer a nossa melhor atenção. Pelas 18h, na Reitoria da Universidade do Porto, terá lugar uma conferência a duas vozes sobre «Óscar Lopes: Música e Literatura». A protagonizá-la estarão o musicólogo Mário Vieira de Carvalho e o maestro José Luís Borges Coelho, Doutor Honoris Causa da Universidade do Porto e fundador do Coral de Letras da Universidade do Porto, que actuará no final da sessão. Se estiver pelo Porto, ou perto, não falte.

Quase a terminar, um acontecimento literário: a recentíssima saída de um escrito inédito de Óscar Lopes, publicado em livro pela Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto que, desse modo, encerra também o seu programa de comemorações do centenário em torno de um dos seus mais relevantes e prestigiados sócios: o autor da Gramática Simbólica do Português.

Com um bom prefácio de Lídia Jorge e um bom texto posfacial de José Manuel Mendes, o livro intitula-se Um Bater-nos o Coração do Mundo no Coração: Carta-Ensaio de Amor e é ilustrado por três belíssimas pinturas de um artista plástico notável, António Fernando, que muito valorizam a publicação. Compreende, ainda, a reprodução fac-similada do dáctilo-escrito.

Como escreve Lídia Jorge, «consta que esta carta terá sido escrita durante a Primavera de 1955, estando Óscar Lopes prisioneiro nos calabouços da PIDE, no Porto». O que direi é: quem poderá deixar de ler esta epístola magnífica e interpelante sobre o amor, a mulher, a paixão, com tanto de poético como de ensaístico, com tanto de densamente filosófico como de luminoso? Repito-me: a publicação desta obra, breve mas preciosa, constitui um acontecimento.

Para todos

Para jovens e crianças – diria antes: para todos – faça o favor de não perder o magnífico álbum narrativo ilustrado, A Viagem (Fábula, 2018), da italiana Francesca Sanna, em tradução de Susana Cardoso Ferreira. Trata-se de uma recriação tocante, visualmente muito bela, da tragédia dos migrantes e refugiados do Mediterrâneo e da entrada na Europa dos que conseguem sobreviver. Obrigatório ler, ver, desfrutar, pensar.

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