Mensagem de erro

User warning: The following module is missing from the file system: standard. For information about how to fix this, see the documentation page. in _drupal_trigger_error_with_delayed_logging() (line 1143 of /home/abrilabril/public_html/includes/bootstrap.inc).

|cinema

IndieLisboa não falha 2020

O festival de cinema vai realizar-se entre 25 de Agosto e 5 de Setembro. O anúncio foi feito simbolicamente na data em que deveria estrear-se a sua 17.ª edição.

«Eyimofe / This Is My Desire» (2020), dos realizadores nigerianos Arie Esiri and Chuko Esiri, é uma das películas em destaque no IndieLisboa deste ano
«Eyimofe / This Is My Desire» (2020), dos realizadores nigerianos Arie Esiri and Chuko Esiri, é uma das películas em destaque no IndieLisboa deste anoCréditos / IndieLisboa

O IndieLisboa adia mas não falha 2020. No dia 30 de Abril, em que o festival deveria começar, a sua direcção apresentou, «simbolicamente», «grande parte da programação» da 17.ª edição do IndieLisboa - Festival Internacional de Cinema, que decorrerá de 25 de Agosto a 5 de Setembro no Cinema São Jorge, na Culturgest, non Cinema Ideal e na Cinemateca Portuguesa.

A organização promete «trazer aos espectadores o melhor e mais recente cinema nacional e internacional nas salas habituais» com «uma programação transversal que cruza fronteiras, aproxima culturas e dá voz a movimentos que vêm marcando a história».

A nota de imprensa do IndieLisboa, que este ano decorre sob o signo de uma «forte presença africana», como assinala a organização, destaca as retrospectivas do realizador e escritor senegalês Ousmane Sembène e do Fórum da Berlinale-Festival Internacional de Cinema de Berlim, cuja primeira edição celebrará proximamente o seu 50.º aniversário.

Mais de quarenta filmes – doze longas e trinta e uma curtas-metragens – participarão na competição internacional, «uma das mais aguardadas do festival».

Nas longas-metragens o destaque vai para o senegalês Mamadou Dia (Nafi's father) e os nigerianos Arie Esiri e Chuko Esiri (This Is My Desire) mas também para a cinematografia espanhola e latino-americana, com El Año del Descubrimiento, de Luis López Carrasco; Lúa Vermella, de Lois Patiño; Si yo fuera el invierno mismo, da argentina Jazmin Lopez, com direcção de fotografia do português Rui Poças. Na competição estão ainda o documentário L’Île aux oiseaux, dos luso-suíços Maia Kosa e Sérgio da Costa.

Na competição de curtas destaca-se o francês Tendre, de Isabel Pagliai, e um conjunto de jovens autores, entre os quais Adinah Dancyger (Moving); Jocelyn Charles, Jules Bourges, Nathan Harbonn Viaud e Pierre Rougemont (Déjeuner sur l’herbe); ou Henrique Arruda, que estreou a fábula queer Os Últimos Românticos do Mundo (2020) no último festival de Tiradentes e constitui «uma das fortes apostas deste festival».

Na secção Silvestre, em que «a singularidade é a norma» e se dá lugar a «obras que rejeitem fórmulas consagradas, que despertem novas linguagens e cuja rebeldia espelhe o espírito do festival», o foco estará sobre a realizadora franco-senegalesa Mati Diop, que competiu com a sua primeira longa-metragem Atlantique no Festival de Cannes e da qual serão passadas todas as curtas anteriores, entre as quais Liberian Boy (2015) e Mille Soleils (2013). A edição deste ano traz os últimos trabalhos de autores reconhecidos, como Bruno Dumont (Jeanne) mas também novas vozes como as do colectivo The Living and the Dead Ensemble, que com o seu Ouvertoures imaginam o regresso do revolucionário Toussaint Louverture ao Haiti de hoje.

Fotograma do documentário «Sembene!» (2015), de Samba Gadjigo e Jason Silverman, sobre a figura do realizador senegalês Ousmane Sembéne (1923 - 2007), considerado o pai do cinema africano Créditos

As retrospectivas no Indie

Ousmane Sembène (1923-2007) foi uma das mais marcantes figuras da cultura africana no século XX. Natural da região de Casamansa, na fronteira com a Guiné-Bissau, no final da Segunda Guerra Mundial estabeleceu-se em França, onde trabalhou como estivador, aderiu ao marxismo militante e se bateu pela independência da Argélia e dos povos da Indochina. Estreia-se na literatura em 1956 com O estivador negro mas é com Os pedaços de madeira de Deus (1960), que relata uma greve de ferroviários senegaleses, que atinge a notoriedade literária. Em paralelo com a actividade de escritor (escreveu nove romances, três dos quais traduzidos em Portugal) interessa-se pelo cinema e frequenta a escola VGIK, em Moscovo. Em 1962 realiza a curta-metragem O carreteiro e, em 1966, a sua primeira longa-metragem, A negra de…, que recebe no mesmo ano o Prémio Jean Vigo e com a qual se afirma, desde logo, como «um dos pioneiros do cinema africano». Vários dos seus filmes, que constituem «um testemunho apaixonante sobre a África do século XX», foram reconhecidos e premiados em festivais internacionais, o último dos quais Moolaadé (2003), segundo filme de um tríptico inacabado sobre a condição da mulher africana, que denuncia a mutilação genital feminina. Ousmane Sembène recebeu o prémio de carreira do Festival Internacional do Filme (Moscovo, 1979), o Harvard Film Archive (Boston, 2001) e, em 2006, a poucos meses da sua morte, as insígnias de cavaleiro da Legião de Honra – a antiga potência reparava a interdição, durante dez anos, à circulação de O campo de Thiaroye (1988), uma virulenta crítica ao massacre pelo colonialismo francês, em Dezembro de 1944, de soldados senegaleses enviados para França para combater os nazis. O IndieLisboa passará nove longas e quatro curtas-metragens do realizador, entre as quais se contam as obras acima mencionadas.

O Fórum da Berlinale realiza-se no âmbito do Festival Internacional de Cinema de Berlim desde 1971, sob a gestão autónoma do Arsenal - Instituto de Cinema e Vídeo Arte, para divulgar um cinema politicamente comprometido e que põe em causa o status quo. Este ano o IndieLisboa promove, em colaboração com o Goethe-Institut Portugal e com a Cinemateca Portuguesa, «uma selecção que integra alguns dos filmes exibidos na sua primeira edição», obras que, ao abordarem «temáticas como as lutas anti-coloniais, os direitos das mulheres e os direitos LGBTQ, abriram novas estradas políticas e cinematográficas». Serão passados doze filmes – seis longas e seis curtas – entre os quais Monangambé (1969), da cineasta Sarah Maldoror, recentemente falecida.

A programação completa para o IndieLisboa 2020 estará disponível, a partir do final de Julho, no site e aplicação oficiais do festival, onde poderão ser ainda descobertos os filmes portugueses que integram a Competição Nacional, a secção Novíssimos e as Sessões Especiais, além da programação completa das actividades paralelas: as oficinas e actividades do IndieJúnior, as novidades do IndiebyNight, o programa de eventos para a indústria – as LisbonTalks – assim como os vários momentos de encontro entre o cinema e outras áreas artísticas.

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui