«A valorização da música portuguesa e em língua portuguesa foi e é a prioridade da Festa do Avante!. As nossas maiores apostas e investimentos direccionam-se sempre nesse sentido», assegura Madalena Santos. «Claro que é bom, com o fim das restrições, poder abrir o programa e dar voz a músicas internacionais que habitualmente estão fora do radar dos grandes concertos comerciais».
O concerto sinfónico desta edição celebra os 100 anos do PCP, «entre movimentos revolucionários nos quais a arte musical se envolveu e revoluções estéticas que a própria criação sonora concebeu». A organização da Festa do Avante! divulgou, no seu site, um dossier em que junta artigos, biografias e imagens sobre a música e os artistas, do passado e do presente, que farão parte do concerto comemorativo do centenário do PCP. Há, desde logo, uma novidade. A plateia é com lugares sentados. O AbrilAbril conversou com Madalena Santos, da direcção da Festa do Avante!, sobre o regresso do concerto de música clássica ao palco 25 de Abril, que este ano é dedicado ao centenário do PCP. AbrilAbril (AA): Teremos de novo música clássica, depois de um ano em que esta tradição foi interrompida pelas condicionantes da pandemia de Covid-19. É um concerto adiado ou é um programa totalmente novo? Madalena Santos (MS): Este concerto foi integral e especialmente pensado para a comemoração do 100.º aniversário do PCP. E isso pode ser reconhecido, desde logo, no próprio lema do concerto: «A revolução na arte e a arte na revolução». No ano passado, a Comissão de Espectáculos da Festa do Avante! tinha de facto pensado e terminado a concepção de um programa em torno de um concerto de comemoração dos 250 anos do nascimento de Beethoven, mas por razões que se prendem com a pandemia e as recomendações de distanciamento entre músicos, não foi possível, nem era prudente, avançar com a ideia de ter em palco uma orquestra sinfónica. De alguma forma, este ano, ao incluirmos no programa dos primeiros andamentos de três sinfonias de Beethoven (da Sinfonia n.º 3, da Sinfonia n.º 5 e da Sinfonia n.º 7), pretendemos explicitar e fundamentar, tal como referido num dos textos que integram o suplemento do jornal Avante! sobre o concerto, que Beethoven também deve ser considerado um revolucionário no seu tempo. Mas o cerne principal do programa é a comemoração do 100.º aniversário do PCP. E isso está bem presente em diversos aspectos. Desde logo, na escolha das canções da Comuna de Paris, uma vez que se comemora também este ano o seu 150.º aniversário. Também nas canções seleccionadas de Hanns Eisler – compositor ainda muito desconhecido entre nós – com um concerto que pode contribuir para a divulgação da sua obra e, sobretudo, dar a conhecer também o seu compromisso entre a criação artística e a transformação da vida. E finalmente em três das Canções Heróicas de Lopes-Graça, autor que também sempre assumiu com determinação a sua arte como um compromisso com a luta do povo e das classes oprimidas. Nessa linha, fizemos ainda um convite a três jovens compositores portugueses para conceberem arranjos para essas canções da Comuna de Paris, de Eisler e de Lopes-Graça, que fossem pensadas para a voz da mezzo-soprano Cátia Moreso. Finalmente, a celebração do aniversário do PCP expressa-se ainda na peça final de encerramento do concerto, a «Abertura Clássica sobre um tema popular português, Op. 87», de Vitorino d’ Almeida, que é um trabalho sobre a «Carvalhesa» e cuja última actualização feita pelo autor do arranjo de 1991 será pela primeira vez tocada na Festa. Achamos, por isso, que este concerto é a melhor forma que encontrámos para celebrar o 100.º aniversário de um Partido que lutou, luta e continuará a lutar pela transformação da sociedade e que sempre assumiu a defesa da total liberdade criativa na arte e o direito do artista em ser um agente transformador da vida, como aliás está conceptualizado no ensaio de Álvaro Cunhal A Arte, o Artista e a Sociedade. AA: Na Festa há música de intervenção e de luta em todos os palcos. O concerto de música clássica talvez seja o menos associado à intervenção política mas este ano a coincidência é total. MS: Eu não estaria muito de acordo com a ideia de que o concerto de música clássica, assim designado, seja o menos associado à intervenção política. Se considerarmos todos os concertos de música clássica realizados na Festa, verificamos que todos eles, sem excepção, têm um lema, pretendem assumir e defender uma ideia. Três exemplos: «Concerto sinfónico para um glorioso aniversário - 40 anos de Festa do Avante!» (2016); «Concerto Sinfónico em louvor do Homem - a música sinfónica na celebração do II centenário do Nascimento de Karl Marx» (2018); aquando da realização da Grande Gala de Ópera (2009) o texto explicativo do concerto referia: «Tomando como princípio de que a presença da Arte concorre para a elevação intelectual do ser humano, bem como para a melhoria da sua qualidade de vida (...)». AA: Três jovens músicos a pensar o programa é uma forma de aproximar a juventude a este espectáculo? MS: Pretende ser muito mais do que isso, até porque não estou muito ciente de que os jovens se afastam da música clássica. Essa seria uma discussão muito interessante para podermos ter no que ao interesse dos jovens diz respeito, em particular na dita tipologia da música. O convite feito a estes três jovens compositores, Ana Seara, Carlos Garcia e Filipe Melo, que se assumem hoje com um papel muito interventivo no panorama da criação artística musical em Portugal, é também um reconhecimento desta sua intervenção. É que todos eles apresentam um curriculum multifacetado, de colaboração com vários projectos em áreas até muito diversas e que vão para além da música dita clássica, ou mesmo do jazz. Todos eles têm recebido inúmeros prémios e reconhecimento nacionais e internacionais, estão ligados ao ensino da música, dominam linguagens artísticas muito diversificadas (como é por exemplo o caso de Filipe Melo com a sua ligação ao cinema, à televisão, à BD, e à literatura). AA: E o que vem de novo sobre a «Carvalhesa»? MS: Bom, a «Carvalhesa» não é só o hino da Festa do Avante! como alguns já lhe chamam. A «Carvalhesa», como sabemos, surgiu de uma necessidade objectiva de criação de um tema musical para a campanha eleitoral da CDU em 1985. Desde logo, pensou-se na escolha de um tema popular que pudesse ser transformado e adaptado por diversos artistas convidados a elaborarem distintos formatos (Música Popular Portuguesa, rock, jazz, fusão e clássica). E essa escolha recaiu sobre um tema popular recolhido por Michel Giacometti na aldeia de Tuiselo (Bragança). A versão mais insistentemente tocada, logo a mais reconhecida por todos, é de facto a versão MPP da qual os visitantes da Festa se apropriaram de tal forma que elaboraram até uma coreografia específica, que passou a ser dançada em todas as aberturas e encerramentos dos Palcos da Festa. A versão clássica, da autoria do Maestro Vitorino d'Almeida, ou para sermos mais precisos, «Abertura Clássica sobre um tema popular português, Op. 87 (1991)», tem merecido do seu autor uma atenção muito especial, dado que desde 1991, quando se gravou a primeira versão, a tem modificado e aperfeiçoado. A versão que este ano ouviremos na Festa terá essas novidades e recriações. Não há Festa sem «Carvalhesa» e portanto, esta seria a forma mais espectacular e gloriosa de terminarmos este concerto comemorativo dos 100 anos do PCP. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. «Desde os tempos das guerras napoleónicas até ao século XXI», o concerto sinfónico da 45.ª edição da Festa do Avante explora três momentos musicais, distintos entre si, mas que partilham um mesmo espírito rebelde na sociedade, seja por convicção revolucionária ou pela transformação estética que preconizaram. Os três primeiros andamentos de três sinfonias de Beethoven, que deram um novo rumo «à música ocidental e iniciaram o chamado período Romântico», vão ser interpretados pela orquestra Sinfonietta de Lisboa, fundada em 1995, e que tem como director artístico e maestro titular, Vasco Pearce de Azevedo. A Sinfonia n.º 3 em Mib Maior, Op. 55, Sinfonia n.º 5 em Dó Menor, Op. 67 e a Sinfonia n.º 7 em Lá Maior, Op. 92, são exemplo, como assegurava Álvaro Cunhal, de que a «criatividade artística, mesmo quando parte de certas "regras" acaba por modificá-las, ultrapassá-las e superá-las», atribuíndo-lhe características distintamente revolucionárias. A Sinfonietta de Lisboa tem sido convidada, desde 2004, a realizar o concerto de abertura da Festa do Avante!, tendo já acompanhado solistas como Pedro Burmester, António Rosado e Mário Laginha. Nesta edição, o papel cabe a três jovens compositores portugueses, incumbidos de apresentar as suas interpretações sinfónicas originais sobre canções revolucionárias, com temas da Comuna de Paris, de Hanns Eisler e de Fernando Lopes-Graça. Filipe Melo, pianista dedicado ao Jazz e à improvisação, formado na Berklee College of Music e com trabalho nas áreas do cinema e da banda desenhada, vai trabalhar sobre três canções da Comuna de Paris, La Canaille de Alexis Bouvier e Joseph Darcier, Chants des Ouvriers de Pierre Dupont e Le Temps des Cerises de Jean Baptiste Clément e Antoine Renard. As três canções de Hanns Eisler, que compôs o Hino da República Democrática da Alemanha e que foi íntimo colaborador de Bertold Brecht, serão interpretadas por Carlos Garcia, professor, pianista e compositor que actualmente trabalha na Escola Superior de Música de Lisboa. Os temas apresentados são a Canção da Solidariedade, Canção da Frente Unida e a Canção dos trabalhadores – Hino do Komintern. Ana Seara, directora pedagógica da Academia de Música de Lisboa e professora na Escola Superior de Música de Lisboa, tem a seu cargo três Canções Heróicas de Fernando Lopes-Graça, nome maior da música Portuguesa do séc. XX e militante do PCP: Companheiros, Unidos!; Canção de Catarina e Acordai. A 45.ª edição, que se vai realizar nos dias 3, 4 e 5 de Setembro na Atalaia, Amora, Seixal, mantém a opção de convidar «artistas portugueses, de língua portuguesa ou residentes em Portugal», mas desta vez, é a duplicar. A Festa do Avante! divulgou hoje o programa de concertos e espectáculos que vai animar os mais de 30 hectares do recinto da Quinta da Atalaia com «música, teatro e cinema, e também desporto, artes plásticas, ciência, exposições, debates, apresentações de livros e onde não faltarão a gastronomia, os produtos regionais e o artesanato e muitos mais motivos de interesse». Entre as novidades apresentadas pela organização destacam-se os duetos entre artistas, «com carreiras ligadas a Portugal», de diferentes géneros e gerações, permitindo ao público assistir a concertos completamente únicos e irrepetíveis, preparados exclusivamente para ser apresentados nos vários palcos da Festa do Avante!. Anunciados estão já nomes como Manel Cruz e Aldina Duarte, Tim e Teresa Salgueiro, HMB e Lena D’Água, Brigada Victor Jara e Zeca Medeiros ou Prétu Xullaji e Scúru Fitchadú, Tristany e Cachupa Psicadélica que, entre muitos outros, vão partilhar os palcos com os Linda Martini, Budda Power Blues & Maria João e o guitarrista Pedro Jóia. À confirmação destes primeiros 44 artistas juntar-se-ão outras, que serão divulgadas pela organização até Setembro. A pluralidade dos géneros musicais, «um critério que desde a primeira edição, em 1976, tem sido deliberada e escrupulosamente cumprido», é este ano reforçada com a música techno e electrónica da DJ Violet, «artista residente na mina – uma rave queer em espaços improváveis» que o mês passado assinou um manifesto, ao lado de nomes como os de Roger Waters e Rage Against the Machine, em solidariedade com o povo palestiniano. O AbrilAbril conversou com Madalena Santos, da direcção da Festa do Avante!, sobre o regresso do concerto de música clássica ao palco 25 de Abril, que este ano é dedicado ao centenário do PCP. AbrilAbril (AA): Teremos de novo música clássica, depois de um ano em que esta tradição foi interrompida pelas condicionantes da pandemia de Covid-19. É um concerto adiado ou é um programa totalmente novo? Madalena Santos (MS): Este concerto foi integral e especialmente pensado para a comemoração do 100.º aniversário do PCP. E isso pode ser reconhecido, desde logo, no próprio lema do concerto: «A revolução na arte e a arte na revolução». No ano passado, a Comissão de Espectáculos da Festa do Avante! tinha de facto pensado e terminado a concepção de um programa em torno de um concerto de comemoração dos 250 anos do nascimento de Beethoven, mas por razões que se prendem com a pandemia e as recomendações de distanciamento entre músicos, não foi possível, nem era prudente, avançar com a ideia de ter em palco uma orquestra sinfónica. De alguma forma, este ano, ao incluirmos no programa dos primeiros andamentos de três sinfonias de Beethoven (da Sinfonia n.º 3, da Sinfonia n.º 5 e da Sinfonia n.º 7), pretendemos explicitar e fundamentar, tal como referido num dos textos que integram o suplemento do jornal Avante! sobre o concerto, que Beethoven também deve ser considerado um revolucionário no seu tempo. Mas o cerne principal do programa é a comemoração do 100.º aniversário do PCP. E isso está bem presente em diversos aspectos. Desde logo, na escolha das canções da Comuna de Paris, uma vez que se comemora também este ano o seu 150.º aniversário. Também nas canções seleccionadas de Hanns Eisler – compositor ainda muito desconhecido entre nós – com um concerto que pode contribuir para a divulgação da sua obra e, sobretudo, dar a conhecer também o seu compromisso entre a criação artística e a transformação da vida. E finalmente em três das Canções Heróicas de Lopes-Graça, autor que também sempre assumiu com determinação a sua arte como um compromisso com a luta do povo e das classes oprimidas. Nessa linha, fizemos ainda um convite a três jovens compositores portugueses para conceberem arranjos para essas canções da Comuna de Paris, de Eisler e de Lopes-Graça, que fossem pensadas para a voz da mezzo-soprano Cátia Moreso. Finalmente, a celebração do aniversário do PCP expressa-se ainda na peça final de encerramento do concerto, a «Abertura Clássica sobre um tema popular português, Op. 87», de Vitorino d’ Almeida, que é um trabalho sobre a «Carvalhesa» e cuja última actualização feita pelo autor do arranjo de 1991 será pela primeira vez tocada na Festa. Achamos, por isso, que este concerto é a melhor forma que encontrámos para celebrar o 100.º aniversário de um Partido que lutou, luta e continuará a lutar pela transformação da sociedade e que sempre assumiu a defesa da total liberdade criativa na arte e o direito do artista em ser um agente transformador da vida, como aliás está conceptualizado no ensaio de Álvaro Cunhal A Arte, o Artista e a Sociedade. AA: Na Festa há música de intervenção e de luta em todos os palcos. O concerto de música clássica talvez seja o menos associado à intervenção política mas este ano a coincidência é total. MS: Eu não estaria muito de acordo com a ideia de que o concerto de música clássica, assim designado, seja o menos associado à intervenção política. Se considerarmos todos os concertos de música clássica realizados na Festa, verificamos que todos eles, sem excepção, têm um lema, pretendem assumir e defender uma ideia. Três exemplos: «Concerto sinfónico para um glorioso aniversário - 40 anos de Festa do Avante!» (2016); «Concerto Sinfónico em louvor do Homem - a música sinfónica na celebração do II centenário do Nascimento de Karl Marx» (2018); aquando da realização da Grande Gala de Ópera (2009) o texto explicativo do concerto referia: «Tomando como princípio de que a presença da Arte concorre para a elevação intelectual do ser humano, bem como para a melhoria da sua qualidade de vida (...)». AA: Três jovens músicos a pensar o programa é uma forma de aproximar a juventude a este espectáculo? MS: Pretende ser muito mais do que isso, até porque não estou muito ciente de que os jovens se afastam da música clássica. Essa seria uma discussão muito interessante para podermos ter no que ao interesse dos jovens diz respeito, em particular na dita tipologia da música. O convite feito a estes três jovens compositores, Ana Seara, Carlos Garcia e Filipe Melo, que se assumem hoje com um papel muito interventivo no panorama da criação artística musical em Portugal, é também um reconhecimento desta sua intervenção. É que todos eles apresentam um curriculum multifacetado, de colaboração com vários projectos em áreas até muito diversas e que vão para além da música dita clássica, ou mesmo do jazz. Todos eles têm recebido inúmeros prémios e reconhecimento nacionais e internacionais, estão ligados ao ensino da música, dominam linguagens artísticas muito diversificadas (como é por exemplo o caso de Filipe Melo com a sua ligação ao cinema, à televisão, à BD, e à literatura). AA: E o que vem de novo sobre a «Carvalhesa»? MS: Bom, a «Carvalhesa» não é só o hino da Festa do Avante! como alguns já lhe chamam. A «Carvalhesa», como sabemos, surgiu de uma necessidade objectiva de criação de um tema musical para a campanha eleitoral da CDU em 1985. Desde logo, pensou-se na escolha de um tema popular que pudesse ser transformado e adaptado por diversos artistas convidados a elaborarem distintos formatos (Música Popular Portuguesa, rock, jazz, fusão e clássica). E essa escolha recaiu sobre um tema popular recolhido por Michel Giacometti na aldeia de Tuiselo (Bragança). A versão mais insistentemente tocada, logo a mais reconhecida por todos, é de facto a versão MPP da qual os visitantes da Festa se apropriaram de tal forma que elaboraram até uma coreografia específica, que passou a ser dançada em todas as aberturas e encerramentos dos Palcos da Festa. A versão clássica, da autoria do Maestro Vitorino d'Almeida, ou para sermos mais precisos, «Abertura Clássica sobre um tema popular português, Op. 87 (1991)», tem merecido do seu autor uma atenção muito especial, dado que desde 1991, quando se gravou a primeira versão, a tem modificado e aperfeiçoado. A versão que este ano ouviremos na Festa terá essas novidades e recriações. Não há Festa sem «Carvalhesa» e portanto, esta seria a forma mais espectacular e gloriosa de terminarmos este concerto comemorativo dos 100 anos do PCP. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. O espectáculo de música clássica tem como mote a comemoração do centenário do PCP. Com o nome «A Revolução na Arte e a Arte na Revolução» é de salientar as «orquestrações sinfónicas originais sobre canções revolucionárias, com temas da Comuna de Paris, de Hanns Eisler e de Fernando Lopes-Graça. O trabalho de recriação destas canções foi entregue a três jovens compositores portugueses: Filipe Melo, Carlos Garcia e Ana Seara.» A organização da Festa do Avante! garante o cumprimento de todas as normas de segurança e saúde, para mostrar «que é possível viver a vida, conviver e usufruir da arte e da cultura ao mesmo tempo que se protege a saúde». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. O encerramento do espectáculo vai ser marcado pela estreia da última versão de António Vitorino D’Almeida sobre a Abertura Clássica sobre um tema popular português, Op. 87, mais conhecida por Carvalhesa. A Carvalhesa foi uma das peças gravadas por Michel Giacometti na aldeia de Tuiselo, perto de Vinhais, Bragança. Foi, mais tarde, recuperada por um grupo de trabalho do PCP, em 1985, que se tinha juntado «com o objectivo de se tentar criar um tema musical para a campanha eleitoral das eleições legislativas desse ano». A 45.ª edição da Festa do Avante! vai realizar-se na Quinta da Atalaia, Amora, Seixal, entre os dias 3, 4 e 5 de Setembro. A EP, entrada permanente, custa 27 euros e dá acesso aos três dias da festa, podendo ser adquirida nos centros de trabalho do PCP. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Cultura|
Festa do Avante!: «A revolução na arte e a arte na revolução»
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Música clássica volta ao palco da Festa do Avante!
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Orquestrações Sinfónicas para canções populares
Da gaita-de-foles em Trás-os-Montes... até à orquestra sinfónica na Atalaia
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Festa do Avante!: «Momentos raros, inéditos e irrepetíveis»
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Música clássica volta ao palco da Festa do Avante!
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Entre os nomes internacionais já anunciados para a edição de 2022 está Pongo, uma das figuras de proa do Kuduro angolano e Bia Ferreira, do Brasil, que é ,«desde há quase uma década, uma das mais destacadas vozes brasileiras de afirmação da comunidade LGBTQI+ e de luta contra o racismo e a xenofobia».
Ao fim de dois anos de pandemia, os artistas internacionais vão finalmente poder partilhar o Palco 25 de Abril e o Auditório 1.º de Maio, como tem sido hábito, com momentos raros, inéditos e irrepetíveis no panorama musical português.
O espectáculo de homenagem a José Saramago – Música na Palavra de Saramago – será um desses momentos culturais «de elevado nível, sem paralelo em Portugal».
«Uma orquestra sinfónica tocará ao ar livre, frente a milhares de pessoas, com solistas de canto, violoncelo e cravo, obras musicais citadas em livros escritos por José Saramago, bem como uma obra original escrita por António Pinho Vargas sobre três livros do Prémio Nobel da Literatura portuguesa», refere Madalena Santos: «Será uma viagem maravilhosa pela história da música, desde o barroco até ao século XXI, e uma visão diferente dos livros de Saramago».
Há política na música electrónica?
É já nos dias 2, 3 e 4 de Setembro a 40.ª Festa do Avante!. Depois de divulgarmos o programa, mostramos um pouco da história da construção desta Festa, pela boca de quem tem o papel activo. A Festa do Avante! não é um festival como os outros. Os seus nove palcos têm concertos dos mais diversos estilos musicais, mas também tem presente o teatro, o cinema, a ciência, o desporto, ou a mais variada cultura regional, da qual se destaca a gastronomia, e também internacional, com vários países do mundo representados. Este evento político-cultural organizado pelo PCP traz ainda questões políticas à discussão com os visitantes, através de debates ou do que chamam «brigadas de contacto», que basicamente conversam com os visitantes da Festa sobre temas da situação política e social actual. Não se trata de uma Festa diferente apenas pelo seu eclético programa, mas também pela forma como se constrói. As Festas foram e são construídas com o trabalho voluntário, a que os comunistas chamam «trabalho militante», de milhares de pessoas ao longo de 40 anos. Mais novos ou mais velhos, são muitos homens, mulheres e jovens que passam pela experiência de construção de um evento que muitos designam como «Terra dos sonhos». E a participação também passa por quem não é militante do PCP. Aquilo a que se chama «jornadas de trabalho» (trabalho de construção ao fim de semana) começa logo desde Junho, e quisemos saber o que trazia tanta gente a trabalhar neste espaço, abdicando de fins-de-semana de praia ou mesmo de férias. Nada melhor que os próprios construtores, representantes de diferentes gerações, para nos revelar. «aprendi a fazer chão porque estava ao pé de um camarada que me ensinava» Kaoê Rodrigues Francisco Corrula tem 69 anos, foi serralheiro civil, e participa desde a construção da primeira Festa do Avante!, em 1976, na FIL. É com visível emoção que nos diz que «é uma vivência extraordinária. É uma Festa em si de solidariedade, de amizade, e cada um dá aquilo que pode, do melhor que sabe». Já Kaoê Rodrigues, de 19 anos, estudante de História e militante da Juventude Comunista Portuguesa, destaca que o que se está a construir é «um espaço colectivo», e revela-nos que «há malta que vem para aqui depois do trabalho para ajudar». «Eu próprio abdiquei das minhas férias», revela, afirmando que «os jovens têm no seu espírito que estão a construir algo grandioso, e por isso prescindem de várias coisas para dar aqui o seu contributo». Susana Ramalho tem 43 anos e é tradutora. Diz-nos que na Festa «as pessoas estão alegres a fazer isto, porque é viver durante um tempo aquilo que nós gostávamos que fosse a nossa sociedade todos os dias». Susana acredita que há motivação para fazer uma coisa que se acha importante, e sublinha: «estás a fazer da forma como acreditas que uma sociedade justa devia funcionar – com entre-ajuda, com solidariedade, com organização. Porque na realidade isto é uma organização brutal, em que tu chegas, e sem ninguém ser obrigado a fazer nada, sem ninguém te impor nada, existe uma organização e existe uma gestão das mais valias de cada um». «Quando tu fazes uma coisa, que tem um objectivo final que tu entendes que vale a pena, tens sempre mais facilidade em aprender» Susana Ramalho Eugénio Palma já tem 75 anos, foi electromecânico, e já participa na construção da Festa desde a primeira que ocorreu na Ajuda, em 1979. Quando confrontado com a pergunta sobre o que o faz continuar a participar no trabalho de construção, ele afirma emocionado que «hoje é precisamente a recordação de todos os anos por que tenho cá passado», lembrando-se «dos camaradas» que o acompanharam aqui e deixando uma mensagem para os que já não estão em condições de cá trabalhar: «que se recomponham, e que mesmo não podendo vir trabalhar, pelo menos venham cá à Festa». Em grande parte, a Festa do Avante! é também construída por quem não tem qualquer formação naquilo que exige a sua construção. Sobre isto, Francisco Corrula lembra no entanto que, «como somos um partido da classe operária, há as várias especialidades – serralheiros, soldadores, carpinteiros, pedreiros – e cada um dá o seu contributo». Afirma ainda que «é uma transmissão que se mantém. Os mais velhos dão aos mais novos a experiência daquilo que sabem». Kaoê Rodrigues revela que «há sempre alguém mais experiente que nos ensina». E dá um exemplo seu: «aprendi a fazer chão porque estava ao pé de um camarada que me ensinava». Eugénio Palma confirma que «a aprendizagem passa dos mais velhos para os mais novos. Mais tarde serão esses que estarão a ensinar outros». Já Susana Ramalho fala do sentido de militância. «Porque a militância faz-te ter uma dedicação a uma tarefa que te leva às vezes a quebrar limites que tu tinhas e isso vê-se na construção da Festa e nas outras coisas todas que fazemos. Quando tu fazes uma coisa que tem um objectivo final que tu entendes que vale a pena tens sempre mais facilidade em aprender». Por outro lado, fala da «capacidade que os camaradas têm de passar a palavra, de passar conhecimentos e ajudar a explicar como é que se faz, acompanhando o inicio da tarefa, que é uma coisa que na nossa vida, mesmo na profissional, nem sempre acontece». Os construtores também falam do ambiente que se vive na construção da Festa do Avante!. Kaoê Rodrigues fala em centenas de jovens que participaram este ano nas jornadas de trabalho. Revela que, para quem vem, «é outra Festa que está a conhecer – é um bom sentimento, porque a malta volta sempre». Quanto à interacção entre gerações, o jovem afirma que há constante contacto, que aprendem com os mais velhos, e que esta interacção também se faz nos momentos de convívio. Eugénio Palma refere-se a um sentimento de colaboração que vai passando de geração em geração, que acredita que se manterá «daqui para a frente». «Nós considerarmos que todos têm alguma coisa a contribuir. Novo ou velho, há sempre uma experiência que tu podes partilhar e isso cria um respeito entre gerações», afirma Susana Ramalho. «Encontramos gente de todos os pontos do país com vontade de conviver, discutir, de aprender. Gerações que vão continuar a interagir porque isto é uma Festa de futuro», sublinha Francisco Corrula. Ao longo destes 40 anos também se sentiram evoluções nos próprios mecanismos de construção, contam-nos os construtores. Modernização, novas ferramentas, melhores infra-estruturas, maior facilidade no trabalho. Todos admitem que já fizeram de tudo um pouco, e alguns não aprenderiam várias coisas se não fosse na Festa. «Não, não aprendia de certeza. Não aprendia a fazer chão nivelado noutro sítio qualquer», revela Kaoê sorrindo. Alguns revelam-nos as primeiras imagens que tiveram da Festa. Eugénio Palma lembra-se que a primeira tarefa na primeira Festa na Ajuda foi a de capinagem, e que na altura ainda não sabia como seriam os dias da Festa. A imagem mais forte que tem Susana é um concerto dos Trovante, «há muitos anos na Ajuda», quando ainda era criança. Mas, nesta Festa, o trabalho não se resume à construção do espaço. Divulgação através de propaganda, a venda da Entrada Permanente (EP), a organização de transportes, a preparação de equipamentos e abastecimentos são exemplos de outras «tarefas». Tudo feito com o trabalho de militantes e simpatizantes. Esta é a 40.ª Festa, e estará maior, com a aquisição e abertura da Quinta do Cabo. As expectativas são altas. Kaoê acha que vai ser «uma Festa de arromba», com mais espaço, mais festa. «Todas as festas são excepcionais, mas acho que esta deve subir mais a fasquia», diz-nos o jovem comunista. Susana acha que «vai ser uma festa enorme, melhor, maior, vai vir muita gente», e sublinha o facto de conseguirem ter 40 anos de Festa do Avante!, «com trabalho militante, com dedicação de tanta gente na construção e na própria Festa, sobretudo num contexto dos problemas que a população tem passado». É já nos dias 2, 3 e 4 de Setembro, na Atalaia, Amora, Seixal, a Festa do Avante!, em que se pode entrar nos três dias por 23 euros. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Cultura
As gerações de construtores das 40 Festas do Avante!
Nós, os construtores
Uma Festa onde se transmitem conhecimentos e convive-se entre gerações
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Outra das apostas da edição de 2022 é a Rave Avante!: um novo «conceito», testado no ano passado, que pretende introduzir a música electrónica nos palcos da Atalaia. O objectivo deste ano é valorizar a «politização deste tipo de espectáculos, criando uma marca que venha no futuro a identificar facilmente uma proposta que é original».
«O que pretendemos [com a introdução da música electrónica] é preencher uma lacuna da nossa oferta habitual de espectáculos e valorizar um fenómeno internacional: o envolvimento político da música para pistas de dança em causas antifascistas, pacifistas, anti-racistas, feministas, LGBTQI+, entre outras».
Este ano, o género será representado por três mulheres, três DJs – a portuguesa Violet; Yazzus, do Gana e Renata, do Líbano – num espectáculo de dança subordinado ao tema: As Mulheres e as suas Lutas. «Se tudo continuar a correr tão bem como aconteceu em setembro de 2021», a Rave Avante! é para continuar «nos próximos anos».
A organização da Festa do Avante! conta ainda anunciar, pelo menos, mais dois artistas: «já sabemos quais, mas ainda é segredo…»
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