|Jornal de Letras

Fenprof quer reversão do fecho do JL. É «perda irreparável» para a cultura

O desaparecimento do Jornal de Letras «representa uma perda inestimável indesmentível para a cultura portuguesa, para a reflexão crítica e para a educação», critica a Fenprof, que apela à reversão deste desfecho. 

Concentração de trabalhadores da Trust in News (Visão, Activa, Caras, Caras Decoração, Courrier Internacional, Exame, Exame Informática, Jornal de Letras, TeleNovelas, TV Mais, Visão História e Visão Júnior), em greve por tempo indeterminado pelo pagamento dos salários em atraso. Oeiras, 20 de Junho de 2025 
Concentração de trabalhadores da Trust in News (Visão, Activa, Caras, Caras Decoração, Courrier Internacional, Exame, Exame Informática, Jornal de Letras, TeleNovelas, TV Mais, Visão História e Visão Júnior), em greve por tempo indeterminado pelo pagamento dos salários em atraso. Oeiras, 20 de Junho de 2025 CréditosAntónio Pedro Santos / Agência Lusa

Foram 45 anos de publicação ininterrupta que chegaram ao fim com o número que chegou às bancas, com uma semana de atraso, no passado mês de Julho. Para a Federação Nacional dos Professores (Fenprof/CGTP-IN), o fim do JL – Jornal de Letras, Artes e Ideias representa uma «perda irreparável para a Cultura e para a Educação», tendo em conta que a publicação do grupo Trust in News, foi «um espaço de liberdade intelectual, de divulgação cultural e de debate de ideias». 

A estrutura sindical recorda que o JL, que durante anos foi «praticamente o único periódico a garantir, de forma regular e consistente, conteúdos culturais de elevada qualidade», era também utilizado pelas escolas como recurso pedagógico e instrumento de trabalho, tanto para docentes como para alunos.

Capa assinada por José Manuel Castanheira, na edição especial dos 50 anos do 25 de Abril  Créditos

«O seu fecho priva, assim, a comunidade escolar, e a sociedade em geral, de um suporte fundamental que contribuiu de forma inestimável para a valorização da cultura e do conhecimento», acrescenta num comunicado.

Neste sentido, a Fenprof associa-se a «muitos intelectuais, e cidadãos, que reclamam uma solução que permita reverter este desfecho», salientando a urgência em encontrar vontades que se reúnam em torno de um projeto que assegure a continuidade do Jornal de Letras, pois a cultura e a educação em Portugal não podem prescindir de um espaço de liberdade crítica e de divulgação cultural como este. 

A Federação solidariza-se ainda com os trabalhadores do quinzenário, que, apesar dos salários em atraso, «não deixaram de fazer sair edições, na esperança de que esta situação se resolvesse».

Em 2017, o director do JL, o jornalista José Carlos de Vasconcelos, admitiu que o jornal representava «um acto de resistência cultural, cívica e jornalística». Numa publicação no Facebook, no passado mês de Julho, o escritor Valter Hugo Mãe, que assinava no Jornal de Letras há mais de 17 anos, disse esperar que «a empresa encontre no seu dono uma solução, para que este tempo continue a ser de brio no teatro literário e cultural do país». «Perder este jornal seria um erro para todos nós», afirmou.

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui