A pequena aldeia de Cambedo da Raia, no concelho de Chaves, junto à fronteira com a Galiza, foi, desde 1936 – ano do levantamento franquista –, um ponto de acolhimento para refugiados e guerrilheiros galegos.
Em 1946, foi cercada pela PIDE, a GNR, o Exército e a Guarda Civil espanhola, e bombardeada. «Houve gente morta, ferida, detida pela PIDE, enviada para o campo de concentração do Tarrafal.»
Estes «acontecimentos trágicos» foram remetidos para o silêncio pela ditadura portuguesa, explicam os organizadores, acrescentando que o «silêncio abafante de muitas décadas» foi apenas «rompido por algumas investigações, entre a antropologia, a história, a arqueologia, o associativismo activista pela memória».
A conferência internacional, que assinala os 75 anos do bombardeamento, é organizada por Paula Godinho e Xurxo Ayán, do Instituto de História Contemporânea – Universidade Nova de Lisboa, e José Alves Pereira, da Escola Superior de Teatro e Cinema – Instituto Politécnico de Lisboa, com o apoio de uma extensa lista de entidades.
O programa completo do evento, que inclui a apresentação de um livro, leitura de poesia e a exibição de um filme, pode ser consultado no portal do Instituto de História Contemporânea.
Participam como conferencistas Carlos Francisco Velasco Souto (Universidade da Corunha), Cristina Santinho (ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa) e Manuel Loff (Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa / Faculdade de Letras da Universidade do Porto).
Homenagem às gentes de Cambedo, dias 18 e 19
Ainda no âmbito dos 75 anos do ataque à aldeia transmontana, o Museu do Aljube – Resistência e Liberdade informa que, com partida da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova, se realiza, no próximo fim-de-semana, um «itinerário a Cambedo», para homenagear os resistentes, incluindo três portugueses mortos em Portocamba, no concelho galego de Castrelo do Val.
Do programa fazem parte (dia 18), uma «homenagem às gentes de Cambedo», com intervenções do Movimento Cívico Não Apaguem a Memória, da União de Resistentes Antifascistas Portugueses – URAP, da Asociación de Amigos da Republica (Ourense) e do Centro Social, Cultural e Desportivo de Cambedo da Raia.
Ainda haverá espaço para uma actuação do Coro da Achada – Centro Mário Dionísio e, em Vilarelho da Raia, para a exibição do filme O Silêncio, de António Loja Neves e José Alves Pereira.
Domingo, dia 19, os participantes na iniciativa deslocar-se-ão a Castrelo do Val, na Galiza, onde serão homenageados três portugueses mortos pelos falangistas em Agosto de 1936. Haverá também uma actuação do Coro da Achada. O programa completo pode ser lido no portal do Museu do Aljube.