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Associação de Museus quer perceber o que levou um gestor imobiliário à DGPC

A Associação Portuguesa de Museologia (APOM) vai pedir ao Ministério da Cultura acesso ao processo de escolha de Bernardo Alabaça para director-geral do Património Cultural.

Créditos / CC BY-SA 2.0

«Não está em causa a pessoa, mas sim compreender os critérios de avaliação por parte da Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública (CReSAP) para ocupar o cargo», disse à agência Lusa o presidente da APOM, João Neto, esta quinta-feira. 

O gestor imobiliário Bernardo Alabaça foi anunciado como novo director-geral do Património Cultural, substituindo no cargo Paula Araújo da Silva, no passado dia 13 de Fevereiro, pelo Ministério da Cultura, tendo iniciado funções no dia 24 do mesmo mês.

A nomeação de Alabaça motivou várias críticas dos sectores do Património Cultural, como as do arqueólogo Luís Raposo, que preside ao Conselho Internacional de Museus (ICOM) da Europa, que afirmou: «Ainda estou em estado de choque e considero que é algo que jamais imaginaria poder acontecer, por qualquer Governo que fosse. É uma situação inqualificável».

Por seu lado, o Sindicato dos Trabalhadores em Arqueologia (STARQ/CGTP-IN)) disse, em comunicado, que esta escolha demonstrava «falta de visão e de consideração [do Governo] sobre o papel absolutamente central» da Arqueologia, e um «favorecimento da área da gestão financeira e do negócio imobiliário».

Em sede parlamentar, na terça-feira, o presidente do ICOM-Europa e o presidente da APOM reiteraram as suas preocupações sobre a nomeação de Bernardo Alabaça, a quem não reconhecem competências na área.


Para Luís Raposo, Bernardo Alabaça tem «um perfil curricular completamente desadequado» para o lugar para o qual foi nomeado. «O currículo deixa-nos perplexos», afirmou.

Luís Raposo sublinhou que «não se trata da pessoa». «Não sabemos as políticas que vêm pela frente e temos que ligar isso ao percurso curricular», referiu, dando como exemplo que seria como contratar alguém de uma «empresa especialista em contabilidade criativa para director-geral dos impostos».

O despacho de nomeação de Bernardo Alabaça foi publicado no começo do mês em Diário da República, segundo o qual o novo director-geral do Património Cultural é licenciado em Engenharia e Gestão Industrial, pós-graduado em Análise e Investimento Imobiliário e mestre em Finanças.

A mesma nota biográfica lembrava que Alabaça foi «director-geral de Infraestruturas do Ministério da Defesa Nacional [e] subdirector-geral do Tesouro e Finanças do Ministério das Finanças», entre outros cargos, sendo actualmente «assessor do conselho de administração da Lisboa Ocidental SRU e vice-presidente da mesa da assembleia geral da Parpública, presidente do Conselho Estratégico do Salão Imobiliário de Lisboa e vogal da comissão responsável pelo lançamento e condução do procedimento de negociação para a celebração de contrato de subcessão de direito de superfície sobre os módulos 4 e 5 do Centro Cultural de Belém».

Com agência Lusa

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