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Sai um king-size de abusos patronais no Burger King do Espaço Guimarães

A empresa não paga o trabalho suplementar, não assegura as 40 horas de formação profissional, não tem balneários ou casas de banho, discrimina nas promoções, não respeita as 10 horas de descanso mínimo. E isto é só o começo.

Burger King 
Créditos / NiT

De pequenino se explora o trabalho do menino. O abuso dos trabalho de jovens e de estudantes é uma realidade nas lojas do Burger King nos Estados Unidos da América ou em Portugal: faz parte da receita. O problema dos salários muito baixos, «congelados» (como não podia deixar de ser) «há anos», é a base sobre a qual assenta toda uma estrutura de abusos, «chantagens e hostilidade», afirma comunicado do Sindicato de Hotelaria do Norte (SHN/CGTP-IN).

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Forte adesão marca greve dos trabalhadores da Ibersol

Os trabalhadores do grupo Ibersol, representante em Portugal de marcas como a Pizza Hut e o Burger King, estão a cumprir greve esta sexta-feira. Exigem aumentos salariais e o fim da precariedade.

Concentração de protesto junto à sede da Ibersol, no Porto
CréditosSindicato da Hotelaria do Norte

A greve de um dia, convocada pelo Sindicato da Hotelaria do Norte (CGTP-IN), abrange os trabalhadores da região das empresas do grupo Ibersol, o maior grupo de restauração nacional e detentor de várias marcas na Península Ibérica – a Pizza Hut, Burger King, KFC, Pans, O Kilo, entre outras.

Durante a manhã de hoje, cerca de uma centena de trabalhadores estiveram concentrados em frente à sede do grupo, após se terem deslocado montados nas suas motas em desfile pelas ruas do Porto, para exigirem a regularização dos vínculos laborais, melhores condições de trabalho e o aumento dos salários.

 

Em declarações ao AbrilAbril, Francisco Figueiredo, coordenador do sindicato, confirmou haver uma «elevada adesão», sobretudo dos distribuidores, que atingiu os 100% em diversas lojas –Aviadores, Gaia Jardim, Campo Alegre, Matosinhos, São Mamede, Maiashopping e Gondomar –, mas também existem concelhos onde não está sequer a haver distribuição de refeições.

 

Segundo o dirigente, os demais serviços de restauração dos estabelecimentos, tal como cozinha, balcão e mesas estão a registar adesões variáveis, estando os serviços condicionados em muitos estabelecimentos, que estão apenas abertos porque a empresa «está a substituir os trabalhadores em greve por outros que não pertencem ali, inclusive vindos de estabelecimentos de outros concelhos.

 

Francisco Fiqueiredo afirmou que já foi apresentado um protesto junto da empresa contra a substituição de grevistas e que será apresentada queixa-crime contra esta, depois de melhor apuradas as circunstâncias.

 

Grandes riscos a troco de «salários muito baixos»

 

Sobre as condições de trabalho, o dirigente frisou o desrespeito da empresa no que toca aos dias de descanso semana, horário de trabalho e discriminação, realçando que os níveis de precariedade são elevados e os salários muito baixos. Existem também trabalhadores que recebem o mesmo «há mais de 20 anos» ou que são remunerados como aprendizes e estagiários, apesar de tal já não serem as suas funções.

 

Durante a concentração, os trabalhadores aprovaram uma moção com uma lista de 15 exigências que querem ver respondidas pela empresa, entre as quais a subida dos salários, a criação do subsídio de risco para os distribuidores de 30 euros mensais, a progressão na carreira ao fim de três anos e a passagem a efectivos de todos os que ocupam funções permanentes.

 

Os trabalhadores reivindicam ainda o pagamento do trabalho suplementar, que haja o abono de falhas a todos os que manuseiam dinheiro, a classificação profissional e remuneração de acordo com as funções efectivas e a igualdade de tratamento na atribuição de prémios, quer seja mota própria ou da empresa.

 

Outras exigências passam pela actualização das ajudas de custo, a garantia de dois dias de folga consecutivos por semana, horários previsíveis que sejam respeitados, a alteração dos regulamentos internos para pôr fim à discriminação e a eliminação dos obstáculos ao direito à actividade sindical.

 

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Há lojas, como é o caso da do Centro Comercial Espaço Guimarães, onde os trabalhadores «nem balneários têm há mais de seis meses, não têm cacifos para guardar a roupa, são obrigados a mudar de roupa no escritório da loja, sem condições mínimas, e a usar as casas de banho do público».

Os horários «não asseguram estabilidade», explica o SHN. são alterados «de um dia para outro», impedindo os trabalhadores «de conciliar a sua actividade profissional com a vida pessoal e familiar», um situação agravada para os trabalhadores-estudantes «que saem do serviço às 23h30 e que têm de estar na escola às 9 horas do dia seguinte». Os trabalhadores do Burger King nem são, sequer, consultados na elaboração e alteração dos horários, nem os delegados sindicais, «conforme a Lei obriga». Em muitas situações nem sequer «é respeitado o intervalo mínimo de descanso de 10 horas de um dia para o outro».

As situações identificadas continuam: a empresa não assegura as 40 horas anuais de formação profissional e a pouca que dão é fora do horário de trabalho, nunca paga. O trabalho suplementar também não é pago, mesmo depois de exigido pelos trabalhadores, sendo em alguns casos registado indevidamente, para beneficiar a empresa. Empresa essa que não tem quadro nas lojas para a afixação da informação sindical, violando a Lei portuguesa.

Quando os trabalhadores reclamam das condições de trabalho, a empresa «retalia, hostiliza, cria ambiente intimidatório, dá-lhes os piores horários, obriga-os a fazer limpezas às quais não estão obrigados». Sem possibilidade de contacto entre a empresa e as estruturas representativas dos trabalhadores, cujos pedidos de reunião são permanentemente ignorados, o SHN já apresentou denúncia à ACT e solicitou a realização de uma reunião mediada pelo Ministério do Trabalho.

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