Os aumentos salariais dos trabalhadores da ITX em Portugal, multinacional que gere marcas como a Zara, Massimo Dutti ou Bershka, vão ficar-se pelos 60 euros em 2024, exactamente o mesmo aumento que foi aplicado ao Salário Mínimo Nacional. Não fica por aqui: esta medida, definida pela empresa que em 2023 acumulou mais de 5,4 mil milhões de euros em lucros, apenas se aplica aos atrabalhadores com horário de 40 horas semanais, uma realidade muito pequena nestes grupos.
Realizou-se hoje, na rua, um plenário de trabalhadoras da loja da ITX/ZARA da Rua Augusta. Melhores salários e valorização das carreiras foi o reivindicado, num plenário que ficou marcado pela eleição de uma delegada sindical. A luta avança e consolida-se. Prova disso mesmo é o plenário realizado esta manhã na loja da ITX/ZARA da Rua Augusta. Cerca de uma dezena de trabalhadores e dirigentes sindicais juntaram-se à porta da empresa para vincar as suas justas reivindicações. O plenário de hoje surge de um processo iniciado em Junho e que tem vindo a juntar cada vez mais trabalhadoras. A ITX/ZARA conta com um total de 15 lojas só no concelho de Lisboa, quatro dessas são lojas de rua, segundo Cátia Carvalho que foi hoje eleita delegada sindical. De acordo com a mesma, o objectivo do plenário foi juntar a luta à eleição de uma delegada porque, assim, terá tudo mais força. Na intervenção de Célia Lopes, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio e Serviços (CESP/CGTP-IN), ouviu-se que «os trabalhadores das lojas de rua trabalham o dobro dos trabalhadores de loja dos centros comerciais», algo que a levava a questionar sobre onde estava a valorização dos trabalhadores. A dirigente ilustrava ainda a forma de tratamento do patronato, dizendo que «dizem que não despedem. Pois não. Transferem os trabalhadores para lojas a 20 quilómetros e aplicam metade do horário para serem os trabalhadores a despedir-se». No final, Célia Lopes reiterou que «quem produz a riqueza são vocês! A luta vai continuar». Ao AbrilAbril, as trabalhadoras partilharam um conjunto de testemunhos. Telma Fernandes, comercial da secção de criança, trabalha para a empresa há 19 anos e diz que actualmente não há progressão de carreiras havendo trabalhadoras que «estão na empresa há 10 anos, há 20 anos ou mais anos e não recebem mais nada por isso. Ou seja, não há uma valorização do trabalho de ninguém». Telma diz ainda «há que lutar. A empresa não dá nada a ninguém. Temos mesmo que lutar. A empresa tem lucros e aumenta-os de ano para ano e nós não somos aumentadas». Uma outra trabalhadora, Sofia Fernandes que trabalha há 22 anos no grupo Inditex diz que tanto ela como as suas colegas não se sentem valorizadas. A «empresa só tem lucros e esses lucros podiam ser repartidos pelas pessoas que cá trabalham», constata. O contrato de Sofia Fernandes diz que a sua ocupação é primeira caixeira, mas acaba por acumular funções e chega a entrar às 7h da manhã para fazer trabalho de reposição, armazém e receber encomendas, para além do que tem que fazer de acordo com o vínculo, não recebendo mais por isso. O caderno reivindicativo construído pelos trabalhadores da loja é muito claro. Entre as 14 exigências feitas destaca-se o aumento de salário em 100 euros para todos os trabalhadores, 25 dias úteis de férias, valorização das carreiras profissionais com uma diferenciação mínima entre categorias no valor de 50 euros, quadros sindicais em todas as lojas e redução gradual do tempo de trabalho para as 35 horas. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Trabalho|
Trabalhadoras da ITX/ZARA em luta pelos seus direitos
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«A esmagadora maioria dos trabalhadores são part-time de 35 horas semanais», de acordo com a própria empresa, afirma o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN). A realidade do aumento salarial é, na verdade, muito diferente, e longe, dos anunciados 60 euros: «a maior parte de nós terá um aumento inferior a este valor já insuficiente».
A ITX anunciou ainda que todas as marcas do grupo vão igualar os valores do challenge, um objectivo de produtividade por loja que garante prémios monetários aos trabalhadores. Este anúncio surge numa «altura em que são exigidos valores exorbitantes para atingir o challenge, que quase nenhuma loja consegue atingir. «Mais vale dizer que não querem pagar esse prémio a ninguém!», diz o sindicato.
«Só unidos teremos a força necessária para obrigar o Grupo Inditex a valorizar-nos» e a assumir os compromissos assumidos em contratos colectivos do sector do retalho que assinou com as estruturas representativas dos sindicatos: a efectivação do descanso compensatório no distrito do Porto; pagar os feriados de acordo com o contrato colectivo em Lisboa; pagar o trabalho ao Domingo de acordo com o contrato colectivo de Setúbal, entre outros incumprimentos.
«Juntos vamos reforçar a luta pelo aumento geral dos salário e pela valorização das carreiras profissionais», defendem os trabalhadores. A ITX tem mais do que condições para pagar um aumento de pelo menos 150 euros a cada um dos seus trabalhadores.
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