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Relvas encenando cara séria

Para que Portugal fosse credível aos olhos de Passos deveria ter-se continuado a fazer cortes nas pensões e reformas.

Há palavras que em certas bocas queimam ou deviam queimar se quem as profere tivesse ainda alguma réstia de seriedade.

Passos Coelho, na continuação das palavras do inefável ministro das finanças alemão, escreveu no Diário de Notícias que «o governo não virou a página da austeridade, virou a da credibilidade».

Credibilidade!

Um deputado que se esqueceu de obrigações fiscais, um dirigente que mentiu descaradamente em campanha eleitoral, um ex-primeiro ministro que disse e se desdisse repetidamente, tem a procacidade de falar em credibilidade.

Afirma: «sem a política do Banco Central Europeu (BCE), Portugal já não se podia financiar nos mercados».

Depois da especulação desencadeada pelos mercados – bancos, fundos de gestão de fortunas e de aplicação de capitais, companhias de seguros – aos países da periferia, com a complacência do senhor Trichet e da senhora Merkel, Portugal só se consegue financiar nos mercados devido à mudança da política do BCE, para salvar o euro. É assim com o actual Governo como foi com o anterior.

Sacudindo a água do capote, escreve sem rebuço: «O Banif foi tratado da pior maneira»! 

Mas não foi Passos Coelho que afirmou que, com ele no governo não teria procedido de maneira muito diferente, e não foi o seu governo que arrastou a resolução do Banif durante mais de três anos e evitou tomar decisões antes das eleições, com os artifícios da não menos descarada Maria Luis Albuquerque, entregando de supetão a batata quente a um governo que tinha acabado de tomar posse e a poucos dias do fim do ano em que entrava em vigor nova legislação europeia?

Um primeiro ministro de um governo que fez recuar o PIB mais de 5,5 pontos percentuais, que levou a um recuo brutal do investimento público e privado, que concretizou uma imemorável destruição de emprego e que procedeu a uma gigantesca política de concentração da riqueza, a que chamam eufemisticamente política de austeridade, declara agora que 2016 – e só passaram seis meses – é o ano da reversão da credibilidade.

Para que Portugal fosse credível aos olhos de Passos Coelho deveria ter-se continuado a fazer cortes nas pensões e reformas, a não se fazer a modestíssima recuperação do poder de compra dos trabalhadores e das populações mais desfavorecidas, devia-se continuar a dar livre curso à política de centralização e concentração de capitais, e a acentuar ainda mais a dominação do capital estrangeiro, alienando a soberania e a independência nacional.

Gaba-se de ter reduzido o défice primário – sem juros – em 15,1 mil milhões de euros, que é praticamente a soma dos cortes nos salários dos trabalhadores da função pública e no investimento público, mas não nos diz que o que meteu na banca privada, isto é, nos bolsos dos banqueiros e grandes accionistas à custa do erário público, foi bem superior ao montante da redução do défice...

O ex-primeiro ministro pensa que fazendo pose de estadista o que diz é para se acreditar.

Como já alguém disse, um Relvas encenando cara séria.

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