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Libre reafirma denúncia de «golpe» e solicita anulação das eleições hondurenhas

O partido Liberdade e Refundação (Libre) denuncia a existência de milhares de actas eleitorais com inconsistências. Rixi Moncada, candidata à presidência das Honduras, não reconhece os resultados.

O partido Libre denunciou graves irregularidades no processo eleitoral e solicitou a anulação das eleições celebradas a 30 de Novembro Créditos / TeleSur

No domingo à noite, a Coordenação Nacional do Partido Libre e a sua candidata à presidência, Rixi Moncada, confirmaram o «golpe eleitoral» em curso nas Honduras, por via da manipulação do Sistema de Transmissão de Resultados Eleitorais Preliminares (TREP) no seu código-fonte.

«Declaram veementemente à comunidade internacional que o Partido Libre exige a anulação total das eleições realizadas a semana passada – cujos resultados manipulados deram a vitória ao empresário escolhido a dedo por Donald Trump, Nasry Asfura – e exige a "investigação dos actos de terrorismo eleitoral levados a cabo por via do TREP"», afirmou Moncada, citada pela TeleSur.

«Condenamos a ingerência e a coacção do presidente dos EUA, Donald Trump, nas eleições das Honduras» é a primeira declaração do partido da actual chefe de Estado, Xiomara Castro, perante aquilo que considera evidências de um «golpe eleitoral clássico».

No texto, o partido progressista afirma que este sábado, durante a sessão plenária do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), ficou demonstrado que o TREP foi manipulado no seu código-fonte. Sem o uso das três chaves e sem o conhecimento dos técnicos, o software foi alterado e comprometido, violando a lei eleitoral e os protocolos de segurança. Para o Libre, trata-se de um «ataque à soberania nacional».

Nessa sessão plenária, foi confirmada a violação nos módulos de divulgação, escrutínio e processamento de actas eleitorais: 5000 actas com zero; inconsistências em 95,17% das actas transmitidas em relação ao sistema biométrico; 4659 actas sem comprovação biométrica e falhas constantes na página, o que determina intervenções contra o software original, explica o comunicado do Libre.

O partido afirma que as páginas de divulgação permanecem falsificadas e desactualizadas há três dias consecutivos, e acrescenta outra denúncia: eventuais ligações directas no TREP do Conselho Nacional Eleitoral ao Partido Nacional, que alegadamente se teriam prestado à manipulação dos resultados eleitorais.

Moncada não reconhece resultados e condena indulto a Hernández

«O Libre não reconhece as eleições realizadas sob interferência e coacção do presidente dos Estados Unidos e da oligarquia aliada, que atacaram o povo com um golpe eleitoral em curso, depois de enviarem milhões de mensagens por diferentes plataformas, ameaçando o povo que, se votasse em Rixi Moncada, não receberia as remessas em Dezembro», lê-se no comunicado divulgado na noite de domingo.

Na mesma linha de denúncia do golpe, a candidata Rixi Moncada afirmou que o seu partido condena o indulto concedido por Donald Trump ao ex-presidente hondurenho Juan Orlando Hernández – condenado a 45 anos de prisão nos EUA – durante o processo eleitoral nas Honduras.

Esse indulto lançou uma sombra sobre todo o processo eleitoral, em virtude do legado de corrupção e narcotráfico do ex-presidente – um legado que, sublinha a TeleSur, se reflecte no candidato do Partido Nacional, Nasry Asfura, que Trump apoiou publicamente poucos dias antes das eleições.

«Ordenamos que a interferência estrangeira e o crime de traição à pátria sejam denunciados perante a ONU, a OEA, a Celac e outras organizações internacionais», afirma o Libre no comunicado.

O partido progressista instou os seus militantes e apoiantes a participar em diversas acções de mobilização, protestos e marchas contra «a fraude e o golpe eleitoral», e afirmou que a sua autoridade máxima é a Assembleia Nacional Extraordinária, convocada para o próximo dia 13 de Dezembro.

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