Ao intervir nos dois dias do congresso que o reelegeu como secretário-geral da organização sindical panamenha, Marco Andrade recordou que este ano foi «difícil», marcado pela «perseguição política» às estruturas sindicais no país e aos seus principais dirigentes.
Andrade salientou que o VIII Congresso foi dedicado aos dirigentes do sindicato dos trabalhadores da construção civil, incluindo figuras-chave como Jaime Caballero, Genaro López, Saúl Méndez e Edmundo Cerrud, que se encontram actualmente na cadeia, em prisão domiciliária ou no exílio.
Denunciou ainda as políticas do Ministério do Trabalho e Desenvolvimento Laboral, e da titular da pasta, Jackeline Muñoz, por impedir a participação de alguns delegados no encontro, limitar recursos para a educação e formação sindical, ou emitir decretos que proíbem o direito à greve no sector público ou à negociação colectiva, entre outras violações de normas internacionais.
Neste contexto, destacou o compromisso de «perseverar na luta pela justiça e pela equidade social», bem como face às «novas manobras» do executivo, em que destacou a intenção de reabrir a mina de Donoso – mesmo havendo uma decisão contrária do Supremo Tribunal de Justiça, que declarou a inconstitucionalidade do contrato, refere a Prensa Latina.
Desemprego, baixos salários e prepotência
Uma das intervenções ao VIII Congresso, que se realizou nos dias 21 e 22 de Novembro, foi a de Maribel Gordón, presidente do partido Frente Ampla pela Democracia (FAD), que se centrou na abordagem a uma economia que cresce mas não beneficia a maioria.
A este propósito, Gordón referiu-se à taxa de desemprego de 10% (20% entre os jovens) e à informalidade (50%) que caracteriza o mercado de trabalho.
«Trata-se de um governo e de um sistema orientados para o trânsito de mercadorias e o rentismo, que não geram emprego e se baseiam na maior exploração da classe trabalhadora e nos baixos salários», disse.
A também docente classificou o executivo panamenho como «autoritário, prepotente e arrogante», tendo citado a este propósito as declarações recentes do chefe de Estado, José Raúl Mulino, numa visita à Costa Rica, onde revelou que, em 2024, ameaçou os magistrados, dizendo-lhes que, se não o deixassem concorrer às eleições gerais, «incendiaria o país».
«A sua candidatura foi ilegal e imposta pelo Supremo e o silêncio cúmplice do Tribunal Eleitoral, é esse o país em que vivemos», denunciou Gordón.
No VIII Congresso da Conusi, além de se proceder à eleição dos órgãos da estrutura, foram aprovadas dezenas de resoluções em defesa dos direitos dos trabalhadores.
Também houve espaço para a solidariedade, com elementos dos convidados internacionais a afirmarem que vão interpor novas denúncias junto da Organização Internacional do Trabalho por violações da liberdade sindical no país centro-americano e a declararem a sua solidariedade ao movimento operário panamenho.
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