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Em Saragoça, cidadãos removem símbolos fascistas das ruas e edifícios

Nos 50 anos da morte do fascista Francisco Franco, o laSexta, canal de televisão espanhol, transmitiu uma reportagem que mostra os vestígios do franquismo que ainda permanecem no país. Em Saragoça, os cidadãos querem acabar com esse tenebroso legado e retirá-lo dos bairros da classe trabalhadora.
 

A equipa de reportagem do laSexta visitou as cidades de Barcelona, ​​Callosa de Segura (Alicante), Melilla, Burgos e Soria, mas foi em Saragoça que encontrou o momento que está a viralizar nas redes sociais. A reportagem conduzida por Gloria Serra mostrou dois cidadãos que, voluntariamente, estão a retirar símbolos fascistas das ruas e edifícios. 

«Estamos a remover todos os símbolos fascistas das ruas de Saragoça. Retiramos as placas do jugo e as flechas porque é uma aberração que, 50 anos após a morte do ditador, ainda existam aqui símbolos do seu regime», dizem os populares anti-fascistas. 

A sua acção, segundo os mesmos, reveste-se de legitimidade graças à lei da memória histórica, uma lei aprovada em 2007 que reconheceu as vítimas do fascismo espanhol e determinou a retirada de símbolos de exaltação da guerra e da ditadura de espaços públicos. De acordo com os populares empenhados em limpar as ruas do violento passado, «as maiores vítimas da repressão foram os membros da classe trabalhadora que por acaso são os que vivem nesses bairros [onde está a simbologia fascista». 

Apesar de terem razão histórica e legal, os populares lamentam a falta de apoio e acção institucional. Segundo os mesmos, a retirada dos símbolos franquistas «deveria ser feita pelo Governo Regional ou pela própria Câmara Municipal» e lamentam problemas com as autoridades: «Em duas ocasiões, tivemos problemas com a polícia. Confiscaram nosso equipamento, levaram a escada e as chaves de fenda. Aparentemente, a própria polícia foi até as associações de moradores para ver se eles queriam registrar uma queixa contra nós. Os moradores disseram que não».

A falta de apoio institucional deve-se ao actual poder camarário, já que é o PP, herdeiro do franquismo que tem a missão de lavar a cara do fascismo, que está à frente do Executivo municipal, mas nem sempre foi assim em Saragoça. Em 2015, a coligação Zaragoza en Común, que ficou em segundo lugar nas eleições, encontrou uma solução política com o PSOE e, de forma a evitar a governação PP, assumiu o poder.

Desta feita, em 2017, a Câmara Municipal levou a cabo a remoção de dois escudos com símbolos franquistas da Ponte de Santiago. De acordo com uma carta que pedia à mais altas instância a autorização para a retirada da simbologia, era explicado que «a Cruz Laureada [presente num escudo] foi concedida a Navarra em 1937 pelo ditador Francisco Franco em reconhecimento aos voluntários navarros que apoiaram o golpe militar de 1936», e que a mesma «representa[va], em última análise, ideias que a sociedade navarra não compartilha hoje». Já o segundo escudo era um brasão de armas referente ao fascismo. 
 

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