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Movimento sindical argentino repudia alinhamento de Milei com EUA e Israel

As organizações da Frente Sindical pela Soberania, o Trabalho Digno e o Salário Justo concentraram-se em Buenos Aires para questionar a política externa do governo de Milei e condenar o genocídio na Palestina.

A Frente Sindical denunciou em Buenos Aires o genocídio perpetrado por Israel na Palestina, defendeu a paz e questionou os alinhamentos externos de Milei Créditos / ate.org.ar

«Os trabalhadores não podem permanecer indiferentes à tentativa de extermínio do povo palestiniano. Não é uma guerra, como muitos nos querem fazer crer: é um genocídio», disse Rodolfo Aguiar, secretário-geral da Associação de Trabalhadores do Estado (ATE).

Ao intervir na concentração que teve lugar esta quinta-feira à noite na Praça Flores, Aguiar sublinhou que «em Gaza o povo palestiniano está a ser condenado à morte, ao desterro e à fome extrema».

«Repudiamos o alinhamento automático do governo argentino com as políticas de Netanyahu», denunciou o dirigente sindical, acrescentando que «se trata de uma subordinação patética que contraria os alinhamentos geopolíticos históricos que o nosso país mantém».

«Esta matança tem de ser travada com urgência. Não há nada que justifique o horror que se vive em Gaza», disse ainda Aguiar.

Precisamente no dia em que a Frente Sindical realizou o «Encontro pela Paz» na capital argentina, o presidente do país austral, Javier Milei, encontrou-se em Nova Iorque, à margem da 80.ª Assembleia Geral das Nações Unidas, com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

Ali, expressou-lhe o seu apoio e declarou o «empenho em colaborar em todas as instâncias necessárias» com vista à libertação imediata dos prisioneiros em poder da resistência palestiniana.

Defesa da paz e da solidariedade

Num documento da Frente Sindical, lido na mobilização, insistiu-se na crítica à política externa do executivo de Milei, que foi classificada como uma «subordinação» que «desumaniza a consagração soberana do nosso povo à paz».

«A Argentina não pode ser cúmplice desta situação», frisa o texto, que destaca a solidariedade do movimento sindical com o povo palestiniano.

Por seu lado, Adolfo Pérez Esquivel, prémio Nobel da Paz, destacou, numa mensagem enviada ao «encontro», a solidariedade internacional, «as milhares de vozes que se erguem para reclamar o fim do genocídio do povo palestiniano por parte de Israel».

Denúncia do genocídio em Gaza

Em declarações ao diário Página 12, Roberto Pianelli, secretário-geral dos Metrodelegados, disse que «aquilo que se está a passar é um genocídio nunca antes visto», explicando que o perpetrado pelos nazis «foi escondido e descoberto posteriormente», enquanto o da Palestina, levado a cabo por Israel, «está a passar aqui, na televisão».

Pianelli, um dos múltiplos dirigentes sindicais presentes, destacou ainda que, «perante a clara intenção de exterminar um povo», o movimento sindical tem estado activo em várias partes do mundo, recusando-se inclusive «a carregar os navios que fazem comércio com Israel».

Também em declarações ao Página 12, Alejandro Gramajo, da União dos Trabalhadores da Economia Popular (UTEP), sublinhou que os trabalhadores sempre foram «promotores da paz a nível mundial».

Já Horacio Calculli, secretário de Saúde e Segurança do Sindicato dos Aeronavegantes, referiu que a organização sindical «está muito comprometida com a causa palestiniana», denunciando o «genocídio cruel» que Israel leva a cabo e que «tem como objectivo o extermínio de uma etnia e a ocupação ilegal de um território».

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