A organização sindical informou, esta quinta-feira, que vários dos seus dirigentes foram intimados a comparecer numa audiência no próximo dia 3 de Outubro, acusados de «tentativa de paralisação de um serviço público».
Este processo constitui um ataque às liberdades democráticas, frisou a FUT, recordando que o artigo 98.º da Constituição consagra o direito do povo a resistir a medidas que atentem contra os seus direitos, como o fim do subsídio ao gasóleo.
A denúncia por parte da FUT ocorre no meio dos protestos que desde segunda-feira se desenrolam em várias províncias do país andino, como Imbabura, Pichincha, Cotopaxi e Zamora Chinchipe, no contexto da paralisação nacional convocada pela Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie).
Os dirigentes intimados são Edwin Bedoya, presidente da FUT; Andrés Quishpe, presidente da União Nacional dos Educadores (UNE); Nery Padilla, presidente da Federação dos Estudantes Universitários do Equador (FEUE), e Wilfrido Espinoza, presidente da Confederação Nacional de Indígenas, Camponeses e Negros (Fenocin), refere a Prensa Latina.
Em comunicado, os envolvidos afirmam que a intimação é «uma tentativa clara de intimidar e travar a organização social que se levanta face ao pacote de Daniel Noboa imposto com autoritarismo e mentiras».
«A criminalização não é mais que uma estratégia desesperada do governo para sustentar medidas repressivas e antipopulares que aumentaram o sofrimento de milhões de equatorianos», denuncia o texto.
Conaie denuncia repressão e perseguição
Nas mobilizações que o presidente equatoriano, Daniel Noboa, classificou como «actos terroristas disfarçados de protestos» foram detidas pelo menos 85 pessoas, até ontem.
A Conaie, principal dinamizadora das mobilizações, condenou o «autoritarismo» do executivo e pediu o «fim da repressão e da perseguição contra lutadores sociais e povos», tendo denunciado «abusos da força pública» em vários territórios, com polícias e militares a entrarem em casas e «a atacarem famílias que se mantêm em resistência».
Um representante da organização indígena, citado pela TeleSur, sublinhou que «quem protesta não é delinquente ou inimigo do Equador». «Somos camponeses, mães, pais e filhos que sustentam este país. Estamos nas ruas porque não há medicamentos, nem trabalho, nem segurança», disse.
Protestos contra a política neoliberal do governo
Com os protestos em curso, as organizações indígenas, sociais e sindicais manifestam a sua oposição à decisão do governo de acabar com o subsídio ao gasóleo, com o consequente encarecimento do nível de vida.
Também exigem que sejam revogadas as concessões de exploração mineira em zonas como Quimsacocha, Las Naves e Palo Quemado, bem como o cumprimento das decisões judiciais que decretam o fim exploração petrolífera no Parque Nacional Yasuní.
Reclamam ao governo, além disso, a melhoria da qualidade de vida, num contexto em que, denunciam, os serviços de saúde não funcionam, a educação é precária e a insegurança, o desemprego e o alto custo de vida prevalecem.
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