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«Continuamos a discutir demasiadamente os profissionais [do SNS]», diz o Governo

Debateu-se hoje o SNS na Assembleia da República. Para o Governo «continuamos a discutir demasiadamente os profissionais [do SNS]» e que «andamos a distrairmo-nos as condições de trabalho». A direita esfregou as mãos.

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CréditosJosé Sena Goulão / Agência Lusa

O debate de hoje fora agendado pelo Bloco de Esquerda com o tema «O povo merece + SNS». Apesar disto, o tema não mereceu a comparência do ministro da Saúde Manuel Pizarro que optou por ir a uma inauguração. No lugar do ministro esteve Margarida Tavares, secretária de Estado da Promoção da Saúde que começou por ouvir Mariana Mortágua a ter a primeira intervenção. 

A coordenadora do Bloco de Esquerda identificou as limitações objectivas do SNS como consequência da política do Governo. Vários foram os casos de listas esperas e falta de médicos de família, o que contrasta com os concursos lançados pelo Governo e que não têm correspondência no número de vagas ocupadas. A par destas questões, o Bloco de Esquerda apontou ainda ao encerramento das urgências, blocos de partos e maternidades que seriam temporários ,mas são cada vez mais comuns, assim como a falta de profissionais no SNS. 

Face a todas as críticas direcionadas ao ministro e à «desistência do Governo», coube a Margarida Tavares a árdua tarefa de defender o Governo e as suas políticas. A secretária de Estado começou por relembrar aquilo que é o SNS e vincou que o Governo não desistiu. Numa tentativa de não abordar os reais problemas actuais do SNS, Margarida Tavares acabou por falar da Covid-19 e todo o combate para não falar do que se pediu. 

Num discurso apagado e genérico, a representante do Governo, sem falar de acções políticas, acabou por defender os eixos de actuação como a «promoção da saúde e prevenção da doença» porque diminuir a carga de doença garante a sustentabilidade do SNS ou a luta tabágica e a vacinação. Já sobre o acesso à saúde, a secretária de Estado acabou por focar-se nos números absolutos de atendimentos e não nos crescentes números nas listas de espera.

Sobre a realidade focou então o PCP começando o deputado João Dias a assinalar que a secretária de Estado mal falou da promoção da saúde e perguntar a quem serve o encerramento da maternidades e em concreto o do bloco de partos do Hospital Santa Maria, encerramento para uma obra que na melhor das hipóteses só começará no próximo ano. Para o deputado do PCP, o Governo, com esta opção, está a privatizar os nascimentos de Lisboa e Vale do Tejo. 

Na resposta, a secretária de Estado acabou por dizer que «continuamos a discutir demasiadamente os profissionais [do SNS]» e que «andamos a distrairmo-nos com as condições de trabalho» ficando muito clara a opção de não responder às reivindicações dos vários trabalhadores que fazem o SNS, os imprescindíveis e a linha da frente que fizeram os dados de excelência no combate à Covid que o Governo agora usa para se vangloriar e não discutir os reais problemas do SNS. Já sobre as questões concretas pelo PCP, mais uma vez o Governo optou por ficar calado, num sentido de também não estragar o negócio aos privados.
Dado este posicionamento do Governo, as dificuldades no SNS e as populações a desesperarem, a direita já esfregou as mãos. Enquanto PSD nada de novo acrescenta, o Chega acaba por dizer que «público ou privado não interessa», algo que somente revela a vontade de financiar o privado e corresponder aos interesses da família Mello, a família que financia o Chega.   
 

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