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|eleições legislativas

Jerónimo de Sousa: «Fizemos bem em participar neste processo»

Em entrevista emitida online, o secretário-geral do PCP falou do «processo complexo» que foi esta legislatura e do que ficou por fazer. Das questões ambientais à defesa do SNS, explicou quais as medidas urgentes para a CDU. 

Arruada da CDU com Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, na Baixa da Banheira. Foto de arquivo.
Créditos / CDU

A emissão começou com a explicação da razão de ser desta iniciativa. A Coligação Democrática Unitária (CDU) decidiu transmitir a entrevista, à mesma hora em que estava a acontecer o debate entre António Costa e Rui Rio, nos três canais generalistas em simultâneo.

«É óbvia e clara a discriminação», disse Jerónimo de Sousa, acrescentando que desta forma se tenta estabelecer quem são os «partidos de primeira e de segunda» e que o Partido Comunista Português (PCP) não podia pactuar com o que considera ser «uma afirmação clara de desigualdade e de discriminação».

Questionado sobre o lema de campanha «avançar é preciso, andar para trás não», Jerónimo de Sousa explicou que a CDU valoriza o que se fez nesta legislatura, que foi o apontar de um caminho de reposição de rendimentos e direitos. «Encetou-se esse caminho. Recuperaram-se alguns direitos que muitos pensavam ter sido perdidos para todo o sempre», afirmou, dando o exemplo da reposição do subsídio de Natal e do aumento extraordinário das pensões de reforma.

«O PS não se libertou da política de direita»

Criticando as opções políticas do Partido Socialista (PS), Jerónimo de Sousa clarificou que medidas como a redução dos preços dos passes para os transportes públicos ou a gratuitidade dos manuais escolares não estavam nos planos daquele partido: «Se não tem havido este papel do PCP, não haveria estas conquistas. Foi a nossa determinação que tornou possíveis estes avanços e fizemos bem em participar neste processo, a pensar nos trabalhadores e no povo».

Insiste várias vezes, durante a entrevista, numa ideia que vem sublinhando ao longo da legislatura. Não existe nenhum governo de coligação, nem «das esquerdas», mas sim uma solução política com um governo minoritário do PS e responde à entrevistadora quando lhe pergunta como encara o termo geringonça: «chamem-lhe o que quiserem, foi de facto uma solução política para a qual contribuímos para avançar».

Mas para o PCP fica claro que o PS não se libertou «da política de direita» e que continua a ter no PSD e no CDS-PP a «sombra protectora» e o «pronto-socorro» para fazer aprovar as medidas que mantêm o País «submisso à União Europeia», referindo-se às exigências do défice que o PS decidiu até ultrapassar, não aproveitando os montantes que poderia ter canalizado para o investimento público. «Os direitos laborais foram sempre zona de fronteira entre a esquerda e a direita» e, para o secretário-geral do PCP, nesta matéria, o PS escolheu continuar a posicionar-se contra os trabalhadores.

Sobre as alegadas «resistências internas» a esta solução, Jerónimo de Sousa admitiu que possa haver dúvidas e preocupações por se tratar de um processo complexo, mas que deve, pelo contrário, haver confiança no resultado das próximas eleições, se este reflectir as propostas e a iniciativa das forças da CDU no decorrer desta solução. «O sentimento é de satisfação pelos avanços alcançados. [...] Foi uma orientação definida pelo congresso do nosso partido, determinada pelos próprios militantes, que sentem orgulho por ver o seu partido dar um contributo para uma vida melhor para os portugueses».

#PerguntaJerónimo

As perguntas chegaram do público não se afastaram muito destas temas. Centraram-se nas questões que impossibilitam uma coligação entre PS e PCP, nas dificuldades vividas pelos portugueses com baixos salários e vínculos precários, ou ainda nos elevados preços da habitação e na falta de investimento nos serviços públicos.

Críticas que Jerónimo de Sousa acompanhou e respondeu com as prioridades da CDU para o futuro: o aumento geral dos salários, a concretização da Lei de Bases da Habitação, ou as medidas de incentivo à natalidade como a gratuitidade das creches e o abono de família para todas as crianças.

«Não existe um problema de carga fiscal, mas de injustiça fiscal»

«Como financiar?», a pergunta da jornalista levantou a preocupação da sustentabilidade da Segurança Social. Jerónimo de Sousa respondeu que estas medidas são encaradas pela CDU como um investimento. E que o balanço se deve procurar numa «melhor distribuição da riqueza», por exemplo entre as empresas com alto nível tecnológico e com poucos trabalhadores que, por essa razão, descontam pouco para a Segurança Social mas apresentam uma «alta rentabilidade». «É necessário pôr também a tecnologia ao serviço da justiça social», acrescentou.

«Ainda sou do tempo em que muitos homens e mulheres morriam sem nunca terem ido ao médico»

Outro tema caro à CDU é a defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que foi igualmente abordado na entrevista. Jerónimo de Sousa valorizou o SNS que é «o 12.º melhor do mundo» e que deve ser defendido. «A doença não pode ser uma área de negócios porque a Saúde é um direito», afirmou.

«O capitalismo não é verde»

Catarina Pires questionou o secretário-geral do PCP sobre o tema do ambiente, que parece dominar a campanha eleitoral.

Jerónimo de Sousa sublinhou o trabalho que o Partido Ecologista Os Verdes (PEV), parceiro do PCP tem vindo a desenvolver ao longo de anos,  dinamizando iniciativas «de grande interesse e impacto» mas às quais não foi dada cobertura mediática, para agora virem alguns «pôr-se em bicos de pés» pelas questões ambientais.

Desde a floresta ao amianto nas escolas, a preocupação ambiental esteve sempre presente na intervenção do PEV, levantando uma questão central: a de que está na natureza do capitalismo a exploração e a predação dos recursos à escala planetária, pelo que os defensores do ambiente devem estar «unidos contra os causadores» dos ataques ao planeta e ao ser humano.

«Enquanto se mantiver o sistema capitalista, podemos encontrar actos simbólicos, manifestações compreensíveis e podemos ter solidariedade. Mas sem resolver o problema de fundo não se encontrará a solução», rematou.

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