Há quem tenha curriculum que mais se assemelha a cadastro e Durão Barroso é um desses exemplos. O ex-MRPP que por golpe de consciência se tornou “social-democrata”, tem um percurso único no que diz respeito à venda de Portugal ao grande capital.
Durão Barroso, outrora um jovem estudante de direito que fazia do verbalismo prática revolucionária, ganhou protagonismo enquanto secretário de Estado da Presidência de Conselho de Ministros, passou por subsecretário de Estado no Ministério de Assuntos Internos, por secretário de Estado dos Assuntos Externos e Cooperação e Ministro dos Negócios Estrangeiros em governos de Cavaco Silva, participou activamente nos processos de privatizações e desmantelamento e destruição do aparelho produtivo português.
Talvez o momento mais marcante do seu percurso tenha sido após a vitória do PSD nas eleições de 2002 e a consequente coligação com o CDS-PP que o levaram a primeiro-ministro. Nesse período de tempo deu um grande apoio à invasão do Iraque em 2003, algo que lhe valeu a nomeação como presidente da Comissão Europeia, abandonando assim o seu governo e o país, provocando uma grave crise política em Portugal.
Como presidente da Comissão Europeia participou activamente no que viria a ser o Tratado de Lisboa, um documento imposto aos povos que promoveu o fim do princípio da unanimidade no processo de decisão no Conselho Europeu, colocando em causa a igualdade dos Estados no processo de decisão; e o reforço de mecanismos de condicionamento, chantagem e ingerência, visando a imposição das políticas neoliberal, militarista e de concentração de poder em instituições supranacionais dominadas pelas grandes potências.
Já em 2015, Pinto Balsemão escolheu Durão Barroso para lhe suceder no o conselho director do famigerado grupo Bilderberg, grupo que reúne anualmente os grandes capitalista do mundo e define linhas de acção para manter o sistema capitalista e a exploração do homem pelo homem.
Mais uma vez, a sua actuação de Durão Barroso foi premiada e em 2016 Durão Barroso foi nomeado presidente não-executivo do Banco Goldman Sachs International. Importa recordar que nesse período de tempo, a Goldman Sachs foi um agente activo na especulação financeira, em plena crise europeia que fragilizou países como Portugal. O banco, correspondendo aos interesses dos Estados Unidos e do grande capital, viu, nas graves condições de vida impostas aos povos, formas de lucro, e apoiou sempre as medidas de austeridade na Europa, mesmo ficando provado que, no caso da Grécia, contribuiu para deixar o país de rastos.
Mais recentemente, acumulando com o cargo de líder dos conselheiros internacionais da Goldman Sachs, Durão Barroso foi nomeado presidente da Aliança Global para as Vacinas, uma instituição que actua, juntamente com o Banco Mundial e a Fundação Bill & Melinda Gates, no sentido de salvaguardar os interesses económicos das grandes farmacêuticas mundiais.
Em suma, a participação de Durão Barroso num comício da AD é a mera representação do apoio que o grande capital mundial dá à coligação liderada pelo PSD, de forma a garantir os seus interesses que são antagónicos à melhoria das condições de vida do povo e dos trabalhadores. Falta só à AD, assim como uma agência imobiliária, começar a colocar uma placa a dizer «vende-se» em tudo o que é empresas nacionais. O grande capital certamente irá agradecer.
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