Quando estamos a entrar na recta final da contagem dos votos das legislativas, agora nos círculos da Emigração, lembrar que, algures no meio da campanha, a malta do PSD apercebeu-se de que havia eleitores a confundir a sigla da coligação (AD) com a de um outro partido político, o ADN. Uma confusão que lhes podia custar uns votos, entre 1 a 2 pontos percentuais. De imediato, a coisa passou a ser tema nacional. Desde Ricardo Araújo Pereira a todos os telejornais, não houve espaço comunicacional onde os eleitores não fossem alertados para a possível confusão. No próprio dia das eleições, o PSD e a comunicação social andaram a perorar sobre o tema, envolvendo até a CNE, e, no fundo, procurando todos evitar a confusão.
As eleições realizaram-se e, de facto, o ADN tem um resultado acima do normal, que admitamos não reflectirá a sua real influência.
Depois do acto eleitoral, realizaram-se também múltiplas intervenções sobre o tema, com destaque para a de Pires de Lima, que considera o resultado «adulterado» e, no fundo, que devemos todos assumir que a AD teve os votos que não teve e elegeu os deputados que não elegeu.
Mas, foi a primeira vez que assistimos a este tipo de confusões? Não foi. Todos sabemos que existe um partido autorizado a concorrer com o símbolo do PCP, um partido – sem expressão real desde que cumpriu o seu papel contra-revolucionário nos anos 70 – com um resultado que consistentemente ronda os 11% do resultado das listas que o PCP integra. Com uma agravante, o PCP existe há 103 anos com esse símbolo, mas em 1975, com o PCP já inscrito com o seu símbolo, alguém achou que podia dar a outro partido fundado em 1970 o direito de usar o mesmo símbolo no boletim de voto. Ao contrário, a sigla AD foi escolhida numa altura em que o Partido ADN já existia.
Ora, significativo é que são aqueles muitos – quase todos – que nunca fizeram nada para evitar ou esclarecer a confusão com os símbolos quando e onde esse confusão prejudicava o PCP (e até faziam pior, colocando na «informação» eleitoral o símbolo do PCP a substituir o das coligações que integrava) os que, agora, abriram telejornais a alertar os eleitores para uma possível confusão.
Por outro lado, sempre passaram mais um tempo a falar da AD, a apelar ao voto e a procurar ajudar a construir um melhor resultado para a AD e a dar força à política anti-popular cuja implantação se prepara.
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