A 1 de Janeiro de 1999 o euro entrava sorrateiramente nas contas bancárias dos portugueses – só três anos depois, em 2002, chegaria às carteiras. Faz agora 20 anos que começou um caminho em que se prometia crescimento, estabilidade e convergência, como João Ferreira do Amaral lembrou em entrevista ao Sol. Em Janeiro de 2019, nenhuma destas promessas se confirmou para o nosso País.
De 1999 para cá, só em 2017 crescemos mais do que a média da União Europeia e da zona euro, ano em que se consolidaram ou foram aprovadas medidas que contrariam o dogma neoliberal do directório europeu. O outro ano em que Portugal se aproximou do «pelotão da frente» que, diziam Cavaco ou Guterres, iríamos apanhar, foi 2009: a recessão doméstica foi menos acentuada do que a europeia e a economia «só» recuou 3%, contra 4,5% na zona euro.
Quanto a estabilidade, é olhar para os números do desemprego, por exemplo, e perceber o efeito devastador que a adesão à moeda única teve na vida de centenas de milhares de trabalhadores portugueses. De uma taxa de 4,4% há 20 anos, o desemprego oficial chegou a galgar os 15% durante os duros anos da troika (que incluía uma das criações que acompanharam o euro – o Banco Central Europeu), a que se somaram os muitos que foram obrigados a emigrar pelo governo do PSD e do CDS-PP.
O ano em que se assinalam 20 anos sobre a criação do euro é também ano de eleições para o Parlamento Europeu, como foi 1999. Nesse ano, nem todos celebravam a novidade – vale a pena recuar aos discursos de então e cruzar o que se dizia então (e quem o dizia) e a realidade que se seguiu). O balanço destas duas décadas de entrega de soberania a Bruxelas será, seguramente, um elemento importante para as escolhas que temos pela frente.
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