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Demissão do CEMA: uma falsa partida

A verdade é que a tão falada bazuca ainda não rebentou, mas os estilhaços já se fizeram sentir nos ministérios da Defesa e dos Transportes.

Militares da Marinha Portuguesa perfilados no desfile militar durante a cerimónia comemorativa dos 700 anos da criação formal da Marinha, em Lisboa. 12 de Dezembro de 2017
CréditosTiago Petinga / Agência LUSA

O anúncio da demissão do almirante Mendes Calado do cargo de Chefe do Es­tado Maior da Ar­mada (CEMA), reconduzido pelo Governo, em Março passado, para um mandato de dois anos, acabou por ser clarificado pelo Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas.

Assim, à surpresa do anúncio da exoneração e de algum burburinho em torno das recentes reuniões Conselho do Almirantado, segue-se o espanto de, por um lado, se ficar a saber da combinação prévia, entre o PR o Governo e o CEMA, para a saída deste antes do prazo estipulado no sentido de abrir caminho para alguém. Por outro, esta evidente descoordenação entre Governo e PR quanto à data do anúncio da anunciada exoneração.

Em qualquer caso, a clarificação desta situação por parte do PR não apaga o facto de a ex-futura exoneração do CEMA ficar marcada pela re­cusa do Mi­nis­tro da De­fesa Na­ci­onal e do Chefe do Es­tado Maior Ge­neral das Forças Ar­madas (CEMGFA), em nomear o contra-al­mi­rante Oli­veira e Silva para o cargo de Co­man­dante Naval, cujo nome havia sido proposto pelo almirante Mendes Calado.

De facto, parecem ter razão todos quantos alertaram para a perturbação que a entrada em vigor das alterações à Lei de Bases da Organização das Forças Armadas viria a introduzir na interacção entre os diversos intervenientes na estrutura superior das Forças Armadas, e em eventuais situações de conflitualidade, como parece ser o caso.

A verdade é que a tão falada bazuca ainda não rebentou, mas os estilhaços já se fizeram sentir nos ministérios da Defesa e dos Transportes.

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