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|José Vitoriano

Cem anos de um «operário construído»

O centenário do resistente antifascista José Vitoriano assinala-se esta tarde, pelas 18h, na Casa do Alentejo, em Lisboa. No mesmo local, e até ao 17 de Dezembro, a vida deste construtor de Abril ficará patente numa exposição.

Foi a 30 de Dezembro de 1917 que, no lugar de Torre e Cercas, no concelho de Silves, nasceu José Vitoriano, «um exemplo nobre de comunista que sempre considerou até ao fim da sua vida a acção política como forma de servir os trabalhadores, servir o povo e o País».

As palavras foram proclamadas pelo secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, no funeral de Vitoriano, a 4 de Fevereiro de 2005. Tinha 88 anos, 17 dos quais passados em prisões fascistas, onde não deixou de lutar.

Aos dez anos entra directamente para o terceiro ano da escola primária, que completa dois anos depois. Autodidacta, tinha aprendido a ler antes e em poucos meses, com um amigo que tinha realizado o exame da instrução primária.

Só foi menino na escola. Primeiro, tratando-se do mais velho dos irmãos, coube-lhe a tarefa de apoiar a família. Depois, veio o trabalho. 

Aos 13 anos começa a trabalhar como operário corticeiro, um sector então em expansão no Algarve. Aí ganha verdadeira consciência de classe e forma-se como o que caracterizou de «operário construído», tendo sido eleito presidente do Sindicato dos Operários Corticeiros do Distrito de Faro.

A vontade e o gosto de aprender fizeram de José Vitoriano um leitor e criador da Biblioteca Popular, que começa por nascer em sua casa. Ao mesmo tempo surgia um divulgador e formador de consciências, atendendo às publicações progressistas que dá a conhecer, como O Diabo e Sol Nascente.

Só nos anos 40 faz o Curso Comercial Elementar (curso nocturno) na Escola Técnica de Silves. Entretanto, vieram as prisões, em 1948 e 1953. Aos microfones da TSF, esta manhã, Jerónimo de Sousa recordou que a pena mais pesada, que durou até 1967, foi por José Vitoriano estar a «conspirar contra a Constituição», segundo o tribunal. 

«É daquelas histórias mais impressionantes», confessou. «Porque a PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado) descobriu um papel – por isso se dizia a história dos papelinhos – que era o "Estatuto da Comuna"», ou seja, «um regulamento de solidariedade entre os presos».

Nele se previa que os presos repartissem com outros, cujas famílias eram mais  carenciadas ou residiam longe, as ofertas que recebiam, designadamente alimentos.

Militante do PCP, escreveu trabalhos importantes na clandestinidade, como as «Experiências de três anos de luta sindical», em 1973. Foi membro do Secretariado do Comité Central de 1968 a 1972. Depois da Revolução dos Cravos, José Vitoriano integrou a Comissão Política do seu partido de sempre e assumiu a responsabilidade do trabalho sindical.

​​​​Foi deputado à Assembleia da República, de 1977 a 1989, eleito pelo círculo eleitoral de Faro à I Legislatura e, da II à V Legislatura, pelo círculo eleitoral de Setúbal. Foi ainda vice-presidente do Parlamento até 1984, onde foi reconhecido pela grande modéstia, e pela capacidade de trabalho e diálogo. «Foi uma presidência impressionante», sublinha Jerónimo.  

Os direitos dos trabalhadores, a defesa da pesca portuguesa e o poder local democrático foram algumas das matérias em que interveio como deputado. 

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