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|Amílcar Cabral

Amílcar Cabral: 100 anos depois, a luta continua

«Nenhuma força do mundo poderá evitar a libertação total do nosso povo e a conquista da independência nacional da nossa terra», afirmou Amílcar Cabral, cujo centenário do nascimento se assinala esta quinta-feira.

A Casa do Alentejo, em Lisboa, acolheu na tarde desta quarta-feira uma sessão evocativa do centenário do nascimento de Amílcar Cabral, promovida pelo PCP e onde, para além do PAIGC e do PAICV, marcaram presença o MPLA e a FRELIMO, e representantes diplomáticos de Angola, Cabo-Verde, Moçambique, Timor-Leste, China e Cuba.

Aldonça Ramos, vice-presidente em Portugal do PAIGC, na intervenção inicial da sessão destacou a figura de Amílcar Cabral, assassinado a 20 de Janeiro de 1973 por agentes da ditadura fascista portuguesa, «cuja figura e obra ultrapassaram todas as fronteiras» e falou da actualidade do programa que então elaborou de «luta contra a pobreza, o tribalismo, pela saúde e a educação».

Por seu lado, Daniel Pina usou também da palavra para considerar Amílcar Cabral como o «maior filho da Guiné-Bissau e de Cabo-Verde e pai da nacionalidade» destes dois países. Na sua intervenção, o primeiro-secretário em Portugal do PAICV abordou o que considerou ser, por um lado, o «programa menor» de Cabral, «que era a independência da Guiné-Bissau e de Cabo-Verde» e, por outro, o «programa maior, que era a libertação dos povos da fome, miséria, opressão e do atraso no desenvolvimento em relação a outros povos».

No encerramento da iniciativa, Paulo Raimundo destacou o facto de ter sido em Lisboa que Amílcar Cabral «tomou contacto directo com a luta do povo português e, num ambiente de enérgica actividade do movimento da oposição democrática, não só participa nas actividades do MUD e noutras frentes da luta antifascista, como ao mesmo tempo desenvolve uma intensa actividade cultural e política. Uma intensa actividade com outros estudantes originários das colónias, alguns dos quais, tal como ele, viriam a assumir grandes responsabilidades na criação e na direcção dos movimentos de libertação nacional das suas terras e com os seus povos».

O secretário-geral do PCP sublinhou ainda que «foi na luta e na intervenção pela libertação de todos os povos, dos povos das colónias e do povo português, que se foram tecendo laços de amizade e solidariedade entre o PCP e o PAIGC e mais tarde também com o PAICV», para concluir que «Cabral vive, em cada luta contra a injustiça, em cada luta contra a desigualdade, em cada luta pelos direitos e anseios dos povos».

A cultura também marcou presença na sessão, seja em música e canções, através das vozes das cantoras cabo-verdianas Nancy Vieira e Teté Alhinho e do cantor e músico angolano Semedo, seja em poesia e textos de Amílcar Cabral declamados pelo actor angolano Júlio Mesquita.

Comemorações continuam

Entretanto, a Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril anunciou que vai evocar o centenário do nascimento do líder independentista africano com a reposição de «Amílcar Cabral, uma Exposição»,  e a publicação de dois livros, Cabral Ka Mori e O Mundo de Amílcar Cabral.

A exposição, na sua versão itinerante, pode ser visitada na Amadora, no Espaço Delfim Guimarães, a partir desta quinta-feira e até 30 de Outubro.

A apresentação de Cabral Ka Mori e de O Mundo de Amílcar
Cabral
 será no próximo sábado, no dia 14 de Setembro, às 16h30, em Lisboa, no Centro Cultural de Cabo Verde. Cabral Ka Mori, da autoria de José Neves e Leonor Pires Martins, reflecte a exposição que esteve patente no Palácio Baldaya, guiando o leitor por 50 objectos reveladores de momentos e lugares da vida de Amílcar Cabral, enquanto O Mundo de Amílcar Cabral reúne estudos de especialistas e testemunhos de contemporâneos de Cabral, e será apresentado por Manuela Ribeiro Sanches e Raquel Ribeiro.

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