|resistência antifascista

Para que não se esqueça o papel das «Mulheres da Marinha Grande»

A exposição «Mulheres da Marinha Grande - Fragmentos de Vidas, de Resistência e de Luta», promovida pelo MDM, será inaugurada a 3 de Junho, pelas 16h, na Biblioteca Municipal da Marinha Grande.

 A conversa <em>Mulheres da Marinha Grande – Fragmentos de vidas, de resistência e de luta</em>, realizada no Museu do Aljube, no dia 28 de Setembro de 2021. 
Créditos / MDM

Trata-se de uma exposição inspirada no livro Mulheres da Marinha
Grande - Histórias de Luta e de Coragem
, de Júlia Guarda Ribeiro, evocando o importante papel que as mulheres tiveram no combate ao regime fascista numa terra como a Marinha Grande, com tradições de luta e de resistência, pela conquista de direitos fundamentais na vida e no trabalho.

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Câmara Municipal da Marinha Grande quer apagar a histórica Revolta da Marinha

A Revolta dos Operários Vidreiros foi um dos momentos altos da luta contra o fascismo. Na Marinha Grande foi erguida uma estátua em memória desta heróica página da luta dos trabalhadores que o executivo do MPM e o PS querem diminuir.

Créditos / CGTP

A 18 de Janeiro de 1934, como reação ao Decreto-lei nº 23050 do governo fascista de Salazar que impunha uma ofensiva patronal contra os trabalhadores proibindo negociações coletivas, movimentos sindicais e ações de greve. O objectivo da lei era promover os sindicatos fascistas e por sua vez, meter o Estado a controlá-los directamente, procurando enfraquecer a luta consequente dos trabalhadores e acabar com qualquer tipo de contestação social. 

Desta forma, vendo os seus direitos atacados, aliado à carestia de vida, os opeŕarios da indústria vidreira da Marinha Grande insurgiram-se e partiram para a luta. A Marinha Grande viu a classe operária a tomar as ruas, a assumir o papel de vanguarda da luta dos trabalhadores e a desafiar o regime fascista. Por um conjunto de horas, a terra do vidro e dos moldes foi libertada por breves momentos. Viu-se uma nesga de luz durante a noite fascista, declarou-se um soviete e a classe operária ambicionava o assalto aos céus. 

 É certo que a repressão fascista rapidamente se fez sentir. Não estavam ainda garantidas as condições objectivas para consolidar a vitória, mas também é certo que, o exemplo e a coragem dos trabalhadores servem de exemplo para as lutas de hoje.

Em memória a este momento, a 18 de Janeiro de 1984 foi inaugurado um monumento de homenagem da autoria do escultor Joaquim Correia. À data, a Câmara Municipal da Marinha Grande, cuja maioria era APU, decidiu a para além da construção do monumento, quis também dar-lhe centralidade, e colocou-o na rotunda do vidreiro, perto do parque Mártires do Colonialismo e logo à entrada do concelho. 

A polémica entretanto instalou-se. O anterior executivo de maioria PS avançou para a deslocalização do monumento e já no actual mandato, o novo executivo do movimento independente MPM também com o apoio do PS reiterou a intenção, sempre com oposição da CDU.  A deslocalização seria para um local com menor centralidade, argumentando que teria sido a vontade do autor aquando da realização da obra. No entanto, o sítio para onde o monumento poderá ir existe apenas desde 2003.

O objectivo parece ser claro e passa pela tentativa de desvalorizar a história e os heroicos participantes no 18 de janeiro de 1934. Apagar a revolta dos operários vidreiros da Marinha é apagar o exemplo de que quando a classe operária se une tudo pode almejar.

No passado dia 16 de Novembro, o Movimento Cívico pela manutenção do Monumento evocativo do 18 de janeiro de 1934, juntamente com o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Vidreira, realizaram uma concentração contra a deslocalização do Monumento. Debaixo de chuva, as condições climatéricas não demoveram os manifestantes e várias forma intervenções, que salientaram que as intenções do MPM e PS são uma tentativa de desvalorizar a história e os heroicos participantes no 18 de janeiro.

A concentração realizou-se junto à Rotunda do Vidreiro, seguindo-se uma manifestação até à Câmara Municipal onde foram proferidas intervenções e aprovada uma resolução por unanimidade. 

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Ao promover esta iniciativa, associada às comemorações do 50º aniversário do 25 de Abril, o MDM (Movimento Democrático de Mulheres) procura «dar a conhecer a História, o património de resistência e de luta nos seus diferentes matizes». Por outro lado, recorda «o importante papel que as mulheres da Marinha Grande tiveram nesse combate contra o regime opressor e obscurantista, que relegava as mulheres para uma condição de inferioridade, mulheres que não se deixaram vergar pelo medo que se fazia sentir quando faziam ouvir a sua voz».

 Nesse sentido, o MDM assume o que considera ser seu dever «desocultar o papel das mulheres, tantas vezes esquecidas, mas que abnegadamente lutaram e que com a sua luta contribuíram para a conquista de direitos fundamentais para as mulheres, da liberdade e democracia».

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