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O que a Transtejo está a fazer «não é serviço público»

Os utentes denunciam que as sete ligações realizadas nos dias de semana não correspondem às necessidades e exigem a intervenção do Governo, a quem acusam de «desinteresse».

A Fectrans agendou duas greves parciais para hoje e quinta-feira, de três horas por turno na Transtejo e de duas horas por turno na Soflusa
Créditos / Notícias ao Minuto

A Comissão de Utentes de Transportes da Margem Sul critica, num comunicado enviado às redacções, que a Transtejo tenha decidido «prolongar os horários do período de confinamento na ligação» Trafaria – Porto Brandão – Belém.

Actualmente, apenas estão em funcionamento quatro horários no período da manhã e três no período da tarde, num total de sete circulações durante os dias úteis, e cinco circulações aos fins-de-semana e feriados.

«É absurdo», revela Marco Sargento em declarações ao AbrilAbril. O representante dos utentes denuncia que esta ligação «sempre foi menorizada», e lembra as décadas de desinvestimento «atroz» na Transtejo e na Soflusa, com vista à privatização das duas empresas, que o Governo do PS «não alterou em nada».

Para os utentes é «inadmissível» que um serviço público com esta importância e na Área Metropolitana de Lisboa tenha uma frequência tão baixa, sublinhando que «não há procura que resista» a esta oferta de horários. 

Marco Sargento dá conta dos constrangimentos. «Se eu quero ir jantar à Trafaria nunca posso ir de barco, porque não tenho barco para voltar. Tal como usar este transporte para vir trabalhar para Lisboa é um risco tremendo porque, por dois minutos, posso estar duas ou quatro horas à espera de barco». 

Acresce outra questão que, diz, «não é de somenos». «Esta é a única forma de os veículos com menos de 50 centímetros cúbicos poderem aceder à capital, porque não podem passar na Ponte 25 de Abril, e estamos a falar das populações mais frágeis economicamente, que muitas vezes não têm outro meio de transporte para além destes veículos», revela Marco Sargento. 

O representante dos utentes fala num «ataque ao direito à mobilidade», salientando que este é um serviço com grande importância para as populações da Trafaria e de Porto Brandão, ambas com grande tradição na restauração, mas também para as freguesias de Caparica e de Charneca de Caparica. 

«Empurram estas pessoas para o transporte individual», não obstante os «grandes louvores» à descarbonização da sociedade e à utilização dos transportes públicos, critica.  

A Comissão de Utentes de Transportes da Margem Sul lamenta ainda que os dez novos barcos, «diversas vezes anunciados» pelo Governo, ainda não tenham chegado.

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