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Utentes da Fertagus «perplexos» com prolongamento da concessão

A Comissão de Utentes de Transportes da Margem Sul denuncia que os utentes não foram ouvidos na negociação de novo prolongamento da concessão da Fertagus, sem perspectiva de novas composições.

Comboio da Fertagus na Ponte 25 de Abril (foto de arquivo)
CréditosInácio Rosa / LUSA

Notícias dos últimos dias, de que o Governo está a negociar o terceiro prolongamento do contrato de concessão da Fertagus, entre Setúbal e Lisboa, sem mais oferta de serviço, deixaram os utentes «perplexos», afirma a Comissão de Utentes de Transportes da Margem Sul num comunicado, onde revela que já remeteu as suas preocupações ao gabinete do primeiro-ministro. 

Segundo adiantou o Público, a prorrogação do contrato é uma forma de «compensar a empresa pelos elevados prejuízos que teve durante a pandemia, quando a procura desceu a pique e os comboios andaram quase vazios durante o confinamento». Acautela-se o interesse da empresa, enquanto os utentes continuam a lidar diariamente com as consequências de um serviço praticamente inalterado desde o início da operação, há quase 25 anos, como a sobrelotação de carruagens em hora de ponta e a «contínua degradação do serviço». 

«Os utentes estão fartos de aglomerações, na entrada e saída das carruagens e durante as viagens, de atrasos constantes e de assistir à prestação de socorro médico a outros utentes que se sentem mal na sequência das condições em que viajam», constata a Comissão de Utentes. Apesar disso, critica, o Governo está a negociar um prolongamento da concessão «tal como ela está, sem perspectivas de aquisição de novas composições, da extensão do serviço à estação do Oriente ou do aumento de frequência nas horas de ponta». 

A falta de comboios é um dos aspectos críticos, embora a Comissão defenda que se o Executivo tivesse adquirido os comboios quando os utentes o reclamaram, «já hoje estavam ao serviço, como os que podem adquirir este ano chegarão sempre antes dos que venham a adquirir em 2034 ou 2044». Os utentes vão mais longe, afirmando que, se não se consegue melhorar o serviço com a Fertagus, no modelo de parceria público-privado (PPP), devia ser considerada a integração desta ligação ferroviária na CP, «passando o serviço no Eixo Norte-Sul a ser reforçado com outros comboios daquela empresa, pelo menos até à aquisição de novos, que tanta falta fazem».

Em Junho de 2018, mais de 100 personalidades e instituições assinaram um manifesto a exigir o fim da PPP da Fertagus, defendendo que ganharia o País, com a redução do esbulho de recursos públicos em favor dos privados, mas também os utentes e os trabalhadores. Meses mais tarde, PS, PSD, CDS-PP e o deputado do PAN chumbaram um projecto de resolução a favor do fim da concessão da Fertagus, iniciativa que haveriam de repetir (com a abstenção do PAN) no ano seguinte.

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