«Horas perdidas à espera do barco que não chega, atrasos para o trabalho (com as consequências inerentes), falta a compromissos, consultas e exames, incerteza e o avolumar do stress». O reflexo das constantes supressões de barcos na vida de quem precisa de os utilizar para cruzar o Tejo é descrito num comunicado da Comissão de Utentes de Transportes da Margem Sul (CUTMS).
Notícias recentes deram conta que as ligações fluviais voltaram a ultrapassar as 12 mil supressões e que a empresa pública tem decidido suprimir cada vez mais viagens com antecedência, especialmente entre Lisboa e Cacilhas (Almada), por «constrangimentos operacionais». A comissão regista que, desde 2020, as supressões nunca foram abaixo das 11 mil, valor que compara com as cerca de três mil verificadas em 2019. À imprensa, a Transtejo/Soflusa (com uma administração comum) justificou-se com a necessidade de realizar «ajustes adicionais, especialmente na ligação fluvial de Cacilhas, com o objectivo de garantir a manutenção da frota e mitigar a escassez de recursos humanos operacionais à data».
Segundo a comissão de utentes, a administração da empresa limita-se a gerir os equipamentos de que dispõe com os recursos que é autorizada a contratar. «A tutela, isto é, o Ministério [do Ambiente e da Acção Climática], não prioriza a intervenção nesta ligação fluvial e não dota esta empresa dos recursos de que necessita», critica, acrescentando que os barcos eléctricos «estão longe de serem os adequados à operação da empresa e têm vindo a causar sérios problemas na ligação Seixal – Terreiro do Paço».
A falta de investimento na ligação fluvial, visível na falta de trabalhadores marítimos e da manutenção e na descapitalização da manutenção da frota, ameaça o dia-a-dia dos utentes, que, entretanto, se confrontam com o congestionamento das restantes restantes travessias, designamente o trânsito na Ponte 25 de Abril ou o «caos» que se vive no comboio da Fertagus.
Neste sentido, a CUTMS propõe que a Transtejo/Soflusa invista em meios «humanos, técnicos e materiais», bem como numa gestão integrada na rede de transportes da Área Metropolitana de Lisboa, «permitindo à ligação fluvial assumir o seu papel nos movimentos pendulares e constituir-se como uma verdadeira alternativa ao uso da Ponte 25 de Abril».
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