«São telhas solares compostas por material que deixa passar a luz, ficando as células fotovoltaicas localizadas no interior de módulos, fora do campo de visibilidade a partir do exterior dos edifícios», refere nota da Câmara Municipal de Évora (CME). Mantendo «a cor terracota e o formato tradicional», as telhas solares fotovoltaicas são praticamente indistinguíveis das usadas no centro histórico de Évora.
Life – Água da Prata, o projecto da Câmara Municipal de Évora para reabilitar o aqueduto da cidade e limitar o desperdício de água, será visitado amanhã pela Comissária Europeia, Elisa Ferreira. Com data de conclusão prevista para o final de 2022, o projecto Life – Água da Prata vai acabar com a utilização de água tratada no sistema de rega da cidade, substituindo por água não tratada. O objectivo é pôr termo ao desperdício de água potável num dos distritos mais fustigados pela seca. Para além desta medida, a Câmara Munical de Évora (CME) irá também adaptar, estruturalmente, os espaços verdes do concelho, permitindo que resistam a ondas de calor e precipitações extremas, recorrendo a soluções de base natural, com níveis de consumo de água adequados. O laboratório vivo para a descarbonização, um plano municipal de adaptação às alterações climáticas e a requalificação do Aqueduto da Água de Prata são alguns dos projectos em curso no Município eborense. Mensagens deixadas nas várias manifestações realizadas hoje, a propósito da chamada Greve Climática Global, levam a acreditar que nada se está (ou tem vindo) a fazer a favor do ambiente e contra as alterações climáticas. Mas uma incursão pelo Município de Évora (CDU) prova que não é bem assim. Entre Janeiro de 2015 e Dezembro de 2016, a autarquia integrou o grupo de 26 municípios-piloto que responderam ao concurso lançado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), no âmbito do projecto ClimAdaPT.Local, com vista à elaboração da Estratégia Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas. Os projectos implementados são muitos, variados e entrecruzam-se. Um dos últimos, apresentado no passado dia 20 de Setembro, chama-se POCITYF (Positive Energy CITY Transformation Framework) e tem como objectivo tornar a cidade mais auto-sustentável e amiga do ambiente. Ao AbrilAbril, o vereador Alexandre Varela explica que o POCITYF visa criar um conjunto de Positive Energy Blocks – áreas geograficamente delimitadas com uma produção local renovável superior ao consumo, em termos de média anual – nas cidades-piloto de Évora e Alkmaar (Holanda), bem como nas respectivas cidades-seguidoras de Granada (Espanha), Bari (Ιtália), Celje (Eslovénia), Ujpest (Hungria), Ioannina (Grécia) e Hvidovre (Dinamarca). Com a implementação dos referidos Positive Energy Blocks, acrescenta, o POCITYF pretende transformar o tecido urbano dessas cidades, com enfoque nas áreas cultural e historicamente protegidas, em locais mais sustentáveis, saudáveis, acessíveis e fiáveis para os seus cidadãos. Porque não se pode falar de ambiente sem ter em conta as pessoas. O projecto é desenvolvido em quatro linhas de transição energética de actuação. A par de soluções inovadoras para tornar o saldo energético positivo nos edifícios e nas áreas urbanas, e de um sistema de gestão que permita garantir o armazenamento de energia para posterior utilização no reequilíbrio da rede, visa implementar soluções que melhorem a integração da mobilidade eléctrica na rede de distribuição eléctrica da cidade, tal como a co-criação de soluções que melhorem a qualidade de vida dos cidadãos e a eficiência energética da cidade. O POCITYF terá uma duração de 60 meses e um investimento total de 22,5 milhões de euros, destinado na sua maioria «às cidades-lanterna». A portuguesa irá beneficiar de um investimento de 9,8 milhões de euros para o total dos parceiros que trabalharão para Évora, sendo que a maior fatia (8,1 milhões de euros) será financiamento entregue pela Comissão Europeia. Concretamente, a autarquia receberá uma verba de 1,15 milhões de euros destinada à subcontratação para a instalação de equipamentos a fornecer pelos parceiros (488 mil euros), para custos directos com pessoal (414 mil euros) e para outros, directos e indirectos (251 mil de euros). No POCITYF integram-se e entrecruzam-se outros projectos ambientais como o Laboratório Vivo para a Descarbonização em Évora. A ideia é transformar o Centro Histórico de Évora num «laboratório» onde se testem soluções tecnológicas com vista à redução das emissões de gases com efeitos de estufa. Segundo a autarquia, estes testes serão desenvolvidos essencialmente na área dos transportes e mobilidade sustentável e da eficiência energética do espaço colectivo. Em termos concretos, o trabalho passa, por exemplo, por encontrar formas mais equilibradas ambientalmente de efectuar a distribuição logística no Centro Histórico, disponibilizar informação em tempo real sobre percursos ou estacionamento, de forma a evitar engarrafamentos, ou gerir a iluminação da cidade, regulando a intensidade da iluminação consoante as necessidades do momento. Destaca-se ainda a utilização, ao nível do transporte público e de mercadorias, de veículos eléctricos que irão ser equipados com dispositivos de recolha de dados úteis para a revisão dos planos de urbanização e de mobilidade de Évora. As soluções que se mostrarem viáveis poderão ser implementadas no concelho e servirem de exemplo para outras cidades nacionais e estrangeiras. Um exemplo é, desde já, o aproveitamento da água proveniente do Aqueduto da Água da Prata, enquanto forma de mitigar o impacto das alterações climáticas. O projecto de recuperação do aqueduto, subsidiado em 60% pelo programa LIFE da Comissão Europeia, terá a duração de quatro anos e meio. Tendo em conta que não se prevê a sua utilização para consumo humano, o objectivo é, por um lado, reduzir os gastos municipais relativamente ao consumo de água da rede pública para rega dos espaços verdes e, por outro, diminuir a dependência que a rega de espaços verdes tem na rede pública de água tratada. A reabilitação dos poços e nascentes do aqueduto, que há 480 anos começou a levar água à Praça do Giraldo, no centro da cidade de Évora, permitirá ainda uma adaptação das áreas verdes urbanas a soluções eficientes no uso da água e da energia. A par das questões ambientais, há aspectos de poupança que merecem ser tidos em conta. Segundo cálculos da autarquia, o projecto permitirá, entre outras vantagens ambientais, poupar cerca de 120 mil metros cúbicos de água tratada e reduzir o consumo de energia através do fornecimento gravítico de água a 50% das áreas verdes urbanas, estimando-se uma redução de emissão de CO2 na ordem das 2,16 toneladas anuais. Atento à redução das emissões de CO2 e à promoção da eficiência energética, o Município de Évora aderiu ao «Pacto de Autarcas», compromisso europeu com vista a atingir uma redução de 20% dos consumos energéticos e das emissões carbónicas já no próximo ano. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. A concretização do projecto exige a utilização das nascentes originais do concelho, readaptando, para o efeito, o Aqueduto da Água da Prata, construído no século XVI e monumento nacional desde 1910. A intervenção conta com um orçamento de cerca de um milhão e quatrocentos mil euros, dos quais 60% é cofinanciado pelo Programa LIFE, «um instrumento financeiro da União europeia que apoia projectos ambientais de conservação da natureza e de intervenção climática», explica, em comunicado, a CME. Acompanhada pelo Presidente da CME, Carlos Pinto de Sá, e o Vereador do Pelouro do Ambiente, Alexandre Varela, a Comissária Europeia Elisa Ferreira vai realizar uma visita, no dia 10 de Maio, às obras de implementação deste projecto estrutural, indispensável para a mitigação dos efeitos nocivos das alterações climáticas no concelho de Évora. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Local|
Comissária Europeia visita projecto de mitigação das alterações climáticas em Évora
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Évora é «cidade-lanterna» em matéria ambiental
Um «laboratório vivo» para reduzir CO2
Reabilitação do Aqueduto da Água da Prata
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O antigo Palácio dos Condes de Sortelha, onde actualmente se encontram os Paços do Concelho, foi o primeiro edifício a receber as telhas solares fotovoltaicas. Este processo será replicado noutros edifícios da cidade, cujos telhados serão «equipados com sistemas de captação de energia solar, adaptados às caraterísticas específicas de um património histórico protegido».
Com o mesmo objetivo, as antigas placas de acrílico que compunham o lanternim do palácio foram agora substituídas por vidro fotovoltaico, numa área total de 169m2.
«A eletricidade produzida, de forma limpa, através deste sistema de captação de energia solar, permitirá satisfazer parte dos consumos de energia elétrica do edifício, quer seja para iluminação, quer seja a necessária para os equipamentos dos postos de trabalho. Em momentos de excedente de produção elétrica, a energia será injectada na rede» da cidade.
A instalação de sistemas idênticos cumpre «mais um objectivo importante na estratégia municipal de luta contra os efeitos negativos das alterações climáticas, que o Município tem vindo a implementar com vários planos e projectos actualmente em desenvolvimento». Em 2015, a CME, de maioria CDU, integrou o grupo de 26 municípios-piloto que responderam ao concurso lançado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) para o desenovolvimento de Estratégias Municipais de Adaptação às Alterações Climáticas.
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