Urbanismo, mobilidade, economia, ambiente, habitação, cultura e desporto são algumas das áreas reflectidas no trabalho que foi apresentado dia 7 de Junho, na Feira do Livro de Lisboa. Diferentes perspectivas «que de alguma forma encaixam na ideia de uma cidade mais justa, democrática, progressista e ambientalmente sustentável». Quem o diz é João Ferreira, que coordenou a obra Lisboa, Horizontes de Transformação – Uma Cidade para Todos. Com ilustrações de Catarina Sobral e fotografia (capa/ensaio fotográfico) de Luísa Ferreira, o livro editado pela Página a Página não se limita a um olhar contemplativo da cidade, mas apresenta propostas concretas para o futuro da cidade em que os 52 autores se revêem. Esse foi o repto lançado no convite, sublinha o vereador do PCP na Câmara Municipal de Lisboa e candidato da CDU nas próximas eleições autárquicas, salvaguardando, tal como fez no desafio proposto aos autores, que o objectivo não era obter um programa eleitoral, mas antes um instrumento de trabalho. «É um livro que quer intervir na transformação da cidade. Isso era um objectivo que foi conseguido, é uma das mais-valias do livro. Não sendo um programa eleitoral, que não é, tem propostas concretas em várias áreas de transformação da cidade para a cidade que precisamos», disse ao AbrilAbril.

«A experiência SAAL em Lisboa e o essencial para 2050», assinado pelo arquitecto e investigador Ricardo Santos, é um desses exemplos. O autor aborda aspectos do programa habitacional surgido após a Revolução dos Cravos – Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL) – por entender que era importante retomá-los, do ponto de vista do planeamento da cidade futuro, e que têm a ver, sobretudo, com a participação e o envolvimento das pessoas: a cidade «sonhada pela maioria dos moradores».
As desigualdades sociais e as diversas exclusões são, a par das contradições que atravessam a cidade, questões abordadas na obra, onde encontramos textos de, por exemplo, Ana Margarida de Carvalho, Alexandre Marvão, Flávio Almada (LBC), Leonor Moniz Pereira, Nuno Ramos de Almeida, Tiago Mota Saraiva e Rita Lello. Onde o investigador Frederico Lopes e os professores Rita Cordovil e Carlos Neto apelam a que, no próximo quarto de século, a cidade de Lisboa se torne «mais amiga das crianças», através de políticas capazes de integrar e reafirmar o lugar dos mais novos e o direito a brincar no espaço público. Certos de que uma cidade boa para as crianças é uma cidade saudável para todos, designadamente para as pessoas mais idosas e com mobilidade reduzida.
Feito o diagnóstico e apontados os caminhos para uma nova cidade, falta agora construí-la. Mas esse, alerta João Ferreira, «é outro desafio». Depois da apresentação de Lisboa, Horizontes de Transformação – Uma Cidade para Todos, está a ser delineado um programa de conversas/debates sectoriais sobre o conteúdo do livro, em datas a anunciar.
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