Manuel António Tavares Pereira (Tony ou Xuaty, como era mais conhecido) morreu no dia 20 de Junho de 2002, com apenas 24 anos. Foi atingido com duas balas de borracha, disparadas à queima-roupa contra o seu peito, durante uma intervenção policial no bairro da Bela Vista, enquanto preparava uma festa na Associação Cristã da Mocidade.
O assassinato de Xuaty marcou o início de um período de grande desconfiança na acção das forças políciais no bairro. Desde essa primeira morte, em 2002, vários outros jovens morreram na sequência de perseguições policiais em que as forças de segurança acabaram por nunca ser responsabilizadas.
O agente que disparou contra Xuaty foi absolvido em tribunal, tendo-lhe apenas sido aplicada uma pena de 225 dias de suspensão, pela Inspecção-Geral da Administração Interna. A justiça exigida pelas centenas de pessoas que acorreram ao funeral do jovem não se concretizou.
«Manuel António Tavares Pereira é lembrado com carinho por todos aqueles que conheceram o seu olhar», afirma, em comunicado, a Frente Anti-Racista (FAR). Xuaty «era membro do Centro Cultural Africano há 5 anos e fez até ao dia da sua morte, voluntariado com crianças em risco. O Tony era um amante de música tradicional africana e fez parte de um dos grupos existentes da altura. O Tony tinha o mundo dentro dele, e por isso criou um projecto com o nome "Viver a Diversidade"».
«Todos diferentes, todos iguais [príncipio basilar da FAR], era um lema que o Tony abraçava». Dia 17 de Julho, pelas 15h, vai ser «celebrado o amor, a paz e a união» em cada rua e em cada esquina da Bela Vista, porque nesse dia, «em cada esquina e em cada rua vai renascer um Tony».
A homenagem é organizada pela Frente Anti-Racista, em conjunto com a família e amigos do Xuaty.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui