O acto, repleto de simbolismo, decorreu esta segunda-feira na Ponte Internacional Simón Bolívar, que liga Cúcuta, na Colômbia, a San Antonio del Táchira, na Venezuela. Autoridades dos dois países sul-americanos deixaram oficialmente aberta a fronteira, com autorização para passagem de peões e veículos.
Numa conferência de imprensa subsequente ao acto, na região fronteiriça do estado venezuelano de Táchira, o ministro dos Transportes, Ramón Velásquez Araguayán, expressou a satisfação das autoridades do seu país com a abertura da fronteira com a Colômbia.
Nas imediações da cidade fronteiriça de Cúcuta, capital do departamento colombiano de Norte de Santander, Velásquez transmitiu uma mensagem do presidente Gustavo Petro ao seu homólogo Nicolás Maduro, repleta fraternidade e de desejo de fortalecimento das relações bilaterais.
Citou ainda uma mensagem do presidente da Venezuela no Twitter, na qual este sublinha que «estão a ser dados passos firmes para avançar na abertura total» da «fronteira entre povos irmãos: Colômbia e Venezuela» e qualifica o dia de ontem como «histórico e transcendental».
Algumas horas mais tarde, o presidente da República da Venezuela reafirmou o carácter «indubitavelmente histórico» da reabertura, na medida em que «marca o começo de uma etapa de relações de irmandade, respeito e Paz».
O titular da pasta dos Transportes, que liderou a delegação venezuelana participante no acto protocolar, disse ainda que, a partir desta segunda-feira, também estão abertos os postos fronteiriços nos estados de Zulia e Apure, refere a VTV.
A reabertura oficial, depois de sete anos de restrições e encerramentos, materializou-se com dois camiões venezuelanos, carregados com alumínio, a seguirem para o país vizinho, e quatro colombianos, com diversos produtos, a atravessarem a ponte para território venezuelano.
«Esperamos que as fronteiras nunca mais sejam encerradas, que apenas sejam uma linha imaginária, que esta relação seja permanente e para a história», disse ainda Velásquez Araguayán, destacando que o Libertador Simón Bolívar e o «comandante eterno» Hugo Chávez estariam cheios de alegria por este facto.
Recorde-se que Caracas e Bogotá romperam relações diplomáticas em Fevereiro de 2019, depois de a Venezuela ter denunciado «reiteradas agressões provenientes do país vizinho» e no contexto dos graves acontecimentos ocorridos no estado de Táchira, ligados à tentativa fracassada da oposição, então liderada pelo autoproclamado Juan Guaidó, de fazer entrar uma suposta «ajuda humanitária» com apoio das autoridades de Bogotá e dos EUA.
Os dois estados vizinhos só restabeleceram formalmente relações diplomáticas a 28 de Agosto último, com a chegada a Caracas do embaixador colombiano, Armando Benedetti, que entregou as suas credenciais a Nicolás Maduro no dia seguinte. Félix Plasencia, embaixador da Venezuela, fez o mesmo perante Gustavo Petro a 7 de Setembro.
«Um dia histórico para o país, para América do Sul, para a América em geral»
Numa breve intervenção, no acto protocolar na Ponte Internacional Simón Bolívar, Gustavo Petro destacou a importância de reactivar o comércio e as relações entre os dois países irmãos, e defendeu a integração sul-americana.
«Hoje é um dia histórico para a região, para o país, para América do Sul, para a América em geral», disse o chefe de Estado na presença da população e das autoridades de ambos os países.
Petro defendeu que a globalização é antes de mais uma relação entre populações vizinhas. «Qualquer um que afira os fluxos de comércio internacional, culturais, de populações verá sempre que a maior parte se realiza entre vizinhos», disse, citado pela VTV.
Defendendo a aposta na integração continental – da Guiana à Patagónia –, o presidente colombiano disse ainda esperar que os primeiros beneficiados com a abertura sejam as pessoas que vivem em ambos os lados da fronteira e que estavam à mercê de grupos criminosos e funcionários por vezes corruptos.
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