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Terrorismo imperial: modo de agir

Washington criou, durante a Primavera que agora termina, uma Task Force operacional exclusivamente destinada a prolongar o martírio sírio, até que seja possível «derrubar Assad» – confessam os altos quadros envolvidos.

Kobani, Síria
Kobani, SíriaCréditosStringer / EPA

No início de Maio começaram a chegar às bases militares turcas de Inçirlik – ocupada pela NATO – e de Hisfani algumas armas electrónicas norte-americanas da geração mais recente, com destino aos contingentes de terroristas «moderados» que os serviços militares e de espionagem dos Estados Unidos estão a preparar para reactivar a guerra contra a Síria.

Washington criou, durante a Primavera que agora termina, uma Task Force operacional exclusivamente destinada a prolongar o martírio sírio, até que seja possível «derrubar Assad» – confessam os altos quadros envolvidos.

A multifacetada operação, que envolve uma nutrida elite de meios humanos e tecnológicos, foi montada enquanto o mundo se entretinha com o «há ou não há» da cimeira entre os principais dirigentes dos Estados Unidos e da Coreia do Norte; e passou ao terreno enquanto o mesmo mundo tece agora loas aos supostos êxitos da reunião – aparentemente surpreendentes, mas carecendo ainda de um confronto sério com a realidade dos factos e da situação.

A denominada Combined Joint Interagency Task Force – Syria (CJITF), uma concentração de esforços orientados contra a Síria, envolvendo quadros de todas as agências de espionagem e da planificação terrorista norte-americanas, incluindo a CIA, a DIA (Defense Intelligence Agency), a NSA (Agência de Segurança Nacional) e a INSCOM (militar), já se encontra plenamente operacional e aplicando uma estratégia terrorista que, explicam os mentores, procura evitar importantes «falhas» cometidas nas invasões do Afeganistão e do Iraque.

Por exemplo, a opção de criar forças armadas de raiz nos dois países; e o método de recrutamento de mercenários para organizações criminosas baptizadas com uma miríade de designações – porém unificadas sob o conceito absurdo de «terrorismo moderado».

Nesse sentido, os «analistas de contra-terrorismo» de várias agências em comissão de serviço na CJITF têm como tarefa essencial passar ao raio X o recrutamento de mercenários encarregados de dar novo alento ao Exército Livre da Síria (FSA na sigla anglo-saxónica), uma das entidades usadas para encobrir a invasão do território sírio pelas principais potências da NATO.

A realidade, apesar de muito distorcida pela comunicação social de amplo consumo, tem sido pródiga em demonstrar que os «moderados» – operacionalmente insignificantes no terreno – funcionam apenas como uma escala no caminho seguido pelo apoio militar da NATO até aos grupos que sustentam a invasão da Síria, principalmente a Al-Qaida e o ISIS ou Estado Islâmico, este actualmente em menor escala.

No entanto, e a propósito, aqui se recorda uma declaração recente do porta-voz do Ministério russo da Defesa, segundo a qual as «bolsas» de criminosos do Daesh que ainda existem em solo sírio estão activas em áreas controladas pelos Estados Unidos, país que as usa na estratégia imperial como se fossem contingentes do seu exército de agressão.

As escolhas dos mercenários – «islamitas» e «seculares» – que constituirão os novos efectivos «moderados» do FSA passam agora, forçosamente, pelo crivo de uma minúscula célula multiagências formada por uma dezena de super-espiões com acesso a todas as bases de dados alegadamente vocacionadas para o «combate  ao terrorismo», a principal das quais é escandalosa e mundialmente conhecida: Proton ou CrissCross.

Em seu tempo, foi exposta por Edward Snowden como um assalto aos dados e metadados de telemóveis de cidadãos em todo o mundo – sem excluir dirigentes de países «amigos e aliados», como a França e a Alemanha. Outra das bases de dados ao alcance desta célula de agressão é a Terrorist Identities Datamart Environment (TIDE), reunindo milhões de nomes sob a alçada do «Centro Nacional contra o Terrorismo» (NCTC).

Os serviços secretos da Turquia (MIT), e também da Arábia Saudita, têm uma espécie de direito de veto sobre nomes inseridos nas listas de recrutamento; porém, na prática, não dispõem de capacidade, nem meios, nem tempo para proceder a um escrutínio tão minucioso como o efectuado pela CJITF.

As listas de mercenários seguem depois para o general Michael Nagata, chefe operacional do Comando de Operações Especiais dos Estados Unidos para o Médio Oriente (USSOCOM), de modo a que os novos recrutas sejam submetidos aos treinos de formação – confirmando-se assim a sua inserção estratégica no aparelho militar norte-americano.

E chegam as armas de última geração...

Paralelamente ao processo de recrutamento e formação dos renovados bandos terroristas a injectar na Síria decorre a distribuição de armamento e respectiva formação aos potenciais utilizadores, nas bases acima citadas e também num campo mais restrito criado para o efeito na Jordânia.

Entre as armas seleccionadas  para uso terrorista, o protagonismo cabe aos sistemas de detecção, através do recurso a algoritmos, de alvos a abater mesmo no caso em que haja perturbação de comunicações, por exemplo entre drones e os seus pilotos remotos. Os novos engenhos pretendem ser uma resposta às capacidades electrónicas utilizadas, com sucesso, pelo aparelho militar russo para «cegar» as comunicações da NATO.

Um êxito que provocou o conhecido fiasco de numerosos mísseis de cruzeiro lançados em Março contra a Síria por aviões norte-americanos, franceses e ingleses.

Os novos sistemas são uma criação da DARPA, a agência de projectos avançados do Departamento da Defesa norte-americano. Os responsáveis afirmam que os engenhos permitem a analistas de inteligência artificial acompanhar, em tempo real, as movimentações de alvos humanos e veículos de modo a que não «desapareçam» das miras se houver corte de comunicações.

Os prováveis movimentos dos alvos continuarão então a ser seguidos, com recurso a cálculos algorítmicos, até serem re-identificados. O general Raymond Thomas, comandante em chefe do USSOCOM, garantiu em Abril último que os novos sistemas tornarão as ofensivas muito mais eficazes, porque não ficarão à mercê de sofisticados engenhos usados pela Rússia e outras nações.

São estes os equipamentos em que estão a ser treinados os terroristas de nova geração para a guerra imperial contra a Síria. Geração nova de efectivos a integrar sob velhas designações – que não apenas a do Exército Livre da Síria. É o caso do Jaish al-Islam, bando apadrinhado pela família mafiosa Alluche e associado à al-Qaida, que durante o período de opressão «islâmica» exercido em Ghuta e Duma se distinguiu por obrigar presos políticos a permanecer em gaiolas colocadas sobre telhados durante os bombardeamentos das forças regulares sírias; e por lançar homossexuais desses mesmos telhados.

«Não tarda pois, talvez ainda em pleno Mundial de Futebol na Rússia – até agora sobrevivente a várias tentativas de boicote – que os telejornais de todos os matizes e lugares sejam abastecidos com renovados "levantamentos" da "oposição armada" síria para se ver livre, de uma vez por todas, do "tirano de Damasco".»

O grupo tem sido dirigido por oficiais sauditas, tal como o Ahrar al-Sham, ambos coligados sob a tutela da al-Qaida, apesar da «insistência» de Riade para que cortem esses laços.

Também a Frente al-Nusra, heterónimo da al-Qaida, acabará por ser contemplada com os novos sistemas de norte-americanos de excelência, uma vez que a Turquia – país que exerce a sua tutela, a par do Qatar – está intimamente associado à nova estratégia de guerra imperial contra a Síria.

Ao mesmo tempo, em mais uma componente paralela de conspiração e agressão, a DIA mantém em funcionamento o Obsidian Solution Group (OSG), na Virgínia, entidade através da qual monitoriza as actividades da comunidade de serviços secretos de Damasco, civis e militares, incluindo os da Força Aérea, considerados os melhor equipados e dotados.

O OGS é uma sociedade público-privada – modalidade muito em voga – na qual a NSA participa com o departamento técnico de espionagem (SIGINT) e a CIA contribui com meios humanos através do HUMINT.

Resta acrescentar que a DIA gere este processo recorrendo já ao seu recém-criado serviço clandestino (DCS), formado por 500 agentes sob a direcção de Vincent Stuart. A demora na entrada em funcionamento pleno deveu-se a uma crise ciúmes provocada pela CIA, muito ciosa esta do seu serviço também clandestino (SSCI), actualmente dirigido por Celian Hanley, depois das funções executivas que desempenhou na espionagem da Marinha.

Com ou sem desavenças, os serviços clandestinos da DIA (Defesa) e da CIA (Departamento de Estado) convergem agora nas três principais áreas conspirativas e de agressão norte-americanas: Ucrânia e Rússia, Médio Oriente e China. Também por isso, as euforias que continuam a chegar da cimeira de Singapura devem ser geridas com todas e mais algumas cautelas.

Não tarda pois, talvez ainda em pleno Mundial de Futebol na Rússia – até agora sobrevivente a várias tentativas de boicote – que os telejornais de todos os matizes e lugares sejam abastecidos com renovados «levantamentos» da «oposição armada» síria para se ver livre, de uma vez por todas, do «tirano de Damasco». Se assim for, ao menos identificaremos imediatamente as fontes de onde escorre uma tão persistente ira, a que chamam democrática.

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